Imagem de Castlevania: Portrait of Ruin
Imagem de Castlevania: Portrait of Ruin

Castlevania: Portrait of Ruin

Nota do Voxel
79

Conde Drácula enfrenta novamente a fúria do artefato Vampire Killer.

Castlevania certamente é uma das poucas séries que conseguiu estabelecer uma tradição inimputável no gênero ação-plataforma. Apesar de algumas incursões no universo 3D, iniciado a partir de uma versão para o Nintendo 64, o charme da série reside na exploração 2d de enormes labirintos e pela ação interminável, onde bastam alguns pulos acrobáticos e monstrengos para serem fatiados para que jogador fique empolgado e não largue o console até a última fase.

Castlevania: Portraits of Ruin (CPR) é a segunda versão a estrear no portátil da Nintendo — o Nintendo DS — e consegue, com perfeição, transmitir o espírito da franquia Castlevania, com inúmeras fases, monstros, labirintos e uma mecânica de chefes que leva o jogador a diversos universos exóticos, cada um com um ambiente especial. Os controle e a “pegada” do DS respondem com precisão à agilidade que o jogo requer. O único porém, entretanto, fica por conta dos diálogos opacos e previsíveis, além de rivais caricatos e vazios. Nada disso, contudo, incomoda na maior parte da aventura, onde o que importa é a sensação de estar evoluindo um personagens com inúmeros itens mágicos e artefatos, derrotar inimigos diversos em um único castelo, tudo conforme o estilo de ação em plataforma 2D.

Um herói perturbado pelo passado


O enredo de Portraits of Ruin perpetua a saga do artefato Vampire Killer, originalmente pertencente à família Belmont, uma linhagem responsável por caçar vampiros — o famigerado Drácula, em especial. Esse item mágico consiste em um poderoso chicote, letal contra esses sangue-sugas. Porém, no caso de Portraits of Ruin, o portador do item é Johnattan Morris, personagem que não detém o conhecimento necessário para usar todo o poder do artefato. Seu pai, John Morris — último usuário que usou plenamente o item — não ensinou ao filho como usufruir dos poderes do chicote, na esperança de que o filho aprendesse a lutar sozinho, com forças, próprias, sem depender de tal aparato mágico.

Tal decisão, contudo, acabou provocando revolta no filho, fazendo-o adquirir uma repulsa, trauma e medo da memória do próprio pai. Diante disso, a personalidade de Johnattan será marcada por traços de rebeldia e infantilidade, o que faz dele um jovem forte, porém tolo e impetuoso. Essas características só não causam maiores confusões pois Morris conta com a ajuda de uma feiticeira jovem e atraente, Charlotte Aulin. Armada com diversos livros de magia, ela — além de combater os monstrons com Johnattan — ensina-o a ser mais paciente e lúcido, principalmente nos diálogos em que um poderoso inimigo está na frente da dupla e ao bom senso é exigido.

Aí reside um dos defeitos mais relevantes do jogo, principalmente para aqueles que estão tendo contado com a série pela primeira vez. A impressão é de que o jogador está controlando duas crianças bobas brincando com armas e magias, e não heróis verdadeiros e dignos do papel importante que cumprem na história: evitar a ascensão dos maléficos vampiros. Além disso, podemos dizer que a temática dark, a apresentação gráfica e a complexidade do sistema de inventário e magias não são adequados para crianças abaixo de 8 anos, faixa etária condizente com a forma que a trama é apresentada. O resultado disso é que, em todos os diálogos, o jogador sempre se lembra de que está apenas apertando botões e pulando obstáculos de forma mecânica, sem estar embasado por personagens com histórias ricas e cativantes.

A despeito de comentários críticos, basta que o jogador saiba que a dupla está sob a angústia da Segunda Guerra Mundial e deve explorar o castelo do Conde Drácula, agora habitado por um pintor lunático que pinta obras de arte amaldiçoadas. Contudo, antes de derrotar o Senhor dos Vampiros, o jogador deve entrar no universo particular de cada uma dessas criações artísticas e matar as aberrações dentro dela, criaturas feitas a partir das almas ceifadas na terrível Grande Guerra.

Johnattan e Charlotte, uma dupla que se complementa


A jogabilidade de Castlevania: Portraits of Ruin é bastante amigável e intuitiva. O jogador encontra um inimigo, ataca-o e se esquiva de possíveis ataques feitos por ele. As armas existentes no jogo geralmente possuem um alcance razoável e pegam em tudo o que está no caminho no momento do ataque. Parece simples, porém o desafio está em sincronizar essa esquiva, feitas com saltos ou com o passo ligeiro para trás (acessado com o botão L) em um cenário com vários inimigos vindos por todos os lados e projéteis voando caoticamente.

Para aumentar a quantidade de movimentos e a dinâmica do jogo, a Konami optou por manter o sistema de revezamento, já existente no predecessor, Dawn of Sorrow. Desde os primeiros instante do game, o jogador terá a sua disposição trocar de personagem, podendo-se escolher entre Johnattan ou a Charlotte. Ao contrário do que se possa imaginar, a pequena Charlotte não é tão frágil e fraca quanto poderia aparentar para alguns. Suas magias são poderosas e costumam ter um bom alcance, fazendo dela uma ótima opção quando existem muitos inimigos na tela. Algo curioso é a maneira como ela usa as armas; na verdade, seus ataques se dão sob a forma de livros que se abrem e projetam uma arma — uma espada por exemplo.

Ainda quanto a essa possibilidade de união de ataques e movimentos da dupla, a Konami decidiu dar e ensinar ao jogador, de maneira gradativa, tais golpes. Através de pequenos livros, denominados relíquias — encontrados no meio do jogo — é possível usar Johnattan e Charlotte ao mesmo tempo, fazer ataques simultâneos, empurrar objetos além desferir inúmeros golpes individuais poderosíssimos.Tudo isso através dos botões e do direcional.

As diversas funções do DS são usadas com parcimônia na maior parte dos casos. A Stylus tem seu uso limitado à insígnia que o jogador pode desenhar no começo do game. A tela superior do DS, por sua vez, fica limitada a apresentar o labirinto continuamente ou os atributos dos personagens.

Após algum tempo explorando o game, ter passado por alguns diálogos e experimentado alguns dos mundos fantásticos ocultos nos quadros do vampiro Brauner, o jogador irá notar que a mecânica do jogo não vai muito além de aprender novos golpes e acumular novas magias e armas. A dificuldade é mediana já que conforme os inimigos vão ficando mais fortes, os equipamentos encontrados acompanham o nível de desafio apresentado por eles.

Algo que pode agradar aqueles que possuem uma paciência elevada é a possibilidade de se aproveitar do reaparecimento infinito dos inimigos e das moedas liberadas pela quebra das luminárias. Ao fazer a transição entre as telas, todos os inimigos que estavam mortos naquele lugar reaparecem normalmente. Isso dá margem para que se passe de nível mais rapidamente e arrecadar algum dinheiro. Neste último caso, após algum tempo as moedas passam a valer apenas uma unidade, limitando um pouco o uso deste truque.

O que não ajuda muito é o fato de praticamente não existirem poções de cura durante o jogo. Juntando isso ao fato de que a morte ocasiona o game-over imediato, a dificuldade aumenta consideravelmente. A única maneira de adquirir esses itens de cura é comprando-os com um monge mercador que passeia tranquilamente pelo castelo. Aqui, cabe outra ressalva: o sistema de vendas dos itens sobressalentes é péssimo, já que não há uma indicação do que se está equipado e dos atributos de cada item do inventário. Com isso, o jogador irá constantemente vender o que não quer, devendo achar o item novamente ou adquirir pelos preços elevados do vendedor.

Os pontos de saves estão bem distribuídos e recuperam a vida e a mana do jogador, junto a esses locais, costumeiramente existem mini-salas com monolitos que permitem ao personagem se teletransportar até outro monolito já conhecido. Isso facilita bastante a exploração do enorme labirinto que é o castelo do Conde Drácula.

Visual e sonoridades familiares aos fãs da série

A apresentação visual pode decepcionar aqueles estão acostumados com o padrão 3D de texturas complexas e efeitos de luzes arrebatadores. Castlevania: Portraits of Ruin é simples e direto. Os gráficos variam de maneira substancial quando se viaja para o universo contido nas pinturas do vampiro Brauner. Ali, é possível transitar entre ambientes que lembram o Egito antigo e outros locais que simulam a mente de uma pessoa lunática, perturbada.

A trilha sonora, por sua vez, é repetitiva assim como os efeitos sonoros. Os gritos de ataques de Johnattan e Charlotte podem perfeitamente enjoar, especialmente aqueles são mais atentos ao aspecto sonoro dos games. O teor da trilha sonora é bastante animado e brilhante, lembrando bastante as melodias simples e estimulantes das antigas plataformas 16-bit.

Especial para Castlevaniamaníacos


Castlevania: Portraits of ruin consegue cativar de maneira razoável aqueles que não conhecem a série. A variedade de itens (mais de 150 monstros e 80 magias e habilidades especiais) realimenta constantemente o interesse pelo game. O mesmo vale para as várias opções que se tem com o uso conjunto dos dois personagens principais, assim como as quests e NPCs presentes no decorrer da história. Essas características são mais do que capazes de transformar a experiência satisfatória, divertida e despreocupada.

Para os fãs de Castlevania, Portraits of Ruin é indispensável, um título que agrega todas as virtudes na série no portátil da Nintendo. Porém, vale o aviso que, para os jogadores que não gostam de “upar” (subir de nível) os personagens e colecionar itens e são exigentes quanto ao enredo e à complexidade da jogabilidade, Castlevania não irá apresentar que lhe desperte o interesse.
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