Imagem de Forza Horizon 3
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Forza Horizon 3

Nota do Voxel
91

O maior Festival Horizon da história agora está em suas mãos

Quando o primeiro Forza Horizon foi anunciado há poucas semanas no sistema de retrocompatibilidade do Xbox One, meu coração disparou. Apertei o caps lock e lancei qualquer tipo de besteira que os dedos conseguiam digitar em meio a euforia: eu estava prestes a zerar o meu jogo de corrida arcade favorito pela, sei lá, décima vez.

Esse foi o início de uma preparação que estabeleci para a chegada de Forza Horizon 3: jogar os dois títulos anteriores de novo para “amenizar” minhas expectativas em relação ao novo jogo e ter uma boa base de referência para a evolução da série.

Não funcionou muito bem: quando a Microsoft enviou o código do jogo para análise na sexta-feira, eu hesitei.Hesitei na hora de instalar e na hora de abri-lo – o que foi relativamente estranho, já que eu sabia de cor e salteado o que rolaria nos primeiros 45 minutos, inclusive as falas e tudo mais, graças às repetidas sessões de jogatina da demo que eu explorei exaustivamente.

O ponto é: eu estava ansioso para que o jogo correspondesse às minhas expectativas, mas também estava com medo de me frustrar – e, de certa forma, aconteceu um pouco dos dois. Me surpreendi positivamente com várias coisas e me frustrei com outras poucas.

Ainda assim, Forza Horizon 3 como jogo de corrida é, sem dúvida alguma, o melhor já lançado neste ano. Como um Horizon, no entanto, ele ainda não conseguiu ser o melhor e mostra sinais de cansaço, e aqui está o porquê:

Bem-vindo à Austrália, chefe

O jogo já começa frenético, colocando você a bordo de uma Lamborghini Centenario e participando de um passeio despretensioso, para logo colocar você na ação em um daqueles eventos com umas propostas bem malucas, como a de correr com um buggy off-road por dentro da floresta contra um Jeep antigo sendo carregado por um helicóptero militar. Esses eventos, por sinal, estão ainda mais cinematográficos que nas interações anteriores do game, com direito a saltos em câmera lenta aos montes e takes de tirar o fôlego.

Uma coisa bacana é que, logo de cara e pela primeira vez na série Horizon, você pode escolher como será o visual do seu “eu virtual”: são várias opções entre homens e mulheres de etnias diversas.

Além de poder definir como você será representado virtualmente, o jogo também permite que você escolha como será chamado – são centenas de possibilidades entre apelidos e nomes, com alguns bem engraçados, inclusive. Por fim, o último mimo presente no game que ajuda a criar esse senso de “intimidade” é a personalização da placa do seu veículo.

O terceiro título da série Horizon chega finalmente ao outro lado do mundo depois de passar pela região do Colorado e atravessar o Atlântico para desembarcar na Europa. Como é de se esperar, a localização não poderia ser melhor: a variedade de cenários no seu novo playground australiano é de tirar o fôlego.

Você tem pequenas cidades litorâneas, como é o caso de Byron Bay, passando pelas florestas densas e a região dos lagos, atravessando o principal centro urbano do mapa, em Surfer’s Paradise, até chegar à imensidão do tradicional e árido Outback.

É uma versão miniaturizada da Austrália, só que melhorada porque não conta com as cobras, aranhas e outras dezenas de bichos que podem te matar. Fora que a ambientação é a mais australiana possível: lindas praias, músicas animadas, estradas pequenas e sinuosas ou imensas rodovias retas para cruzar a toda velocidade.

Você desembarca nas “terras lá de baixo” não mais como um piloto desconhecido que precisa alcançar o estrelato: você É a estrela do evento, o chefe de tudo – e o maior festival automotivo fictício do mundo dos games agora está em suas mãos e cabe a você definir como as coisas acontecerão. Ou pelo menos deveria ser assim, mas vamos dos impactos dessa mudança de contexto mais pra frente.

Antes de qualquer coisa, a parte boa...

O Festival Horizon está maior e muito, mas MUITO bonito

Visualmente, Forza Horizon 3 está absurdamente bonito. O gigantesco mapa – que é duas vezes maior do que o do Forza Horizon 2 – está denso e detalhado, repleto de elementos que não deixam a tela “vazia”, tudo rodando a 30 frames por segundo no console.

Para se ter uma ideia, uma equipe dos desenvolvedores ficou acampada no outback australiano de verdade para fazer registros de como é o céu por lá para replicá-lo com fidelidade dentro do game – e fizeram um belíssimo trabalho.

Cada região consegue deixar seu registro visual, desde as matas densas com cachoeiras e lagos, passando pela aridez desértica do outback até os arranha-céus de Surfer’s Paradise, cada área tem uma “cara” própria que corresponde muito bem com sua contraparte real e são bem diferentes entre si, dando uma noção de variedade durante suas corridas.

Além disso, boa parte do mapa é aberto e permite que você vá para as áreas que não têm estradas ou pavimentação, o que torna a exploração e a busca pelas costumeiras placas de bônus de XP e descontos mais interessante – além, é claro, da busca pelos carros abandonados em celeiros que já viraram uma marca registrada da série.

Uma função que ajuda ainda mais nessa atividade é o modo drone: nele, você pode andar livremente como se estivesse controlando um dispositivo. Isso é bastante útil para você conhecer melhor a região e também é uma mão na roda para quem gosta de produzir vídeo dentro do jogo.

Isso não significa, no entanto, que toda essa imensidão não traga uma sensação de solidão de vez em quando: parece que faltam humanos na maior parte do mapa e até mesmo a grande metrópole Surfer’s Paradise é meio deserta quando você está longe de onde a sede do Festival Horizon está montada, parecendo uma cidade abandonada em certos momentos.

A modelagem dos carros mantém o ótimo nível da franquia Forza e apresenta veículos muito bem detalhados e que podem ser explorados no modo Forzavista, presente no irmão mais carrancudo da série, o Forza Motorsport. É possível abrir o capô, esmiuçar os detalhes do design, das peças e do interior dos mais de 350 bólidos disponíveis no game – número que deve aumentar consideravelmente com os pacotes de carros que serão lançados.

São diversos tipos diferentes de veículos, para atender todo o tipo de fã. Você pode escolher clássicos americanos, hiperesportivos que nem foram lançados ainda, veículos fabricados puramente para desbravar os terrenos acidentados do mundo afora, lendas do rally e até mesmo os australianíssimos UTEs, os utilitários esportivos equipados com motores V8 bem potentes, marcam presença, mostrando que a Turn 10 e a Playground fizeram o dever de casa ao incorporar a cultura automotiva australiana local.

Uma das novidades mais bem-vindas pelos fãs foi a chegada de mais um elemento de customização para alguns veículos: os kits de alargamento de carroceria. A grata surpresa é que não parou por aí, já que alguns carros clássicos também ganharam novas customizações, como blowers saindo pelo capô – algo que todo fã de muscle cars deve ficar feliz em saber.

O mapa monstruoso de vez em quando cobra seu preço na parte de performance, com eventuais quedas leves de frames. Ainda assim ele é, de longe, um dos games mais bonitos do Xbox One.

A sinfonia dos motores e uma trilha sonora animal

Se visualmente Forza Horizon 3 impressiona, o mesmo pode ser dito da parte sonora. A seleção das músicas que compõem a trilha sonora, como de praxe, foi desenvolvida com muito capricho: são 8 estações com estilos diferentes e todas elas com uma lista respeitável de músicas. Você deve contratar as rádios a medida que seu festival vai se expandindo.

Além disso, existe a possibilidade de você utilizar o Groove Music, a plataforma de streaming de áudio da Microsoft, para ouvir suas playlists personalizadas e os sons que você mais curte.

O som dos motores carros e efeitos sonoros relacionados aos veículos também são um espetáculo à parte: os “backfires”, estouros dos escapamentos nas reduzidas, estão particularmente muito bem reproduzidos, assim como o som das batidas, que também receberam um tratamento e passam uma sensação melhor do que o costumeiro estardalhaço que acontece na maioria dos jogos.

É ainda na parte de áudio, no entanto, que começam as broncas com o jogo. Estamos, infelizmente, em uma crescente de jogos que estão saindo com dublagem que deixa a desejar e Forza Horizon 3 não é uma exceção: enquanto o áudio original em inglês conta com narrações convincentes para sua assistente Keira e seu fiel mecânico Warren, com direito a sotaque puxado e expressões locais, o trabalho de tradução para o português parece não ter sido feito com a mesma atenção aos detalhes.

De forma geral o áudio dos diálogos em cutscenes é estranho, mas na nossa língua eles parecem ainda mais deslocados e sem emoção. De qualquer forma, dá pra passar batido já que eles não são o foco do game, mas seria bacana se o trabalho tivesse sido um pouco mais caprichado, já que a personalidade australiana dos dois personagens que interagem constantemente com você é algo que ajuda bastante no quesito de imersão.

Jogabilidade acessível e precisa

A jogabilidade mais despretensiosa, que combina bem com a proposta da série, ainda está presente em Forza Horizon 3: ele é um game extremamente democrático e gostoso de jogar, a física recebeu pequenas melhorias e, de forma geral, continua sendo amigável para os novatos e oferecendo certos desafios para os mais experientes.

Para isso, basta você se aventurar desligando as assistências e aumentando a dificuldade dos drivatars, que estão mais cascudos do que nas versões anteriores do game e farão você suar para conseguir vencer.

O jogo continua com o clima e tempo dinâmicos, o que significa que você tem ciclo de dia e noite e também chuvas ocasionais em diferentes intensidades e que afetam a forma como seu carro se comporta.

Pecando pelo excesso

É aqui que vamos falar de alguns probleminhas com o Forza Horizon 3.

Basicamente, o seu objetivo dentro do jogo é tornar o Festival Horizon na Austrália o maior de todos e isso acontece à medida que mais fãs vão chegando para a festa. Quanto mais você corre e completa os objetivos espalhados pelo mapa – como os radares de velocidade e as novas zonas de drift, que demandam que você deslize seu carro e atinja uma certa pontuação –, mais gente desembarca na ilha-continente para prestigiar seu evento.

A quantidade de fãs funciona como se fosse um XP e permite que você expanda as operações do festival para diferentes regiões ou melhore as sedes já estabelecidas. Você deve evoluir essas sedes para liberar mais eventos para você correr... Mas, e daí? É aqui que começa um dos principais paradoxos da Turn 10 e da Playground ao fugir da receita de sucesso que funcionou em Forza Horizon 1 e 2.

A questão é que os desenvolvedores não tinham muita saída: usar a fórmula do piloto desconhecido que chega no evento, supera as dificuldades e se torna o campeão mais uma vez ia ser repetitivo e eles se viram em um dilema de como mudar. Ao colocar o festival nas mãos do jogador, um dos principais elementos de motivação para você progredir simplesmente desapareceu.

A Turn 10 e a Playrgound optaram por pecar pelo excesso: o que deveria ser uma premissa brilhante se tornou um pesadelo por se mostrar ambiciosa demais – as mecânicas do jogo não acompanham a grandeza do contexto e são aplicadas de uma forma bem superficial. É o caso do time de Drivatars, que explico como funciona mais pra frente, que se junta a algumas

Isso fica claro quando você olha para os eventos no mapa: primeiro que você precisa, de uma forma meio desnecessária, se deslocar até os marcadores para descobrir do que se tratam – você ser o dono do evento e não saber o que tá rolando é, no mínimo, estranho.

Chegando no marcador, você tem três opções de jogo: Exibição, Rivais e Campeonato (não disponível em todos). No modo Exibição, você é apresentado ao Horizon Blueprint, que oferece a possibilidade de que você customize cada evento determinado alguns parâmetros como a categoria de carro permitida, número de voltas e até mesmo o horário e clima da corrida – e isso vale para os tradicionais eventos de bucket list também. A partir daí, o jogo cria um flyer e permite que você compartilhe seu evento com seus amigos e com outros jogadores.

Se você tiver preguiça, poderá correr em um evento pré-determinado pelos desenvolvedores ou em um dos vários que foram criados por outros jogadores ao redor do mundo. Ou seja, você já teve que navegar por uns três menus para conseguir entrar em UMA corrida, além de ter que escolher entre várias opções que não se mostram claras em como elas vão te ajudar a evoluir.

Não é que o Horizon Blueprint seja ruim por si só, mas sua aplicação poderia ter sido feita de forma diferente, talvez como uma função disponível depois de terminar a campanha principal pela primeira vez.

Para os jogadores novos, que terão seu contato com a série Horizon pela primeira vez em Forza Horizon 3, isso não deve ser um problema. Para os mais experientes, é uma questão de costume – mas que tudo poderia ser mais simples, ah podia!

O número de eventos é absurdamente alto, o que é bom. Só que, quando aliado ao grande número de outras atividades disponíveis no mapa, a sensação é de que o foco acaba se perdendo: entre uma corrida e outra você vai se pegar fazendo muitas outras coisas que não necessariamente estarão contribuindo para seu o progresso dentro do jogo.

Interagindo com gente offline, online e em outra plataforma

Um dos maiores acertos de Forza Horizon 3 foi repetir a dose com o multiplayer online extremamente divertido e despretensioso e que traz uma grata novidade, que é a possibilidade de fazer a campanha coop com mais três amigos que podem estar, inclusive, jogando em um PC com o Windows 10. Existem alguns reportes de que o desempenho do game no computador não está dos melhores, mas é sensato aguardar o lançamento oficial para tirar qualquer conclusão.

Os modos “playground” mais conhecidos, como é o caso do Infectado e Rei, continuam lá e agora são acompanhados do novíssimo “Capture a Bandeira”. De resto, tudo como antigamente: corridas que são organizadas de forma rápida e dinâmica, como o esperado.

Fora do ambiente online,  sua interação com os drivatars agora ganha um novo nível: você deve encontra-los andando pelas ruas e derrota-los para que eles passem a fazer parte da sua “equipe de estrelas”, garantindo bonificações de XP que ajudam no seu progresso como piloto.

Essa também é uma mecânica que funciona de forma meio superficial e faz você questionar qual a real contribuição disso para o seu desempenho no jogo, mas abre portas para que esse tipo de corridas tenha um significado maior do que apenas ser uma fonte de créditos.

O melhor Horizon até hoje? Ainda não

Forza Horizon 3 é muito, MUITO bom. Tão bom que pode, sim, ser considerado o melhor jogo de corrida do ano com facilidade, boa parte disso por manter ou melhorar aspectos que fizeram dos títulos anteriores um sucesso: é um jogo que é muito bonito, soa bem, tem uma trilha sonora alucinante, uma jogabilidade acessível, um multiplayer estupidamente divertido e tudo isso com uma pegada despretensiosa e leve.

Algumas novidades, como o caso da customização dos carros e do seu avatar, são muito bem-vindas e dão um toque de personalidade ao jogo. Alguns problemas, no entanto, aparecem onde o novo título tenta inovar demais: novas mecânicas aplicadas de forma superficial geram uma distração que tira o foco da progressão, além da história que é um pouco confusa. É fato que você vai se acostumar com o tempo, mas essa complexidade toda é desnecessária e mostra que a franquia começa a apresentar sinais de cansaço.

É certo que a renovação de certos aspectos era necessária para fugir da repetitividade, mas o problema não foi a intenção e sim a aplicação: o Horizon Blueprint, por exemplo, é uma função que poderia ter sido planejada de forma muito melhor para que realmente enriquecesse a experiência do usuário e não fosse simplesmente um sistema que faz você pensar que os desenvolvedores querem que você faça o trabalho deles em desenvolver eventos criativos e interessantes.

Entre repetir a dose e pecar pelo excesso, a Turn 10 e a Playground Games resolveram optar pela segunda alternativa: a proposta do novo jogo, que coloca o Festival Horizon nas mãos do jogador, se perde em suas próprias ambições a ponto de passar a impressão de que nem mesmo os desenvolvedores sabiam ao certo o que você deve fazer e como a história de tudo deveria se desenrolar.

Como jogo de corrida, Forza Horizon 3 acerta muito mais do que erra e é uma compra absolutamente obrigatória para os jogadores casuais e experientes. Como um Forza Horizon, no entanto, ele não traz um avanço significativo, o que faz com que ele ainda não consiga conquistar o posto melhor jogo da série.

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Pontos Positivos
  • Gráficos excelentes, visual extremamente detalhado e denso
  • Uma das melhores sonorizações em jogos de corrida da atualidade
  • Trilha sonora de respeito com muita variedade e possibilidade de uso do Groove Music
  • Ótima ambientação no gigantesco mapa que representa a Austrália
  • Multiplayer continua absurdamente divertido e agora permite campanha cooperativa
  • Crossplatform com o Play Anywhere
  • Jogabilidade democrática e divertida: acessível para os novatos e desafiadora para os experientes
  • Novas opções de customização de carros e do avatar são muito bem-vindas
Pontos Negativos
  • A progressão do game sofre com a falta de foco, dificultando a identificação de um propósito imediado
  • Apesar de ambiciosa, proposta da história é meio confusa...
  • ... o que faz com que a aplicação de algumas mecânicas novas seja feita de forma superficial
  • Trabalho de dublagem em português é meio fraco