Imagem de Condemned 2: Bloodshot
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Condemned 2: Bloodshot

Nota do Voxel
87

Violência a granel, litros de sangue coagulado e um protagonista ainda mais problemático.

Quem jogou Criminal Origins já sabe mais ou menos o que esperar da realidade de condemned: um pouco de jogo criminal com alguns bons puzzles (embora alguns meio deslocados) mas, principalmente, litros e litros de sangue pútrido espalhado por todas as partes do cenário como resultado de algumas das mais insanas, intensas e nojentas batalhas jamais vistas em um jogo de vídeo game. Para quem gosta desse tipo de clima, eis uma boa notícia: em Condemned 2: Bloodshot as coisas estão ainda mais cruas e explícitas (realmente).Além disso, quem gostou do tipo de puzzles trazido por Criminal Origins vai gostar de saber que as coisas estão um pouco mais complexas em Bloodshot, exigindo, de fato, um jogador bem mais pensante.

Um Ethan Thomas ainda mais bêbado e problemático

Um Ethan Thomas ainda mais problemático. Embora a história de Condemned 2 não esteja exatamente focada no problemático Ethan Thomas, os demônios pessoais do detetive ainda representam uma boa parcela... além de dar um tempero a mais no jogo. Não bastasse o fato de Thomas ainda padecer com as visões de uma espécie de realidade oculta, ainda há o seu acentuado problema com o alcoolismo (às vezes necessário até para mirar com uma arma). Some-se isso à existência de um passado sombrio, e o que se têm já no início é um Ethan Thomas mais exausto e amargo do que nunca jogado na sarjeta e bêbado.

Entretanto, o lúgubre boêmio é a única alternativa da Serial Crime Unit (SCU), que busca sua ajuda para desvendar a incontrolável onda de crimes que assola o metrô da cidade. Conforme as investigações vão se desenrolando, o detetive se vê em meio a uma intrincada rede de conspiração. Assim como acontece no universo de Silent Hill, Condemned traz uma interessante, tensa e tênue linha separando a realidade consensual de uma paranormal.

É verdade que a trama traz algumas pontas soltas aqui e ali, já que nem tudo se encaixa perfeitamente no contexto ou dá a impressão de ser realmente útil. Porém, de maneira geral, o que se têm é uma história rica e coesa. Além do que, como todo bom jogo do estilo, Condemned 2 lança mais dúvida do que esclarecimentos na cabeça do jogador, e uma série de fatos acabam ficando em aberto, o que faz supor, é claro, que a Monolith pretende tirar mais alguns trocados com a franquia no futuro.

Aquilo é uma mancha ou...

De fato, a imersão causada pelo confuso e angustiante universo de Condemned 2 é ainda mais intensa do que a do seu antecessor. Afora o fato do “status” do bom e velho Ethan Thomas corroborar grandemente para a criação de uma atmosfera absolutamente hostil, ainda há toda uma série de luzes, imagens, sons... enfim, tudo o que pode fazer um jogador mais impressionável desistir e buscar um jogo mais “light”.

Para aqueles que talvez tenham uma resistência um pouco maior, existe em Condemned 2 toda uma série de cenas, criaturas e informações magistralmente orquestradas para produzir no jogador uma tensão constante, graças à impressão de que alguma coisa pode acontecer a qualquer momento.

Nada como um ambiente favorável... Um dos fatores por trás desse contundente efeito é sem dúvida os visuais dos cenários, que transmitem sempre aquela inconfundível impressão de desalento que somente um grande centro urbano decadente é capaz de provocar. Desde o começo na sarjeta, passando por todo tipo de entulhos, entrando através de lojas e até mesmo de hospitais, a impressão que dá é mesmo de uma cidade afligida por um mal indizível. Some-se isso a dúzias de criatuas horrendas, à quase absoluta falta de uma fonte de luz decente e ao fato de se ter os constantes avisos (de uma forma bem criativa) de um personagem tão perturbador quanto o inimigo, e o que se tem é um clima de horror absolutamente primoroso e convincente.

Contudo, nada que não possa ser intensificado ainda mais por sons de metal destroçando carne, gritos, gemidos e, o que talvez seja o pior, alguns momentos de um silêncio mórbido. Os diálogos, vagos, imprecisos e sombrios ainda ajudam conduzindo uma história densa que sem dúvida deve prender qualquer fã de um bom horror psicológico.


Inúmeras maneiras de se espalhar sangue pútrido


Para destroçar toda sorte de abominações que infestam cada beco de Condemned 2, Ethan Thomas terá à sua disposição além dos seus dois punhos, toda uma série de armas comuns, incomuns e ocasionais. De maneira geral, o jogo traz um sem número de itens que acabam sendo armas em potencial para o detetive. Isso vai desde um pedaço de cano ou uma espada velha até uma muleta e um chifre de cervo.

E para aqueles que talvez estejam com a esperança de passar pelo jogo de “headshot” em “headshot”, fica o aviso: em Condemned 2 as armas de fogo continuam bem escassas. Porém, ao contrário do que se poderia pensar, isso não é, absolutamente, algo ruim, já que o clima do jogo realmente não combina com um tiroteio sem fim. A bem da verdade os próprios ambientes do jogo, escuros e claustrofóbicos, não favorecem em nada esse tipo de ação.




Entretanto, a coisa não se resume a sair espancando qualquer coisa que apareça... bom, não inteiramente. De fato, as batalhas sem armas ou com armas brancas possuem uma mecânica bastante variada e funcional. Já no início do jogo, são apresentadas algumas boas opções, tais como um golpe decisivo ou uma interessante seqüência de golpes baseada em botões de contexto. De forma geral, o que se percebe é um mecanismo de luta bem mais maduro do que o encontrado no primeiro jogo.


Porém, é mesmo com as armas do cenário que Condemned 2 consegue ultrapassar o seu antecessor em morbidez e violência. Em vários momentos, têm-se a oportunidade de agarrar um inimigo prostrado para, em seguida, conduzi-lo a algum lugar marcado por um crânio. Enquanto as coisas se resumem a enfiar a cabeça de um vagabundo em um tubo de televisão, arremessar um morto-vivo sobre um balcão ou atirar uma vítima nas chamas, pode-se dizer eu não há nada de realmente novo. Porém, quando o ambiente permite que se empale um inimigo ou mesmo se utilize uma prensa para esmagar uma cabeça... pode-se dizer que há, sim, um nível de violência quase sem precedentes. Não que esses atos já não tenham sido vistos antes, mas a Monolith deu a essas cenas um tal requinte que acaba sendo quase impossível, mesmo para os jogadores mais insensíveis, evitar de demonstrar um certo asco diante delas.

Um multiplayer um tanto desnecessário

Embora o modo “crime scene” traga alguma novidade e, talvez, alguns momentos de diversão, de forma geral, o multiplayer de Condemned 2 é, francamente, descartável. A bem da verdade, deve-se reconhecer que não se trata de um jogo com um bom potencial para batalhas multiplayer.

Mas, para quem quiser experimentar “crime scenes”, o modo traz duas equipes, a dos agentes da SCU e a dos “influenciados”. A idéia é que uma equipe esconda uma série de evidências através do cenário e que a outra tente encontrá-los. Pode não parecer, mas, de fato, o modo traz algo de “gato-e-rato” que acaba mesmo envolvendo.

Quem já gostou da atmosfera densa e opressora do primeiro Condemned, provavelmente vai considerar Bloodshot um deleite completo. Além acrescentar toda uma série de fatores dramáticos, o jogo ainda intensifica aquilo que foi iniciado no seu antecessor, e o que se vê no resultado final é um clima de horror com uma intensidade e uma originalidade que há muito tempo não marcavam presença na indústria de jogos. Talvez alguns títulos recentes do gênero tenham trazido um ou outro susto, mas uma atmosfera carregada de tensão com uma história coesa e cenas de ação memoráveis não é algo que se vê todo dia. Portanto, para os menos impressionáveis fãs do estilo, fica aí a dica.

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