Imagem de Golden Axe: Beast Rider
Imagem de Golden Axe: Beast Rider

Golden Axe: Beast Rider

Nota do Voxel
35

Golden Axe: Beast Rider prova que nem tudo que reluz é ouro.

Lançado originalmente em 1989, Golden Axe deixou uma marca indelével no mundo dos videogames. Sua fama se espalhou rapidamente pelas saudosas máquinas de arcade e no mesmo ano o jogo recebeu uma versão para os consoles caseiros da SEGA, o Mega Drive/Genesis e o Sega Master System.

A jogabilidade side-scrolling (na qual tela movimenta-se lateralmente da esquerda para a direita) mostrava o melhor do “hack n’ slash” (popularmente conhecidos como matar e pilhar). O sucesso e a dinâmica de jogo da criação de Makoto Uchida acabaram rendendo várias adaptações além de inspirarem outros lançamentos da época como o famoso Altered Beast.

Agora, mais de duas décadas depois do lançamento original, o jogo (que já se encontra disponível nos serviços Xbox Live Arcade) o jogo finalmente recebe ma nova edição, desta vez para os consoles da sétima geração.


Ouro de tolo

Infelizmente o novo golpe do machado dourado não consegue sequer cortar um bom tablete de manteiga. Golden Axe: Beast Rider é mais uma dura prova de que certos clássicos de outrora são melhor aproveitados como lembranças saudosistas dos fãs e não como novos títulos.

Na realidade estas releituras prestam um verdadeiro desserviço as franquia em questão, ao invés de reinventar um clássico — capaz de resistir ao persistente teste do tempo — estas produções em via de regra acabam estragando a história destes jogos que ajudaram a construir a cultura dos videogames.

A vítima da vez, Golden Axe: Beast Rider, é resumidamente um jogo fútil e frustrante, que não consegue sobreviver as primeiras impressões que desvanecerem rapidamente a medida em que o jogador avança pelos enfadonhos e repetitivos cenários do título.

A dificuldade alternante — oras muito fácil, oras muito difícil —, assim como a erradicação de tudo aquilo que fez do original um jogo atemporal, ainda hoje recordado com gosto (nada mais carismático do que um anão barbudo equipado com uma armadura reluzente e um machado com o triplo do seu tamanho).

Agora estou sozinha


Se no título original você podia escolher entre um bárbaro, um anão e uma amazona, a escolha para o novo Golden Axe se restringe a voluptuosa guerreira — escolha que certamente foi influenciada pelos traços sinuosos da garota.

Tyris Flare é sem sombra de dúvida muito mais fotogênica do que os seus antigos parceiros de combate, o único problema é que os desenvolvedores concentraram-se tanto em remover o tecido das vestimentas da moça que não sobrou tempo para trabalhar no carisma da amazona.


Beleza realmente não põem a mesa.Antes Tyris contava com dois colegas para dividir o peso de carregar um jogo, mas agora ela está sozinha e os produtores do jogo não levaram isto em consideração. O universo do personagem é pouco explorado e parece ter ficado parado no tempo.

Víbora negra

O motor que impulsiona as ações de Tyris Flare é o mesmo do título original, a sua sede de vingança pelo seu povo é o que a motiva. Sua busca por Death Adder — responsável pela chacina de seu povo — é o que vai guiará a garota através de vales, montanhas e um mar de monotonia sem fim.

Seria cômico se não fosse tão triste, mas o destino de Tyris é uma infindável luta pela honra dos seus semelhantes através de cenários incrivelmente familiares e dotados de uma falta de criatividade sem tamanho, ou cor por sinal.

As mudanças na paleta de corres são tão sutis que só são realmente percebidas quando você está de fronte de uma construção mais imponente. Mas tal como a jogabilidade, os efeitos visuais seguem uma tendência fatigante.

Free Bird

O grande problema Beast Rider reside na frustrante falta de liberdade. As belas vistas (sim mesmo com muitos problemas o jogo ainda apresenta alguns momentos de classe) que não são nada senão percursos fixos e lineares, ora limitados por elementos da natureza, ora pelas detestáveis paredes invisíveis.

 Tyris é incapaz de subir um pequeno monte, de saltar uma pequena cerca, sendo bloqueada abruptamente por um campo de força digno da Mulher Invisível (um pouco de cultura Marvel para aliviar a tensão).

A interação com o cenário é também se mostra praticamente nula, tirando alguns vasos e baús (sendo que dentro destes, você encontra vários power-ups)bem demarcados e convenientemente largados no meio do cenário.

Mais fracos do que o Yoshi

Golden Axe: Beast Rider também oferece algumas bestas de montaria. O aspecto que deveria ser o carro chefe da jogabilidade (afinal de contas aparece no subtítulo do jogo, Beast Rider — algo como cavaleiro de bestas em inglês) aparente não passam de grandes Táxis de carne, dotados de uma utilidade bastante relativa.

Além de utilizá-los para devastar portas e alguns objetos (que contêm power-ups) — que Tyris sozinha não conseguiria fazê-lo —, estas feras não apresentam grande utilidade e pouco acrescentam a diversão do jogo.Corra Tyris, corra para bem longe deste jogo.

Para piorar as coisas, o sistema de controle impreciso transforma os seres em criaturas incontroláveis (como se tivessem sido atingidas por um raio do poderoso Satã Goss). Os movimentos são igualmente horríveis nos monstros mais pesados como nos que deveriam ser mais leves e ágeis.

Além disso, a lentidão com que os poucos ataques montado são efetuados é desesperador e as ilustres paredes invisíveis são ainda mais notórias quando estamos cavalgando uma besta de dimensões avantajadas.

Com a tanga e a coragem

Na falda dos seus velhos companheiros e de um modo de jogo multiplayer, toda a ação de Beast Rider terá que ser experimentada na pele, ou melhor, nos diminutos trajes da amazona.

Sendo assim era de se esperar que a jogabilidade fosse incrivelmente cativante e capas de compensar a falta de diferentes modalidades de jogo. Entretanto Beast Rider cai da montaria mais uma vez.

Demasiadamente baseado em apenas duas ações, o parry (bloqueio) e o evade (esquiva), o sistema de combate se reduz a uma pressionar frenético de botões enquanto desvia de alguns golpes ocasionais apenas para poder desencadear combos especiais.

E para facilitar ainda mais as coisas o jogo apresenta um sistema de cores que indica ao jogador qual o estilo de ação defensiva a ser tomada, por exemplo: se o inimigo brilhar com a cor azul significa que você deve bloquear (parry) se brilhar com a cor amarela, significa que você deve esquivar-se do golpe.

Ultrapassado


No papel é facil fazer bonito, quero ver no jogo.A lista de defeitos segue adiante com a estrutura extremamente ultrapassada do jogo. Aqui, como nos títulos da geração retrasada, os jogadores são colocados no meio de arenas fechadas que só abrem passagem quando você despachar o último inimigo, ou após ativarmos um mecanismo.

Na tentativa frustrada de variar um pouco os elementos de combate o jogo até experimenta com um sistema de magias (baseado no gasto de mana) e do mítico Golden Axe, que desta vez aparece como uma arma de arremesso.

O tal machado dourado que dá nome ao jogo deveria exercer um papel de importância na trama e na jogabilidade, mas ao invés disso utiliza um sistema de mira que tem a odiosa mania de contrariar os nossos comandos mais simples.

Faltou afiar o machado

Vamos ser bem honestos, Golden Axe: Beast Rider não é jogo bom. Desde a sua concepção o título resolveu tomar riscos enormes, da alteração desnecessária da dinâmica entre os três personagens do jogo original até a execução técnica do título que deixa muito a desejar.

O resultado final é um jogo frustrante, pouco variado e monótono, mais um para a longa lista de franquias mal exploradas que acabam sofrendo com estas releituras de qualidade duvidosa.

E quando a equipe de produção de Golden Axe: Beast Rider afirmou que a continuação do jogo (isso mesmo, Beast Rider vai ter uma continuação) já vai contar com o elenco completo e com um modo multiplayer, se passa a impressão de que Beast Rider foi um mero estudo de mercado (que pode muito bem sair pela culatra, visto a baixa qualidade do projeto).

Golden Axe: Beast Rider não é recomendado para fãs do gênero e muito menos para os verdadeiros fãs do título original. Na realidade quem realmente gostar do velho clássico, deve procurar a versão “remasterizada” do jogo disponível na Xbox Live Arcade, este sim muito mais recompensador.
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