Beleza, criatividade e saudosismo em um único game

Fez passou bem perto de se tornar um vaporware, é preciso reconhecer. Após o anúncio em 2007, o seu criador, Phil Fish — espécie de modelo de gênio, tão criativo quanto extravagante e irritável —, acabou se enrolando em várias batalhas legais lentas e desgastantes. De fato, após alguns anos, o próprio Fish admitiu que perdeu a perspectiva original do jogo e tal (aquele tradicional papo etéreo).

Mas, a despeito da sua complicada dimensão humana, Fez realmente foi lançado para a Xbox LIVE... Graças a todos os deuses dos video games. De fato, o que há aqui é uma genuína obra de arte independente, a qual ainda consegue um feito francamente admirável: apresentar algo genuinamente novo enquanto ainda é capaz de extrair (e exacerbar) o que de melhor foi forjado nos períodos áureos das primeiras plataformas.

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Entretanto, a pedra angular aqui certamente é a jogabilidade. Fazendo uso de uma sacada tão simples quanto potencialmente ilimitada, Phil Fish não exatamente lançou um game em plataformas 2D — e tampouco se lançou em uma proposta tridimensional megalômana, terreno reconhecidamente pedregoso para o mercado indie. Antes, Fish acabou ficando “no meio do caminho”.

A questão fundamental aqui foi: por que não explorar a possibilidade de múltiplas perspectivas em um colorido típico com ares de clássico — e que, guardadas as devidas proporções, poderia perfeitamente ter aparecido no Super Nes ou no Mega Drive. Dessa forma, ao girar os cenários como se fossem colunas com quatro lados, Fish acabou descortinando todo um novo mundo para o seu singelo herói, Gomez. Aos detalhes.

É interessante observar o lugar de destaque que a indústria de jogos independentes acabou assumindo. Trata-se de um “pequeno” nicho onde se pode encontrar, em estado concentrado, o tipo de criatividade pouco preocupada com o sucesso comercial de um produto e mais interessada em fazer valer a sua proposta original — em materializar algo novo.

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Fez encaixa-se perfeitamente nessa perspectiva. Trata-se simplesmente de uma das misturas mais coesas entre experiência estética e jogabilidade desafiadora da atual geração. Tudo aqui consegue ser ao mesmo tempo inventivo, engenhoso e saudoso. Um experiência que você não vai esquecer tão cedo, sem dúvida.

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