Imagem de MotorStorm
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MotorStorm

Nota do Voxel
87

Prepare-se para alucinantes corridas de rally, onde motocicletas e caminhões diputam juntos o primeiro lugar.

MotorStorm coloca você em alucinantes corridas off-road, nas quais motocicletas, carros de rally e caminhões lutam entre si para chegar em primeiro lugar, em pistas que, na verdade, são os grandes adversários. A mecânica de jogo, os gráficos e os sons são personagens à parte nesse espetáculo fora da estrada, onde há alterações permanentes nas pistas, batidas cinematográficas, cenários realistas e vários tipos de veículos correndo ao som de muito rock.

As corridas acontecem durante o Festival MotorStorm em Monument Valley, um vale localizado na fronteiras entre os estados de Arizona e Utah nos EUA. O local é caracterizado pela presença de enormes rochas que sofrem erosão do vento, formando cânions. Para participar das competições e, futuramente, tornar-se o vencedor do festival, você recebe tíquetes, que são ingressos para as corridas off-road. No modo single-player, são ao todo 22 tíquetes, cada um contendo até quatro corridas, que ocorrem em locais distintos desse cânion. Para desbloquear novas pistas e veículos, é preciso terminar as corridas entre o os três primeiros colocados.

Os desfiladeiros e cânions são impiedosos

MotorStorm não é um jogo fácil e o desafio já começa no ponto de largada, quando os oponentes se empurram para passar por um local estreito presente no ínicio de algumas pistas, como a Coyote Rage e a Rain God. No começo da primeira, há uma curva sinuosa e fechada, que obriga os oponentes a se empurrem e até passarem uns por cima dos outros, a fim de permanecerem na pista e não ficarem para trás; e, na Rain God, há uma rampa que, se não for acessada pela extrema direita, pode levar a uma colisão em um dos enormes outdoors à esquerda da pista.

Além desses obstáculos iniciais, cada pista apresenta desafios únicos, que só são superados depois de algumas voltas, quando se conhece melhor cada trecho. Rampas que dão diretamente em paredes de pedras, precipícios, carros quebrados atolados na lama e pontes estreitas são alguns desafios constantemente presentes, que fazem com que as primeiras voltas sejam um pouco frustantes, até que se encontre o melhor caminho a seguir.

Algumas pistas merecem atenção especial pelo desafio que oferecem. A Rain God é uma pista em cima de um cânion, na qual é preciso estar atento para não se cair no enorme precipício que a circunda. Invitavelmente, na sua primeira volta, você vai cair no abismo — e durante o loading para a primeira corrida nessa pista, há uma mensagem dizendo que isso irá acontecer. A Rockhopper também oferece esse mesmo risco, por estar em cima de um cânion, mas, dessa vez, com rampas e pontes estreitas, que podem levar a grandes colisões se não são acessadas devidamente.

Há ao todo oito pistas, mas, apesar do reduzido número, todas são bem trabalhadas — e inclusive algumas são enormes — oferecendo caminhos diversos a serem seguidos. A primeira pista, The Grizzly, é um bom exemplo de múltiplas rotas alternativas, cada uma apropriada para certos tipos de veículos.

Uma corrida diferente a cada carro escolhido

Em MotorStorm, percorrer uma mesma pista com um carro diferente, é como correr em uma pista completamente diversa. Isso ocorre porque um mesmo caminho oferece desafios diferentes para cada de veículo escolhido. Há ao todo sete categorias de automóveis, entre motocicletas, ATVs, buggies, carros de rally, caminhões de corrida, mud pluggers e big rigs.

Cada veículo apresenta características próprias, como as motocicletas, que são mais velozes, mas muito instáveis e precisam estar a alta velocidade para não cair de pistas com curvas inclinadas; os buggies, que têm um ótimo sistema de suspensão e são ideais para pistas com muitas rampas, como a Rockhopper; os big rigs, que dificilmente explodem ao colidir, mas são bem mais lentos do que todos os outros veículos; e os carros de rally, que como o nome já sugere, apresentam-se bastante adaptáveis a esse estilo de corrida, sendo estáveis, principalmente nas curvas.

Como muitas corridas exigem um tipo de automóvel — apesar de, em algumas, ser possível correr com qualquer um —, em pouco tempo o jogador terá contato com cada veículo, descobrindo qual deles se adapta melhor ao seu estilo de jogo. Mas o principal para vencer em MotorStorm é saber o melhor caminho a seguir, em outras palavras, os automóveis mais leves correm melhor nos caminhos mais altos, que são mais estreitos e têm várias rampas, enquanto os mais pesados se adaptam bem aos caminhos mais baixos, que, algumas vezes, têm muita lama e obstáculos maiores.

A diferença entre cada automóvel é sentida principalmente quando se está correndo numa mesma pista: elementos que não causam grandes problemas para um veículo maior, como pedras ou carros atolados, tornam-se obstáculos para os veículos pequenos, que podem facilmente colidir ou capotar se não desviarem a tempo.

A própria pista pode ser uma grande adversária, mas os oponentes também não deixam por menos: carros maiores não hesitam em, literalmente, passar por cima de motocicletas e buggies, e esses, por sua vez, podem brigar entre si, atacando um oponente que também esteja num veículo pequeno, empurrando-o e fazendo com que ele caia no chão. Isso, claro, sem contar o empurra-empurra entre todos os carros quando o caminho afunila. Enfim, sobreviver à corrida, em MotorStorm, termina sendo mais importante do que ganhá-la.

Muita explosão em pistas para lá de radicais

Com tantos obstáculos, colisões e investidas dos oponentes, ficar para trás nas primeiras voltas é praticamente inevitável, o que pode não ser tão divertido assim. Mas a partir do momento que se consegue acompanhar os adversários e lembrar os locais que devem ser evitados, começa-se a entrar no clima de MotorStorm.

Mas ficar nos últimos lugares não é uma particularidade dos iniciantes: nesse jogo, você pode perder a primeira posição por um pequeno deslize e recuperá-la na volta seguinte. Portanto, não desanime se você ainda estiver nas primeiras voltas em último lugar, mas ainda conseguir ver os oponentes logo à sua frente: ainda há tempo de vencer a corrida!

Para alcançar os adversários, você pode atingir maiores velocidades ao acionar o “boost” ou impulso, o qual funciona de maneira similar ao “nitro” da série Need for Speed, com a diferença de poder ser acionado praticamente sem restrições. Uma boa estratégia é ativá-lo durante toda a corrida, tendo apenas o cuidado de não superaquecer o motor, causando a explosão do veículo — o que ocorre com facilidade nos momentos mais impolgantes.

As explosões acontecem a toda a hora, por mínimas que sejam as colisões ou capotagens. Mas, com certeza, é muito melhor ver os outros veículos explodindo ao longo da pista, o que, felizmente, também ocorre com freqüência. Em muitos pontos das pistas, também é possível ver os outros automóveis voando ao passarem por rampas — mas deve-se ter o cuidado para eles não aterrisarem justamente em cima de você.

A deformação permanente da pista é uma das configurações mais interessantes, dando ao jogo um ar de realismo. Até o final de uma corrida com três voltas, a pista pode estar bem mudada, com diversas marcas de pneus na lama, rampas destruídas por veículos muito pesados e cercas, outdoors, ou outros elementos adjacentes à pista completamente desfeitos. E esses efeitos permanentes alteram a própria dinâmica da corrida, pois, depois de algumas voltas, fica mais difícil para uma motocicleta passar por um caminho com marcas de pneus de veículos muito maiores.

Os efeitos permanentes também valem para o seu próprio automóvel, que fica danificado ao sofrer pequenas colisões, tendo a lataria amassada e podendo perder o capô e até um pneu. Mas esses danos não chegam a prejudicar o desempenho e o veículo fica novo em folha depois de uma grande batida com explosão. Estranho? Talvez não, se levarmos em conta que MotorStorm não tem mesmo a intenção de ser um simulador de corrida. Aliás, esse foi um dos esclarecimentos da desenvolvedora antes do lançamento do jogo, ao afirmar que o seu principal objetivo seria a diversão, sem que os jogadores tivessem que se preocupar com um sistema complexo de danos aos veículos, como ocorre nas séries Gran Turismo e Forza Motorsport.

Enfim, a proposta do jogo por si só já é divertida: a reunião de veículos completamente diferentes — e improváveis de disputar uma mesma corrida — lutando por um lugar ao pódio num festival de música em um cânion.

O esquema de controles é fácil de ser aprendido e memorizado, tendo as ações tradicionais de um jogo de corrida, como aceleração (L2), freio (R2 ou O), marcha ré (R1), “boost” (X), mudança de visão de câmera (triângulo) e buzina ou ataque ao oponente (quadrado). A troca de marchas é automática. Também é possível que o jogador habilite o sensor de movimento SixAxis em qualquer momento das corridas, acessando o menu de pausa. Acostumar-se com o sensor de movimento pode demorar um pouco, mas a preferência por essa opção pode mudar de jogador para jogador, pois ambos os esquemas são bem responsivos.

Acelere como uma pedra rolando no desfiladeiro

Apesar da qualidade gráfica não ser a que foi divulgada pela desenvolvedora nos primeiros trailers do jogo, ainda assim ela é muito boa. Com o suporte para resolução de até 720p, MotorStorm mostra plano de fundo, cenário e carros bem detalhados. A iluminação é um elemento que merece um destaque especial, pois é muito realista, principalmente na representação do sol e dos cenários noturnos.

O plano de fundo é como uma foto do local real, com detalhamento dos cânions, montanhas cobertas por vegetação e precipícios — nos quais, eventualmente, você pode cair. Há também uma boa representação das pessoas que estão assistindo à corrida e torcendo.

O cenário mais próximo do veículo também apresenta uma boa qualidade, com texturas bem definidas de areia e de lama. Com a visão de câmera em terceira pessoa, pode-se perceber melhor os danos que o automóvel sofre e o bom detalhamento dos diversos elementos que circundam as pistas, como grandes esculturas de metal, cercas de madeira, outdoors, rampas e o próprio relevo do local, que se constitui de pedras, montanhas e vales. Ainda em terceira pessoa, o motorista dos veículos pequenos ficam expostos e apresentam uma movimentação natural, inclusive enquanto atacam os adversários — ou sofrem o empurrão deles.

Na visão em primeira pessoa, percebe-se melhor as texturas do solo, que, muitas vezes, não são de tão boa qualidade quanto as outras, principalmente quando o terreno é seco e tem vegetação rasteira, como grama. Essa falha destoa do tom geral de qualidade gráfica do jogo, mas, por outro lado, dificilmente é percebida, a não ser que se esteja com a câmera em primeira pessoa ou durante os momentos de colisão.

Um das configurações mais interessantes do jogo são justamente os clássicos momentos de batida, que podem ser classificados como cinematográficos. Quando o seu veículo sofre uma colisão, há o congelamento da imagem, seguido de um giro de câmera de 360º em volta do seu automóvel. Então, pode-se perceber com melhor clareza os pequenos detalhes de cada veículo e a fumaça que sai deles devido à explosão.

Tanto na visão de primeira ou terceira pessoa, a tela pode ficar suja de espirros de lama ou com uma camada de poeira, o que dá um toque realista ao jogo, mesmo sendo uma configuração que desvanece depois de alguns segundos.

Para gerar gráficos tão detalhados e uma boa física, é compreensível que o tempo de espera para iniciar uma corrida (loadings) sejam mais demorados do que o usual. Mas essa demora é menos compreensível na hora de visualizar o carro a ser escolhido, o que exige uma certa paciência do jogador. Depois de alguns segundos esperando que a imagem do carro seja gerada, pode-se ver o automóvel em todos os ângulos, percebendo melhor os seus detalhes de mecânica, lataria e pintura. Não é possível personalizá-los, havendo apenas algumas opções de cores a serem escolhidas.

Se a qualidade gráfica é excelente, a sonora não fica para trás. Os sons dos motores são diferenciados nos momentos de aceleração, “boost”, marcha ré e até quando o automóvel está no ar, após ter pulado de uma rampa. Além disso, como seria de se esperar, cada veículo produz um som diferente. As colisões novamente merecem destaque: nesses momentos, o volume da música abaixa gradativamente, criando a sensação de que o tempo pára, aliada ao congelamento da imagem.

E, por sua vez, a trilha sonora é composta, em sua maioria, por músicas de rock, combinando perfeitamente com o clima “fora da estrada” do jogo. Em sua lista há bandas como Nirvana, Slipknot e Queens of the Stone Age. Além dessas, há também algumas músicas de outros gêneros — que destoam um pouco do rock — como techno e country americano.

Festival MotorStorm

Em linhas gerais, MotorStorm impressiona por sua ótima qualidade gráfica, sonora e sistema de física. O detalhamento do cenário, texturas, veículos e a ótima iluminação se destacam, além do som de muito rock — a exceção de alguns poucos títulos de outros gêneros. Infelizmente, algumas falhas de texturas no solo são percebidas quando se está com a câmera em primeira pessoa. O sistema de física possibilita os efeitos permanentes na pista, as colisões cinematográficas e faz com que uma mesma pista corrida, num primeiro momento, com um ATV e, depois, em uma motocicleta, pareçam pistas diferentes, com desafios completamente diversos.

O modo singleplayer se torna menos atrativo em face do multiplayer online, principalmente, por, nesse último, haver a possiblidade de se escolher entre qualquer veículo e pista. Apesar de na primeira corrida singleplayer, o jogador poder correr com qualquer automóvel e disputar os primeiros lugares ao lado de todos os tipos de veículos, essa opção de escolha demora para aparecer novamente. Nesse modo, a maioria das corridas requerem um tipo de pré-definido de veículo e não há a opção de escolha de pista.

Mesmo apresentando uma dificuldade média para ser aprendido, MotorStorm não tem a intenção de ser um simulador de corrida, o que pode ser comprovado pelo esquema simples de comandos, pelas colisões constantes e pelo carro sair renovado depois de uma explosão. O principal objetivo é a sobrivivência a uma pista cheia de artifícios e aos adversários, que não hesitam em passar por cima uns dos outros para garantir um lugar no pódio. MotorStorm é diversão garantida por muito tempo no modo multiplayer — e, pelo menos, enquanto durar a sua progressão de carreira no singleplayer.

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