Imagem de Crackdown
Imagem de Crackdown

Crackdown

Nota do Voxel
80

Quem nunca quis saltar entre prédios e detonar os inimigos como Neo em Matrix?

O estilo de jogo do aclamado Grand Theft Auto está virando gênero. É fato. Em época de migração para a nova geração de consoles, David Jones — um dos criadores da franquia GTA — presenteia os fãs de jogos de ação em terceira pessoa no Xbox 360 com o desenvolvimento de Crackdown, um jogo singular.

Com doses intensas de criminalidade e violência aliadas às acrobacias realizadas por Neo em Matrix, Crackdown eleva o patamar dos games de ação às alturas, literalmente. Isso porque, ao contrário do congênere, não possui uma cidade tão vasta em comprimento ou largura, porém adiciona uma altura vertiginosa, aspecto pouco explorado pelos games.

Diferente de GTA, em Crackdown você não é o bandido nem o rei do crime, mas sim a principal arma de combate contra a violência que tomou conta de Pacific City, uma cidade em que o nome é um mero banho de água fria. A cidade, em forma de três ilhas, está dominada por três gangues impiedosas. São elas: os latinos Los Muertos, a sociedade chinesa Shai-Gen e os russos Volk. Cada uma situa-se em uma das ilhas e controla sua região sem escrúpulos.

As aparências enganam em Pacific City.

A cidade que de pacífica só tem o nome

A Agência, instituição destinada a proteger Pacific City, pesquisou o trabalho do cientista Dr. Baltazar Czernenko (um ex-general dos Shai-Gen) para criar um programa de modificação do DNA humano para clonar soldados e criar agentes com superpoderes, os quais mais tarde seriam capazes de se regenerar e evoluir. Fique contente, pois você é um deles!

O objetivo é simples e claro: você precisa livrar a cidade do crime organizado a qualquer custo. Tarefa árdua? Com certeza, contudo vale lembrar que a morte não é nada para os agentes, você pode renascer como um novo clone a qualquer momento.

É exatamente o mesmo conceito vivido por Arnold Schwarzenegger no filme “O Sexto Dia”, misturando um pouco da representação dos filmes baseados nos quadrinhos de Frank Miller. Em suma, é violência gratuita com história em segundo plano e doses homeopáticas de ficção científica.

Cada uma das gangues possui diversos chefes espalhados pela cidade. Eles controlam os bairros e regiões, são escoltados por centenas de capangas e mantêm o fluxo da corrupção funcionando perfeitamente.

Prevendo o caos iminente capaz de destruir Pacific City, a Agência instalou-se no centro das três ilhas e ergueu um edifício moderno com todo o avanço tecnológico necessário para você desmembrar os grupos de malfeitores e restaurar a paz.

Chame o seu melhor amigo para combater o crime

No modo Campanha (Campaign), o principal do jogo, você pode optar por lutar sozinho contra todos os chefões do crime ou, quem sabe, pedir uma mãozinha para os seus amigos na Live, jogando em modo cooperativo. Aqui se deve colocar em destaque realmente os amigos, visto que o sistema de busca de jogadores aleatórios em Crackdown é terrível, para não se dizer horripilante.

O jogo lista qualquer pessoa que estiver conectada na Live jogando Crackdown, até mesmo aquelas que não querem jogar online em dupla. Embora existam vários filtros, praticamente ninguém aceita os seus convites. Além disso, a busca por jogadores é extremamente lenta e você acaba passando raiva porque não há salas. Enfim, vale a pena somente para quem possui contatos com o jogo na lista de amigos da Live.

Selecionando o modelo de um agente, você entra nos estabelecimentos da Agência e prepara-se para combater a criminalidade. É possível escolher entre três veículos, inicia-se então a guerra contra os Los Muertos. Basta entrar num deles e pisar fundo para prosseguir pelo subterrâneo até chegar à primeira ilha.

O todo-poderoso do serviço especial

Os primeiros quinze ou trinta minutos são os piores de todo o game, tudo por causa dos seus poderes, bastante limitados. À primeira vista, Crackdown é confuso, quem nunca jogou provavelmente acaba desistindo e não vai adiante. Mas mal sabe o que está perdendo!

São cinco habilidades diferentes que devem ser desenvolvidas: agilidade, direção, força, explosivos e armas. Como você inicia dirigindo, é visível que o personagem não consegue domar a máquina e acaba fazendo várias barbeiragens. Na medida em que você atropela membros de gangues e realiza acrobacias com o carro, o agente ganha pontos.

Como nas outras habilidades, se você somar 100 pontos, o protagonista sobe de nível e assim pode efetivar novas ações. No caso da direção, o controle do carro fica mais macio e, se ele for um dos três carros policiais, recebe um upgrade que o deixa mais rápido, além de modificar a lataria e incrementar novidades ao veículo.

Cada habilidade tem quatro níveis e quanto mais se progride, mais divertido se torna o jogo. Por exemplo, ao conquistar pontos em explosivos e armas, o dano causado aos inimigos é mais eficiente. Subindo a força do personagem, você pode dar golpes capazes de fazer os ladrões voarem por vários metros, levantar carros ou caminhões e detonar os inimigos com um simples soco ou chute.

Somadas, todas as habilidades fornecem maior capacidade de sobrevivência para o agente, aumentando a sua barra de energia para que ele agüente o tranco contra os crápulas da sociedade.

Uma mistura da pesada: Homem-Aranha + Neo de Matrix

O que faz de Crackdown original é a habilidade de agilidade, responsável pelos saltos enormes que o agente pode conseguir. Para aumentar a agilidade, você deve explorar todo o cenário em busca das orbs, esferas esverdeadas com diferentes níveis de pontos. Qualquer super-herói morreria de inveja do poder que tais orbs podem fornecer; você começa a escalar prédios e em pouco tempo está saltando entre eles, no maior estilo da trilogia Matrix.

As orbs estão espalhadas por todo o cenário, totalizando 500 esferas diferentes, cabendo a você buscá-las em casas, parques, fábricas, postos e edifícios. Quanto mais subir sua agilidade, mais prédios você pode escalar para procurar as orbs. Há também cerca de 300 esferas especiais, que aumentam todos os atributos.

Assim como a vontade de subir de nível nos RPGs, a busca pelas esferas do poder prende o jogador, visto que é empolgante dar saltos sensacionais, todavia este fato também torna o jogo um pouco enfadonho quando faltam poucas orbs para se coletar.

Guerra incessante contra os facínoras da sociedade

Os vilões sempre foram determinantes para o enredo de filmes ou livros. Em Crackdown não poderia ser diferente, Pacific City está sitiada por gangues e, como toda facção organizada, cada uma possui vários líderes que controlam o reinado do crime.

Eis então a principal meta do jogador: detonar os 21 chefões. Um sensor no mapa avisa o jogador quando ele está próximo dos poderosos, exibindo todos os inimigos. Os chefões sempre estão rodeados por capangas, o que exige a evolução do personagem. Definitivamente, os combates com os reis do crime são os mais empolgantes de todo o jogo. Entretanto, este acaba sendo a faca de duas pontas do game, pois o jogo de fato é muito curto!

No começo é até difícil aumentar as habilidades do personagem, mas nada que poucas horas não o tornem praticamente imortal. Desta forma, é possível finalizar Crackdown em um ou dois dias. Uma pena.

No arsenal de armas, você contará com várias metralhadoras, pistolas, granadas, lança-foguetes e um lança-granadas. Tudo para erradicar de vez os criminosos desalmados da comunidade. E você pode trocá-las nos checkpoints, locais onde é possível salvar o jogo. Para ativá-los, basta encontrá-los e ficar sobre eles. São vários checkpoints espalhados pela cidade, a grande maioria no topo dos prédios. Outra utilidade deles é o teletransporte, no qual é permitido se locomover entre qualquer checkpoint ativado no mapa.

Entre os objetivos secundários estão corridas a pé ou de carro — ambas contra o tempo. Há também trilhas onde você deve capturar orbs. São desafios burocráticos e que não estendem muito as horas de jogo, no entanto agradam os jogadores novatos, os quais terão de suar a camisa para conquistá-los.

Saltos mortais nas beiradas de concreto

Escalar arranha-céus é perigoso e qualquer imperfeição na jogabilidade poderia irritar os jogadores mais ávidos. É neste ponto que o sistema de câmeras do jogo se destaca, funcionando perfeitamente nos momentos mais sufocantes. Já a mira automática pode ser considerada eficiente até demais, o que torna o jogo muito fácil.

A sensação de controlar os carros só é estranha nos primeiros níveis, pois logo depois você já está fazendo um caos na cidade. Mas vale um aviso: maltratar civis, de qualquer maneira, resulta em queda dos pontos das habilidades! Ao nadar pelos mares que rodeiam Pacific City, você notará que pode dar saltos incríveis até mesmo dentro da água, fator importante para economizar o tempo em que o agente ficaria simplesmente nadando de um lugar para o outro.

Por fim, a jogabilidade de Crackdown é excelente: a movimentação do herói é boa, a câmera é agradável e os saltos descomunais fazem você ficar preso por algumas horas em frente à televisão. É bem verdade que o começo do jogo é um pouco entediante, mas depois de evoluir o seu herói a adrenalina é constante.

Inimigos com disfunção cerebral, literalmente

Os gráficos de Crackdown abusam do estilo cartoon através da tecnologia Cel-Shaded, a qual ambienta o jogo como se você estivesse numa espécie de história em quadrinhos. Por causa disso, muitas das imperfeições gráficas são camufladas. Os efeitos de explosões na tela são muito bons, principalmente quando os corpos dos inimigos voam pelos ares depois de um tiro de lança-granadas.

A inteligência artificial fica devendo... Demais. Em diversos locais os inimigos não conseguem visualizar o algoz do crime, e não fazem nada para correr atrás dele. Se o herói estiver a uma distância considerável, os bandidos nem se movem para tentar aniquilá-lo, o que dá uma vantagem imensa ao jogador. Embora existam três níveis de dificuldade, a inteligência não se altera, os criminosos ficam apenas apelativos. O conjunto de áudio — efeitos sonoros e a trilha musical — também não surpreendem, mas não fazem feio. A sonoplastia basicamente enfoca as explosões, tiros e todos os elementos que os filmes e jogos de ação possuem, nada mais que isso.

Há ainda alguns pacotes para download na Live (alguns pagos e outros gratuitos), no qual você pode adquirir novos modos de jogo, como corridas pela cidade disputadas por diversos veículos. Vale ressaltar a adaptação da história principal, que através de uma atualização permite reviver todos os chefes mortos para tentar, em vão, garantir algumas horas a mais de jogo.

É uma ótima aquisição, mas está longe de ser imbatível

Crackdown, num primeiro momento, chamou a atenção apenas por causa da versão Beta de Halo 3, incluída no disco do jogo e liberada por alguns dias nos meses de maio e junho. Mesmo assim, pode garantir o seu lugar na prateleira dos jogadores mais exigentes também pelo lado da diversão.

A jogabilidade do personagem é ótima, você pode se agarrar e dependurar pelos hotéis, casas, restaurantes, arranha-céus etc. As gangues têm temperamentos diferentes e cada uma possui um arsenal bélico distinto — além de nível de dificuldade. As telas de carregamento quase inexistem, aparecem apenas ao morrer ou carregar um checkpoint. Ponto bastante positivo para a equipe de desenvolvimento!

Crackdown acaba se enquadrando mais como um jogo mais de plataforma do que de ação propriamente dito, mas as habilidades do herói e a altura vertiginosa da cidade inovam o gênero e trazem boas alegrias para os jogadores mais novatos.

Infelizmente, faltam enredo e missões empolgantes, visto que o jogo se resume a matar e matar. A possibilidade de jogo em dupla no modo Campanha na Live é um grande atrativo, mas o sistema de busca por parceiros é um desastre. O que mais pesa no equilíbrio do game é o tempo de jogo, que é extremamente curto.

Por fim, embora Crackdown seja muito fácil de terminar, o jogador é compensado com saltos descomunais, gravidade anormal e a força inimaginável dos personagens. Uma ótima aquisição para os usuários do Xbox 360.
Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.