Imagem de Metal Gear Solid: Portable Ops
Imagem de Metal Gear Solid: Portable Ops

Metal Gear Solid: Portable Ops

Nota do Voxel
94

Novo apelo estético, soldados à disposição do jogador e imersão no enredo são algumas das virtudes desta nova aventura de Solid Snake.


Metal Gear Solid: Portable Ops chega ao PSP, com a responsabilidade de satisfazer as expectativas do que era provavelmente o jogo mais esperado do console (talvez a par com Gran Turismo). Depois dos “aperitivos” Metal Gear Ac!d 1 e 2, finalmente temos em mãos o jogo tático que todos estavam esperando.

Algumas séries têm o poder de atrair jogadores apenas pelo nome. São franchises tão poderosamente construídas que o hype de um novo jogo acontece espontaneamente. Através de propaganda boca-a-boca a excitação é construída sobre o título, e atinge um ponto tal que todos passam a ter dúvidas se o jogo realmente corresponderá às expectativas geradas. No PSP a série Metal Gear iniciou sua trajetória através dos dois títulos Metal Gear Ac!d que destoaram completamente da série, oferecendo ao jogador uma nova experiência através de um jogo de cartas. Alguns jogadores refutaram abertamente o título, mas ele foi tão bem implementado que criou uma base própria de novos fãs.
Também inusitado foi ver Metal Gear Solid: Digital Graphic Novel, que misturava um mínimo de interação com a experiência de ler uma revista em quadrinhos no PSP. Novamente, muito bem-feito, satisfez os fãs da série ao esclarecer alguns pontos da história que se desdobra em todos os títulos desde o primeiro Solid, no Playstation (não estamos contando os anteriores, desde o MSX). Enquanto desfrutavam desses “aperitivos”, os jogadores se perguntavam o que impedia o lançamento do jogo “de verdade”.

O Metal Gear de verdade finalmente chegou, e parece que os jogos anteriores no PSP fazem mais sentido agora. É como se os desenvolvedores estivessem testando as capacidade do portátil, para finalmente lançar algo realmente arrebatador. Muitos estranharão, por exemplo, as faltas de cenas pré-renderizadas, que eram marcas registradas da série nos consoles anteriores. As cenas foram substituídas (com muita competência), pelo estilo história em quadrinhos, que parece ser a regra da série no PSP. A jogabilidade também mudou. Metal Gear não se desenrola mais como um filme, mas como um verdadeiro jogo de estratégia e ação táticos.
O jogador tem mais liberdade pra escolher os caminhos e a velocidade do desenrolar da história (Parece Metal Gear Ac!d sem as cartas). Uma adição em especial revoluciona a maneira de jogar: a possibilidade de recrutar novos soldados ao longo do jogo, sendo que você pode cumprir as mesmas missões com o personagem de sua escolha. O “recrutamento” consiste basicamente em nocautear um soldado e carregá-lo para o seu caminhão, podendo ser feito em qualquer momento das fases. Depois de um tempo, onde ele está sendo supostamente persuadido através de métodos obscuros, estará disponível no menu para que você o utilize da forma como desejar. Cada soldado possui habilidades diferentes, e pode ser colocado em uma de quatro equipes. Apenas uma equipe é levada a campo, e seus soldados componentes podem ser livremente alternados no decorrer da fase.
As outras equipes dão suporte ao grupo fundamental, descobrindo novas informações sobre as fases ou permitindo que você acumule mais itens, por exemplo. O nível de personalização das equipes é bastante alto, supondo que você se disponha a recrutar o número suficiente de soldados para tal. É uma mudança audaciosa, mas de grande apelo para jogadores mais estratégicos. Não deve desagradar aos jogadores mais interessados na ação tática, pois o recrutamento é uma opção dentro do estilo de jogo individual.

Rumos e reviravoltas marcam o enredo

Depois de aproximadamente 15 jogos na série, fica difícil dizer em que ponto exatamente encontra-se a história integral de Metal Gear. Mais difícil ainda é encontrar algum jogador que realmente tenha conseguido passar por todos os títulos, em todos os consoles (apenas a geração 16 bits foi ignorada pela série). Sendo assim, estou assumindo que você, leitor, também não sabe direito o que acontece nos jogos, e joga procurando primordialmente por diversão.

Partindo deste pressuposto, a história de Portable Ops é complexa, e feita para que de fato você não compreenda tudo que está ocorrendo. Ao mesmo tempo, responde a algumas perguntas deixadas por outros jogos e permite que algumas ligações sejam feitas com outros personagens. Não devo estragar a história, mas a título de exemplo, logo no início do jogo entendemos como Roy Campbell foi parar na órbita de Naked e depois se envolve com Solid Snake. Outros personagens proeminentes como Ocelot, Teliko e Major Zero também aparecem em Portable Ops, adicionando mais ligações e explicações. Jogadores novatos na série podem se frustrar um pouco, pois tirando todo o cenário histórico envolvendo Metal Gear e os Snakes, o que sobra é apenas mais uma história de um governo comunista, uma super-arma e uma ameaça mundial.
 
Metal Gear é como um iceberg, onde a história superficial esconde uma substrato complexo abaixo da linha da água. É como se a cada nova versão de Metal Gear, a série se tornasse cada vez mais impenetrável a novos jogadores exigindo estudos prévios para aproveitar inteiramente o que a série oferece. Felizmente os desenvolvedores sempre tiveram o discernimento de não excluir os jogadores menos interessados na história, implementando uma experiência de jogo tão satisfatória e complexa quanto os rumos e reviravoltas presentes no enredo.

O controle do jogo parece sofrer de dupla personalidade

O controle do jogo no PSP parece sofrer de dupla personalidade. É visível o esforço dos desenvolvedores para criar um esquema de jogo muito parecido com o dos consoles - emulando o mapeamento dos botões do PS2, principalmente - provavelmente no intuito de permitir a imersão mais rápida possível no jogo. Enquanto o esquema é extremamente familiar, não é exatamente responsivo no portátil. Uma tentativa para resolver o problema foi adicionar novas funções para certos botões. Temos então um híbrido de “esquema conhecido” com “esquema do mundo bizarro”. E a quimera gera sequências de comandos bastante complexas.
 
Por exemplo, se você estiver com Snake encostado contra uma parede e quiser atingir um inimigo, voltando à posição inicial logo depois do tiro (ação comum na série), terá que segurar triângulo para se manter na posição de esquiva parede, ao mesmo tempo apertar L para mirar no inimigo, continuar segurando L, apertar quadrado para atirar enquanto segura os outros botões. Depois deve soltar o direcional e L na ordem correta (enquanto segura triângulo), para voltar a posição inicial.. Não toque no direcional de forma incorreta, ou sairá da posição. Caso você queria mirar mais precisamente, usando o R, tente adicioná-lo à sequência acima, supondo que você tenha dedos suficientes.

Eu sinto a dor dos desenvolvedores, pois entendo o dilema: basicamente temos uma franchise que é conhecida por manter a qualidade e jogabilidade intocadas entre os vários títulos. É uma decisão difícil mudar de uma hora pra outra um esquema de controle já consagrado em múltiplas versões, embora a essa altura seja um fato estabelecido que o portátil sempre exige soluções exclusivas. Além do mais, o controle do PSP é tão parecido com o do PS2... Mas depois de passar pela situação que eu descrevi acima, você fica desejando muito que os desenvolvedores deixassem a tradição de lado e simplesmente copiassem o sistema de Syphon Filter: Dark Mirror.

O controle de Portable Ops não chega a impedir que o jogador se saia bem ou faça tudo o que deseja. Mas com certeza exige um empenho grande no seu aprendizado. Espere errar muito e disparar vários alarmes antes de se sentir confiante em desempenhar ações específicas no jogo.

Metal Gear em toda sua glória

Com exceção de algumas texturas realmente horríveis e repetitivas (principalmente em prédios militares), o jogo apresenta uma qualidade gráfica superior. As fases, especificamente, poderiam ser mais bonitas. Mas são suficientemente variadas para que o jogador não se detenha em pequenos detalhes e concentre-se na ação. Já os modelos dos personagens são bem desenhados, provavelmente porque todos são candidatos a personagem principal do jogo, devido ao recrutamento.

Os menus são maravilhosamente desenvolvidos e muito fáceis de navegar. Todos possuem uma “qualidade anos 70”, com ícones estilizados e de cunho militar. O mapa acessado através do menu também é bastante útil, ao contrário do “mapa por som”, presente na interface principal. Para ser justo, é necessário dizer que o mapa sonoro funciona, identificando a posição das fontes de som (passos dos soldados e seu nível de atenção). Mas isso não adiciona nada de informação tática, pois normalmente você terá que se certificar visualmente de onde o inimigo está, e isso você já faria seguindo seus passos, de qualquer maneira. O mapa sonoro é redundante.

Os vídeos pré-renderizados foram substituídos pelas já tradicionais histórias em quadrinhos. A qualidade desses segmentos é muito boa, e parece até mais adequada ao portátil do que os vídeos. Não são apenas quadrinhos estáticos e comportam uma certa movimentação e dramaticidade. Funcionam satisfatoriamente dentro do que se propõem e ajudam a criar a personalidade característica da “experiência Metal Gear” no portátil. Finalmente, todos pequenos detalhes gráficos que compõem a tradição da série estão presentes. Desde os ícones bem desenhados dos personagens até as caixinhas flutuantes dos itens, tudo remete aos jogos anteriores, para não gerar dúvidas de que é realmente o poderoso Metal Gear, em toda sua glória, no portátil da Sony.

Trilhas militares e sons minimalistas criam o ambiente de espionagem

O aspecto sonoro é o único do jogo que não traz nenhum tipo de surpresa, apresentando exatamente o que se espera de Metal Gear. Como sempre, todos os efeitos são bem executados, ajudando na jogabilidade. O mapa sonoro talvez seja redundante porque os efeitos sonoros são tão bons que dispensam qualquer outro tipo de referência. É muito fácil de saber o nível de atenção dos guardas, ou de que direção estão vindo, simplesmente prestando atenção nos sons e efeitos. Qualidade geral simplesmente irrepreensível.

As músicas são as tradicionais trilhas militares e sons minimalistas que criam o ambiente de espionagem. Não variam muito, mas é difícil imaginar trilha mais adequada para Metal Gear. Por último, as vozes complementam maravilhosamente os segmentos de quadrinhos, e poderiam estar mais presentes no jogo (nas comunicações por rádio, por exemplo). Mas considerando-se o pacote total apresentado, realmente não há do que reclamar.

Tudo o que era esperado

Portable Ops traz algumas inovações, e definitivamente é o jogo que todos esperavam. É difícil não gostar das mudanças, bastando um mínimo de tolerância à inovação para aproveitar plenamente a experiência e diversão que Metal Gear Solid: Portable Ops oferece.
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