Imagem de Dishonored: Death of the Outsider
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Dishonored: Death of the Outsider

Nota do Voxel
85

Dishonored: Death of the Outsider encerra com louvor a Era Kaldwin

Vendido totalmente à parte de Dishonored 2Death of the Outsider é um DLC que, na prática, exige muito conhecimento do game completo para funcionar corretamente. Embora mecanicamente essa aventura secundária se sustente muito bem, para entender sua trama é preciso ter jogado — ou ao menos ser familiarizado de certa forma — com a saga de Emily Caldween e Corvo Attano.

Seu objetivo aqui não é exatamente realizar o que se entende como uma “vingança” convencional, mas sim acabar com as manipulações do Estranho, a entidade ligada ao Vazio que é responsável direta e indiretamente pelos eventos que trouxeram o caos ao Império. Você assume o controle de Billie Lurk (também conhecida como Megan Foster), que deve encontrar maneiras de encontrar e acabar de vez com essa entidade.

Os diferentes passos necessários para cumprir essa tarefa são divididos em cinco fases repletas de lugares para se esconder, guardas prontos para acabar com sua vida e diversas relíquias escondidas — algo já padrão para a série. No entanto, o DLC perde muito ao tirar qualquer espécie de escolha moral e ao eliminar o sistema de mortes e punições inventivas vistas nos games que o antecessaram.

O início de um novo capítulo

Dishonored: Death of the Outsider não é exatamente recomendado para quem deseja entrar agora no universo de Dishonored. Isso porque, para entender sua história e as motivações pelas quais Billie pretende eliminar o Outsider, é preciso ter um bom conhecimento prévio do que aconteceu nesse universo.

Dishonored

Você até vai conseguir sacar a relação entre ela e Daud, bem como obter um resumo breve dos acontecimentos anteriores, mas não há informações suficientes aqui para entender todos os jogos políticos e acontecimentos trágicos relacionados à entidade do Vazio. Dá até para ignorar tudo isso e se divertir, mas isso implica perder um pouco do entendimento desse universo tão bem construído pelo estúdio Arkane.

Death of the Outsider não é exatamente o fim da série em si

Sem entrar em spoilers, Death of the Outsider não é exatamente o fim da série em si, mas marca um ponto de transição bastante importante para ela. O que acontece aqui permite que a desenvolvedora crie capítulos posteriores com regras bastante diferentes, fugindo um pouco das amarras que ela criou para si própria.

Confesso: senti falta da presença de figuras marcantes como os alvos presentes em Dishonored e sua sequência, mas, em geral, a trama mantém o mesmo nível de competência vista anteriormente. Só não se deixe enganar: mesmo vendido de forma separada de Dishonored 2, o DLC funciona muito melhor quando você jogou o game anteriormente.

Poderes novos, mas limitados

Ao contrário do que acontece nas aventuras estrelas por Corvo e Emily, Death of the Outsider não possui uma seleção muito vasta de poderes ou ferramentas. Desde o começo, o jogador conta com somente três habilidades: “displace”, que permite se teleportar, “foresight”, que congela o tempo enquanto você analisa o mundo a seu redor e “semblance”, que permite assumir o rosto de qualquer NPC durante tempo limitado.

Dishonored

Todas as habilidades surgem desde o início em suas “formas definitivas”, sendo que não há nenhum sistema de progressão associado a elas. No entanto, é possível mudar como elas funcionam através dos itens conhecidos como amuletos de ossos que, na expansão, surgem de forma muito mais generosa do que no passado.

os poderes de Lurk são variações daqueles usados por Corvo e Emily em Dishonored 2

Na prática, os poderes de Lurk são variações daqueles usados por Corvo e Emily em Dishonored 2, trazendo algumas características próprias bastante interessantes. O teleporte, por exemplo, não acontece imediatamente assim que você define um alvo: você simplesmente faz uma marcação e tem que apertar novamente o botão de habilidade para chegar até o local desejado.

Isso, aliado com o fato de que se teleportar no local em que um inimigo está faz com ele exploda (ao custo de certo dano), abre diversas possibilidades táticas interessantes. Por exemplo: você pode pular e assassinar um inimigo, derrotar outro e, quando se ver cercado, acionar o poder para voltar a um ponto de vantagem mais seguro.

Dessa vez não há qualquer necessidade de usar itens para recuperar sua magia, o que permite testar mais livremente suas habilidades e não ficar tão frustrado quando um erro acontece. No entanto, senti que essa decisão também possibilitou “abusar” um pouco demais dos sistemas do jogo — especialmente no que diz respeito ao uso contínuo de foresight para marcar inimigos e investigar o que havia a meu redor.

Dishonored

Uma crítica, que tem mais a ver com meu estilo de jogo do que ao game em si, é que o uso de “semblance” me pareceu muito situacional. Fora um momento no qual tive que me infiltrar em um leilão, a habilidade me pareceu restrita demais e acabou sendo praticamente esquecida na maior parte do tempo — algo que, reconheço, pode ser bastante diferente para outros jogadores.

A decisão em limitar as habilidades disponíveis a somente três opções poderia ser frustrante, não fosse o fato de que o design das fases acompanha bem essa restrição. Não há nada tão recompensador quanto a mansão do inventor de Dishonored 2, mas há segredos e rotas alternativas em quantidade suficiente para você ficar pensando “como eu não vi isso antes?”.

Em compensação, comecei a sentir falta de uma maior variedade de opções ao me aproximar do final do DLC. Depois de usar tantas vezes as mesmas táticas para “brincar” com a inteligência artificial, senti a necessidade de ter mais formas de me mover pelos ambientes ou lidar com os desafios que surgiam pelo caminho.

Missão mais inconsequente

Uma das maiores falhas de Death of the Outsider e que faz com que ele seja um “jogo menor” em relação aos demais games da série, em minha visão, é o fato de ele apresentar uma história mais inconsequente. Se nos capítulos anteriores sair matando tudo o que surge pela frente aumentava o nível do caos do mundo, tornando sua missão mais difícil, aqui a principal diferença entre ser furtivo e “meter o louco” é obter ou não certas conquistas.

Daud

Há algumas situações nas quais uma aproximação mais silenciosa é necessária, mas isso tem um papel bastante secundário. Quando sua maior punição por ser barulhento é não conseguir cumprir uma tarefa que só vai render algumas moedas extras, não há grandes motivos para se sentir frustrado quando aquela aproximação cuidadosa é frustrada por um guarda que você não tinha observado anteriormente.

Da mesma forma, essa falta de consequências afeta alguns dos alvos que o jogador encontra pelo caminho. Não há aqui uma “lista de punições” como nos capítulos anteriores, mas sim algumas figuras-chave à trama que você pode decidir ou não matar enquanto cumpre suas missões.

No entanto, quase sempre a diferença entre deixar uma pessoa morta ou viva é encontrar uma fala ou pedaço de papel diferente enquanto você anda pelos cenários. Isso faz com que esses personagens percam um pouco sua importância aos olhos do jogador — um verdadeiro crime para uma série que nos trouxe figuras tão legais quanto o inventor Kirin Jindosh em um passado não muito distante.

Dishonored

O resultado final não chega a frustrar, mas não é tão recompensador quanto o transmitido pelos jogos mais extensos da série. Ao fazer com que o número de corpos deixados pelo seu caminho não façam tanta diferença, Death of the Outsider deixa um pouco de lado umas das qualidades que ajudaram a série a adquirir tantos fãs até hoje.

Caminho para o futuro

Dishonored: Death of the Outsider pode ser considerado como um ponto de transição para a série. A Arkane fez um bom trabalho em encerrar a “era Kaldwin” da série, oferecendo uma aventura que consegue divertir e intrigar durante as 8 a 10 horas que você vai gastar para finalizar suas cinco fases.

Dishonored

Fechando as pontas soltas deixadas em Dishonored 2, o capítulo se concentra em um acontecimento central cujas ramificações devem trazer grandes consequências para o futuro da série. Somente esse único ato acaba sendo o suficiente para compensar o fato de que não há grandes escolhas morais nem alvos muito carismáticos a assassinar, elementos que eram peça-central dos capítulos anteriores.

Em geral, Death of the Outsider não é a entrada mais interessante da série, mas isso não impede que ele não seja bastante competente. Caso você já tenha acompanhado até aqui a história de intrigas políticas, traições e mortes que marcam a vida no Império, esse é um  capítulo indispensável para entender as possibilidades futuras que a série pode trazer.

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Pontos Positivos
  • A trama fecha pontas-soltas e dá um novo caminho para a série
  • Ótimo design de ambientes
  • As habilidades trazem boas variações dos poderes anteriores
  • Universo muito bem construído
Pontos Negativos
  • O sistema de evolução surge de forma limitada
  • Faltam alvos interessantes para eliminar
  • Matar inimigos traz poucas consequências à aventura