Imagem de No More Heroes
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No More Heroes

Nota do Voxel
86

Quem disse que o Wii só teria games para criancinhas vai se impressionar com No More Heroes.

Quando a nova geração de consoles chegou ao mercado, o Wii foi prontamente muito bem recebido pelas famílias mais puritanas. Aqueles pais que sempre prezaram para que seu filho não jogasse games violentos ou pouco educativos pareciam ter no Wii um porto seguro: o videogame traz inúmeros games educativos que impulsionam a criatividade, bem como a coordenação motora nas crianças.

O videogame é simplesmente perfeito para crianças e jogadores casuais que só desejem um pouco de diversão com os amigos, e não costumam dedicar-se a games por mais de duas ou três horas seguidas. Entretanto, alguns donos do console são chegados em games mais pesados, e com certeza muitos dos compradores do Nintendo Wii são fãs da série mais aclamada do mundo dos videogames nos últimos tempos: Grand Theft Auto.

No More Heroes talvez seja ainda mais politicamente incorreto que GTA: o game possui toda a violência característica da série de jogos da Rockstar — considerando as devidas limitações do Wii —, e soma a isso uma completa desconsideração da violência, satirizando-a. Além disso, as citações de sexo aqui são muito mais freqüentes que na série citada acima.
Na verdade, todo o jogo gira em volta de sexo e assassinatos: Travis Touchdown, o protagonista de No More Heroes, é o 11º maior assassino de todo o mundo, mas isso não é suficiente. O anti-herói deseja agora chegar ao primeiro lugar da lista, mas não pense que há um objetivo nobre por trás disso. O único desejo de Travis é faturar a bela Silvia Christel, uma loira extremamente sexy que trabalha como agente da Associação dos Assassinos Associados.Humor pesado em uma história incrível

É evidente pelo que já foi citado acima que qualquer jogador disposto a dedicar mais de 2 minutos e meio a No More Heroes deve gostar muito de violência e piadas de cunho sexual. Não é possível divertir-se com o game sem esses pré-requisitos, já que ambos os aspectos estão incrustados em cada momento do jogo.
Para se ter uma idéia, a arma de Travis Touchdown é um sabre de luz que deve ser carregado constantemente. Para realizar essa recarga, o jogador deve fazer movimentos repetidos para cima e para baixo, chacoalhando o Wii-mote. O movimento assemelha-se a momentos de prazer particular, e o personagem no jogo reage a ele de maneira bastante elusiva.Travis coleciona pornografia e deseja ardentemente uma só noite com a bela Silvia Christel.
Além disso, o jogador pode salvar seu progresso no jogo sempre que encontrar um S brilhante, esse S marca a porta de um banheiro, onde o personagem entra para evacuar enquanto um rolo de papel higiênico rola na tela junto da confirmação de salvamento.

No enredo, 10 nomes marcados como os melhores assassinos do mundo, e uma sede por destruição da parte de Travis. O protagonista deve matar os dez heróis, mas afirma, logo no seu primeiro encontro com um dos dez maiores do mundo: “Não estou atrás de fama ou títulos, quero só ser o maior assassino do mundo.” Se você acha a frase um tanto hipócrita, entre para o clube enquanto experimenta um jogo que com certeza irá marcar o Wii com tanta insanidade e sujeira.

A trilha sonora de No More Heroes é excepcional e, aliada aos combates rápidos e envolventes, é o que mais prende o jogador à aventura. o ritmo acelerado marca muito bem o compasso do jogo, que também não é nada calmo, com exceção dos momentos em que Travis Touchdown está atravessando a cidade em sua motocicleta horrorosa.

Conceitos podem ser mais atraentes que texturas e iluminação

Se você acha que tudo que realmente importa no quesito gráfico de um game é um visual tridimensional de alta definição, onde o cenário parece cinematográfico, pense duas vezes, pois tudo que realmente importa são os conceitos apresentados por trás dos gráficos.

A essência dos gráficos de Patapon, por exemplo, os fazem muito mais agradáveis que Crysis. Porém, enquanto Patapon é um jogo casual com gráficos em duas dimensões extremamente simples, Crysis é considerado um conceito para o futuro, que com suas texturas e iluminação excepcionais, bem como uma física simplesmente perfeita, comoveu os fãs de games de tiro.Acontece que Crysis trabalhou em cima de qualidade, mas não de um conceito, e por isso, parece faltar algo no jogo mais emocionante graficamente falando já lançado. A sensação de vazio, entretanto, não existe em No More Heroes. A modelagem é pobre, as texturas são infames e a iluminação nem merece ser comentada, porém tudo ganha mais sentido quando o jogador observa com atenção alguns detalhes que foram mal desenvolvidos propositalmente, como menus que remetem a jogos da era Arcade.

A idéia dos desenvolvedores era passar uma sensação clara de pobreza gráfica, e nisso, No More Heroes mandou bem. O jogo apresenta uma falta de cuidado aparente, que não foi por acaso: a falta de atenção ao jogador está presente em tantos aspectos de No More Heroes que chega a ser difícil contar.Mas isso é bom, já que a idéia do jogo passeia justamente por isso, ser feito de qualquer maneira, afinal, quem daria atenção para um título como esse, onde o herói usa seu sabre de luz em guerras sangrentas buscando sexo.

O molejo é importante

A jogabilidade de No More Heroes é simplesmente excepcional. Se os desenvolvedores não apostaram na qualidade gráfica do game, a jogabilidade compensa isso de imediato. O combate prende o jogador por sua velocidade e intensidade, além, é claro, de ser divertidíssimo passar o laser nos adversários durante as finalizações. A forma como foi concebida a jogabilidade torna o jogo simples e eficaz. uma boa mescla entre o simples pressionar de botões e golpes com o Wii-mote que não tornam o jogo cansativos em nenhum dos aspectos.

Isso pois quando o jogador está quase se cansando de atacar com o mesmo botão, uma finalização é disponibilizada e ele executa um movimento rápido para a direção ordenada com o Wii-mote. outra coisa que aumenta a variedade do jogo são os golpes de luta livre que Travis Touchdown vai aprendendo no decorrer da aventura. pressionando o botão B, o jogador deixa o inimigo tonto, e então pode pressionar B novamente e iniciar uma das seqüências de luta livre já adquiridas.

Quando Travis mata algum adversário com uma das finalizações utilizando o sabre de luz, um caça-níqueis de 3 símbolos gira na parte inferior da tela. Se 3 símbolos iguais se alinharem, um dos modos especiais será ativado. cada símbolo tem um modo único: as cerejas ativam uma espécie de bullet time, onde Travis fica super veloz. os sininhos ativam um modo que lembra os filmes de terror japoneses, onde o jogador caminha de maneira impassiva por entre os adversários, executando ataques frios e certeiros, com o pressionar de um só botão.

Pancadaria e sexo num jogo pra lá de politicamente incorreto

Mais uma vez é importante salientar que No More Heroes é um jogo voltado para um público bastante seleto — apenas maiores de idade — devido aos seus temas pesados e pouco convenientes para crianças, porém levando em consideração um público já selecionado, No More Heroes é um game que vale a pena ser jogado, mas não levado a sério. Isso pois No More Heroes não leva o jogador a sério, e se você tentar jogá-lo como joga Grand Theft Auto, Gears of War, God of War ou outros, não irá se divertir nem um pouco, pois o objetivo aqui é rir, e não entreter-se com os movimentos de Travis Touchdown.

O jogo é simples, apesar de sua duração ser considerável. As missões paralelas poderiam ser um pouco mais longas, e isso tira um pouco da credibilidade, mas se você tem um Nintendo Wii e está cansado dos jogos infantis demasiadamente puritanos, No More Heroes é a opção perfeita para sua próxima aquisição. O jogo é hilário, e fará você rir do início ao fim. Vale a pena experimentar.
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