Imagem de BlazBlue: Calamity Trigger
Imagem de BlazBlue: Calamity Trigger

BlazBlue: Calamity Trigger

Nota do Voxel
89

O sucessor espiritual de Guilty Gear se mostra à altura do desafio!

Hakumen, um cara estranho A franquia Guilty Gear – da mesma criadora de Blazblue – era conhecida pelos personagens mais do que estranhos que compunham o quadro de lutadores disponíveis. Agora a coisa não é diferente, e este sucessor espiritual da série traz de volta os mesmos elementos que agradavam os fãs, enquanto constrói uma experiência de luta em 2D extremamente sólida.

Embora a ambientação seja completamente nova, assim como os personagens, a sensação ainda é a mesma. Embora pareça uma confusão sem tamanho no início – especialmente para novatos e aqueles que não jogaram Guilty Gear -  devendo o jogador passar várias horas se acostumando com o game, quando isso acontece a ação fica muito mais compreensível e divertida.

Personalidade

Como este é um jogo de luta em 2D, a ação é a parte essencial do título, sendo que tudo o mais é acessório. Se a experiência dentro dos combates é boa, um jogo deste gênero será bom – caso contrário, será esquecido. No entanto, Blazblue possui muitas outras opções para ignorar a quantidade de conteúdo adicional existente.

Correndo o risco de parecer redundante, comecemos pelo início. Blazblue traz doze personagens no total, sendo que dez possuem um modo história disponível logo no começo – e mais, todos estão interligados de alguma forma. O principal é Ragna, um cidadão que carrega uma espada enorme e parece ser um criminoso.

Ragna, um cara importante

Como sabemos disso? Porque existem cinco modos de jogo – fora o de treinamento – neste game: um modo história, como já mencionamos acima; um modo arcade, em que o jogador enfrenta outros 10 personagens em sequência; um modo chamado de Network, para jogar online contra outras pessoas; um modo Versus local; e o Score Attack, no qual o objetivo é fazer mais pontos do que o computador.

Quase todos eles são bastante auto-explicativos, então iremos nos focar no que não é: o modo Story. Aqui, o que se vê é basicamente uma trama que revela a personalidade de cada um dos lutadores e suas motivações – a história total só é desvendada após a maior parte dos pedaços serem destravados.

Aqui pudemos constatar um dos pontos fracos do game. As aventuras são contadas através de frases escritas na tela sobre uma imagem de fundo, sendo que existem telas de “loading” sempre que estas imagens se alternam – o que resulta em inúmeras esperas, mesmo que breves. Embora exista diálogo e as vozes do personagem recitem o que está escrito, é um tanto quanto entediante.

Jin, um irmão nada exemplar Ao menos conseguimos desprender que existiu um conflito e uma facção agora controla o uso de um determinado poder, chamado de Armagus. Todos os personagens se inserem neste contexto, e Ragna é um criminoso que busca destruir a seita dominante – ao mesmo tempo em que resolve seus conflitos com seu irmão Jin, com o qual frequentemente se bate.

Os visuais todos deste modo história são em um estilo de animê, o que já deve dividir imediatamente o público entre os que apreciam ou não este gênero de mídia. Seja como for, completar as diversas partes deste modo de jogo destrava outros elementos do título, então os que querem desfrutar de toda a experiência deverão inevitavelmente passar por ele.

Algumas das interações entre os diferentes personagens não fizeram muito sentido para nós, como quando Rachel acorda Ragna em um lugar não especificado, para em seguida lutar contra ele sem razão aparente. Da primeira vez que isto aconteceu, inclusive, nós perdemos a luta, e ouvimos um sonoro Game Over bem ao estilo arcade. Para retomar a aventura, tivemos que partir desde o último ponto salvo.

O cerne

Isto dito, passemos ao essencial do game – e de qualquer outro do gênero – os combates. Enquanto a apresentação do game de um modo geral, incluindo menus e telas de escolha de personagem, já são absurdamente extravagantes, a coisa ganha uma nova dimensão na hora das batalhas.

A primeira coisa que se repara é que existem múltiplas opções de cores para as roupas já espalhafatosas dos personagens, o que acrescenta uma variedade interessante se considerarmos o número limitado de lutadores. Após selecionar o desejado e o local onde se dará a luta, vêm ainda mais telas exibindo flashes de várias cores e desenhos.

Noel, uma militar nada convencional

Uma vez tudo carregado, um contador dirá “Rebel 1”, que representa o primeiro round, contará até três e a pancadaria tem início. Nossa equipe possuía experiência em termos de jogos de luta, mas nenhum de nós é o que se pode chamar de um jogador hardcore de games do gênero. Por isso, precisamos de algum tempo para nos adaptarmos ao que vimos.

Em primeiro lugar, o jogo é rápido. Muito rápido. A ação se desenrola como se estivéssemos em constante modo Turbo de jogo, sem a opção de algo mais lento. Ruim? Não, apenas um tanto quanto diferente daquilo que é visto nas franquias de maior nome, como Street Fighter. Logo percebemos isto e buscamos nos acostumar.

Vamos do início, mais uma vez. O game utiliza quatro botões básicos para os golpes, que combinados com o direcional resultam em ataques diferentes. Denominados A, B, C e D na tela de comandos – o que nos confundiu imensamente e tivemos que clicar em Key Settings para descobrir o que eram – eles podem ser combinados e representam botões diferentes no controle do console.

Eles vão em sentido horário partindo do quadrado do PS3: ataque fraco, ataque médio, ataque forte, e o chamado “Drive” quando chegamos ao X. Este último um golpe que depende de qual personagem você está usando, sendo que cada um possui uma característica diferente. Com ele, Ragna rouba vida do adversário, Jin congela seus oponentes, Noel inicia uma sequência de ataques com suas pistoles e Litchi maneja seu bastão.

Algo extremamente interessante é a particularidade de cada um dos personagens. Esta talvez seja, inclusive, a melhor característica deste game. Cada lutador possui movimentos únicos e pessoais, além de uma jogabilidade completamente personalizada. O que isto quer dizer? É difícil colocar em palavras, então vamos tentar exemplificar.

Vamos com Litchi, a lutadora que possui um bastão. Logo, seu arsenal utiliza todo o potencial desta arma. Com o X, você o coloca no chão ou o chama de volta a sua mão, sendo que os golpes que você pode utilizar dependem de onde ele está no momento. Isto dá a cada personagem um estilo de jogo único, no qual a única parte ruim é a de ter que aprender a jogar com cada um deles individualmente.

Golpes aéreos, golpes terrestres, agarrar e arremessar o oponente, bloquear rápido, bloquear com uma barreira, todos estes movimentos estão presentes e ajudam a fortalecer o aspecto extremamente profundo e ágil do game. Saber utilizar todas estas ferramentas na hora certa e na medida adequada são essenciais para o sucesso.

Carl, utilizando uma barreira

Um ponto de destaque é a existência de uma espécie de “golpe desesperado”. Ele interrompe qualquer ataque que esteja sendo desferido contra você, mesmo combos, e arremessa o oponente para longe. A desvantagem é que sua barra de barreira é zerada e você leva mais dano pelo restante daquele round. Para usar em situações desesperadas, mas pode mudar o rumo de uma luta.

Encaixar golpes é importante e os especiais ainda tiram uma enorme parte da vida de um lutador, mas não é tão absurdo quanto em outros títulos. É possível defender estes especiais e desviar deles, sendo que cabe muito mais ao atacante saber quando usar para que eles dêem certo – qualquer erro de cálculo pode ser fatal, já que serão usados em média duas ou três vezes por round.

Especiais que, inclusive, são bastante amigáveis com iniciantes. Existe a possibilidade – excluída dos jogos online que valem para o ranking – de utilizar o analógico direito para soltá-los com facilidade. Isto nivela de forma excelente a experiência de luta quando ela ocorre entre jogadores de níveis diferentes. Enquanto em outros títulos alguém que não saiba soltar especiais leva uma surra sem tamanho do oponente que sabe, aqui a coisa é muito mais justa.

Bom, bonito e ... maluco!

Kagutsuchi, uma cidade... padrão
A apresentação do jogo não deixa a desejar, para um game de luta em 2D. Os gráficos são muito bons e as animações são consistentes, especialmente se considerarmos a quantidade de efeitos que existem na tela a todo momento. Além disso, os cenários de fundo de cada batalha são temáticos e bem trabalhados, refletindo a personalidade de cada um dos personagens.

A trilha sonora se encaixa bem com a temática do game, embora seja aquela tradicional vista em títulos asiáticos com tendências de animê. A barulheira das lutas e dos golpes desferidos não enche a paciência e é alta o suficiente apenas para que o jogador saiba quais golpes encaixaram, quais foram bloqueados e quais passaram no vazio.

O modo online é bastante desenvolvido, com rankings e várias opções de luta para agradar a iniciantes e veteranos. Um sistema de ícones ajuda a determinar o ping das diversas salas para que você escolha aquela que é mais adequada a você.

A quantidade de elementos a serem destravados é imensa, os quais vão desde imagens e sons referentes à temática do game até golpes dos diferentes personagens. Isto faz com que você deva experimentar todos os aspectos do título com ao menos um personagem, se quiser jogar com ele completo. O fato de poder fazer isso com doze lutadores no total torna Blazblue um título extremamente durável, especialmente porque a particularidade dos lutadores torna a experiência nada repetitiva.

As características de cada personagem podem se revelar controversas, já que são bastante variadas. Existe um que é uma espécie de gosma com uma máscara, e outro que é um gigante lerdo. Enquanto certas pessoas apreciam esta diversidade, outras – como alguns membros de nossa equipe – acham estranho jogar com tais personagens desvairados.

De qualquer forma, o jogo é uma experiência de luta bastante sólida, e certamente vale a pena dar uma conferida. Se você não é fã do gênero, ou de animês, ou de personagens totalmente absurdos e esquisitos, talvez aprecie um pouco menos. Mas o que é inegável é que os combates em si são bastante divertidos, uma vez que tenhamos nos acostumado.

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