Imagem de Gears of War: Ultimate Edition
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Gears of War: Ultimate Edition

Nota do Voxel
90

As engrenagens da guerra voltam a se movimentar

Lançado no distante ano de 2006, Gears of War foi um dos títulos mais importantes da história do Xbox 360. Após uma série de jogos sem graça e adaptações baseadas na geração anterior, o ele foi o primeiro lançamento para a plataforma da Microsoft que realmente provava o que seu hardware tinha a oferecer.

Nove anos e algumas sequências depois, o game ressurge para o Xbox One (e futuramente para o PC) de forma totalmente refeita. A Ultimate Edition não deve ser confundida com uma mera remasterização: fora o roteiro e as mecânicas de jogo, nada é reaproveitado em seu formato original.

O trabalho de refazer o início da série coube ao estúdio The Coalition, formado por alguns dos ex-funcionários da Epic Games. A experiência serviu tanto para trazer o antigo game a uma nova geração de jogadores quanto como um exercício pelo qual a empresa precisava passar antes de partir para o quarto capítulo numerado da franquia.

Mais do que uma remasterização

Logo de cara, o aspecto que fica evidente na Ultimate Edition de Gears of War é que ela tira proveito de quase uma década de avanços tecnológicos pelos quais a Unreal Engine 3 passou desde que o título original foi lançado. Os personagens apresentam uma quantidade de detalhes bastante alta, assim como os ambientes que os cercam.

Apesar de a arquitetura e o posicionamento dos objetos serem iguais aos do passado, a reformulação gráfica feita pela Coalition dá a impressão de que estamos jogando algo bolado exclusivamente para o Xbox One. O que mais chama atenção é que o game inteiro roda com uma taxa de quadros totalmente estável, algo que ajuda a imergir ainda mais na história.

Infelizmente, a decisão da empresa de “manter as coisas como estavam” significa que o roteiro fraco do jogo original permanece inalterado. Na pele do ex-prisioneiro Marcus Phoenix, você se une ao esquadrão Delta com o objetivo de tentar acabar de vez com a ameaça dos Locusts — criaturas que saíram das entranhas do planeta Sera com o objetivo de acabar com o pouco da humanidade que ainda habita o local.

A trama é apresentada de maneira bastante superficial, tornando difícil entender direito o passado e as motivações dos personagens — algo que é explorado melhor nas sequências. Felizmente, esses problemas ficam de lado pelo fato de que a parte principal do jogo — seus tiroteios e brigas — continua muito boa.

Passado imperfeito

Mesmo nove anos após seu lançamento, Gears of War é um game cuja base se mantém forte. Apesar de uma geração inteira ter passado desde sua chegada ao Xbox 360, o título consegue entregar uma experiência divertida e intrigante. No entanto, alguns problemas de design que passavam em branco no lançamento original se tornam bastante evidentes no relançamento.

A campanha principal apresenta um ritmo de desenvolvimento um tanto estranho, que se mostra bastante lento em momentos nos quais a ação deveria “rolar solta”. Por diversas vezes, o jogador é obrigado a “tomar fôlego” de forma forçada enquanto os personagens participam de diálogos expositivos dispensáveis que impedem o game de prosseguir — momentos que, no passado, eram usados para disfarçar o carregamento de novas áreas.

Além disso, há a presença de certas mecânicas e momentos que simplesmente não combinam com a proposta do título. A maior prova disso acontece no final do segundo capítulo, quando você é forçado a controlar um veículo que continua respondendo tão mal quanto no passado e gera um dos trechos mais frustrantes do jogo.

Para completar, a inteligência artificial de seus companheiros continua problemática, especialmente nas dificuldades mais altas. Em alguns casos, a única maneira de evitar que Dom e companhia não fiquem em seu caminho servindo de alvos fáceis para os inimigos é apelar para o multiplayer cooperativo online ou local (com tela dividida, no segundo caso).

Multiplayer renovado

Enquanto a campanha individual de Gears of War Ultimate Edition é prejudicada pelos problemas do passado, a mesma coisa não acontece em seu modo multiplayer competitivo. Travados a 60 quadros por segundo constantes, os combates possuem um ritmo rápido e bastante fluido.

Sem adentrar em discussões técnicas, a maneira como essa opção é apresentada contribui muito para manter o jogador focado na ação. Ao oferecer um desempenho bastante estável, a The Coalition cria um ambiente em que você tem a certeza de que um fracasso ou vitória foi completamente sua responsabilidade e não aconteceu por conta de nenhum “engasgo” do jogo.

Apesar de a espingarda Gnasher ainda parecer um pouco mais poderosa do que seria ideal, no momento atual as batalhas não estão seguindo uma única tendência visível. Assim, é possível apostar em diferentes táticas e armamentos sem medo de ter que encarar uma comunidade já viciada em recriar sempre as mesmas cenas.

Para trazer mais equilíbrio às partidas, os desenvolvedores da Ultimate Edition apostaram em algumas modificações dos cenários disponíveis atualmente. Ao tornar algumas arenas mais simétricas, a Coalition garantiu que nenhum dos lados participantes possui uma vantagem injusta sobre o outro.

Vale a pena?

Gears of War Ultimate Edition faz jus a seu título e realmente mostra a versão definitiva de um dos jogos mais emblemáticos do Xbox 360. Apesar de nem todos os elementos do game original continuarem bons, mesmo nove anos após seu lançamento ele continua uma experiência que vale a pena ser vivida.

O título deve ser conferido tanto por fãs da série ávidos por qualquer material relacionado a ela quanto por quem nunca teve a chance de ingressar no mundo de Sera anteriormente. A Coalition fez um ótimo trabalho em recriar a experiência original, mesmo que tenha pecado por não remover alguns dos problemas que mais incomodavam nela — como a inteligência artificial problemática de seus aliados.

Apresentando diversas novidades em seu modo multiplayer, o título é uma ótima adição para qualquer biblioteca do Xbox One. Também ajuda o fato de que a dublagem brasileira possui uma ótima qualidade, respeitando termos e vozes que foram utilizados nos episódios da franquia que estrearam a adaptação para nosso idioma.

Caso você esteja em busca de um ótimo game de ação ou simplesmente queira revisitar as boas lembranças do passado, vale a pena dar uma chance para a Ultimate Edition. Com ela, fica a esperança de que a Coalition tenha adquirido o conhecimento necessário para levar a franquia a novas alturas e realmente surpreenda com o próximo capítulo numerado da propriedade intelectual.

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Pontos Positivos
  • Visual renovado
  • O modo multiplayer foi bastante aprimorado
  • Desempenho estável em todos os modos
Pontos Negativos
  • A inteligência artificial dos companheiros continua problemática
  • A campanha principal apresenta um ritmo bastante estranho