Imagem de Prince of Persia: The Two Thrones
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Prince of Persia: The Two Thrones

Nota do Voxel
86

O tão aguardado desfecho da trilogia Sands of Time.

A série Prince of Persia sofreu modificações das mais diversas naturezas de enredo desde sua primeira versão de 1989. A partir de Sands of Time, iniciou-se uma trilogia com enredo próprio e caráter inerentes. Aqui, em The Two Thrones, a história tem seu desfecho e, ao contrário da versão precedente, o clima que impera não é o de um anti-herói arrogante de aparência trevosa. Volta à tona a introspecção e o conflito de um indivíduo forte e apaixonado, porém com espírito em conflito.

O amor sempre traz problemas

O enredo começa com a viagem de retorno do príncipe para Babilônia em companhia de sua amada, Kaileena. Ele fita o medalhão que o protegeu (e o manteve em batalhas) por anos e o atira no mar, com esperança de ter uma vida tranquila no reino protegido de seu pai. Ao fitarem a cidade, contudo, encontram-na em chamas e guerra. Antes mesmo de poderem trocar qualquer palavra, o barco em que estão é atacado e atingido por uma catapulta. Os dois naufragam e se separam. Já em beira-mar, o príncipe se recupera e vê Kaileena sendo arrastada por 2 mercenários. Assim, parte em busca para salvá-la.

O jogo segue a mesma linha de proezas acrobáticas já consagradas e esperada pelos fãs. Após o evento acima, o jogador irá se deparar com um tutorial mostrando toda a paleta de acrobacias do herói, que terá que ultrapassar obstáculos de diversas naturezas: subir por paredes improváveis de serem escaladas, pular por entre vigas distantes, desviar de armadilhas e equilibrar-se em frágeis suportes. O cenário para tudo isso vai desde construções imperiais até esgotos fétidos, tudo permeado por uma qualidade gráfica ótima, com efeitos de luzes e texturas bem escolhidas. Apesar de possuir a mesma engine dos antecessores, esta acabou por se mostrar versátil e bem adaptada para diversas plataformas (PS2, Xbox e portáteis).

A história continua sendo apresentada aos poucos pela narração de Keileena, também conhecida como Empress of Time, e pelos diálogos interiores do príncipe. Através de um tutorial discreto, que só aparece nos momentos necessários, os movimentos e teclas necessárias são apresentados gradativamente direcionando o jogador pelo mapa. No início os caminhos são bem óbvios porém, na medida em que o número de movimentos e recursos acrobáticos aumentam, assim como o jogo avança, fica difícil achar uma saída fácil, induzindo o jogador várias vezes a pulos e tentativas suicidas. A dica que fica é sempre lembrar dos movimentos menos usados e da corrente, dolorosamente recebida na primeira parte da história.

Os combates e ataques primam mais pelo tático do que pela batalha impensada. Os inimigos possuem uma vitalidade razoável e por existirem em grande número, exigem paciência e uso do cenário para esquiva e potencialização dos golpes. Muito mais fácil do que isso é o ataque furtivo denominado Speed Kill, que consiste na aproximação oculta de um ataque pré-programado, cabendo ao jogador somente clicar quando a arma ficar azul. Na maioria dos casos bastam apenas 2 golpes, podendo ser estendido até 5, principalmente quando existe mais de um inimigo na cena. Caso não haja precisão suficiente, ele prontamente se defende e inicia uma batalha regular.

Pule, agache-se, levante, ataque, pule de novo...

A seqüência do mapa é linear e obviamente será transcorrido principalmente por pilares e apoios nas paredes. Não haverá nenhuma porta aberta no jogo, e se alguma pode ser aberta, será feita somente com o acionamento de um gatilho em locais relativamente distantes. Tal como nas versões anteriores, existe a possibilidade de voltar no tempo por até 10 segundos, dando uma segunda chance para um movimento que seria fatal em condições normais. Como os save points ficam inesperadamente escassos em alguns momentos, o uso deste recurso é muito bem-vindo, pois ninguém deseja ficar passando centenas de vezes pelos mesmo lugares só para chegar naquele ponto desafiante.

Após um encontro inusitado com o principal rival da série, o chamado Vizier, o príncipe é impedido de salvar Keileena por um de seus lacaios. Açoitado no braço com uma corrente, cai de uma grande altura após o rival transformar-se em uma criatura monstruosa. Nesta queda, recupera sua estimada adaga do tempo (Dagger of Time) e a partir daí tem início uma série de diálogos com uma voz negra e perturbadora interior, que se manifesta fisicamente em alguns pontos. Nestes momentos, ocorre uma metamorfose que além de dominá-lo inteiramente por trevas e fogo, lhe dá o poder de usar a corrente encrustada em seu braço.

O jogo possui um ritmo contínuo e homogêneo, concedendo ao jogador apenas algumas surpresas em alguns momentos tais como: monstrengos gigantes, obstáculos à primeira vista intransponíveis e elementos interessantes na história, além dos cenários bonitos. O final é cativante e costura perfeitamente a trilogia Sands of Time, gratificando o jogador por ter passado por tantos desafios e dificuldades.

Nas antigas plataformas 2d esse problema não existia... (um nostálgico falando)

Uma falha considerável no game é câmera confusa e, como conseqüência, a dificuldade em saber corretamente qual a direção que deve ser usada para fazer alguma manobra. Inúmeras vezes a morte ocorre de maneira boba, simplesmente porque a câmera dá a impressão de que se deve ir para a frente mas quando na verdade deveria ter sido direcionado para trás, por exemplo. Em outros momentos, mesmo com o uso do recurso de voltar no tempo, a sorte prevalecerá sobre a habilidade do jogador, em especial nas corridas de biga. Aqui, o alter ego de príncipe lhe orienta sobre qual caminho deve ser tomado, mas, infelizmente, o faz tardiamente, quando um obstáculo já ficou no caminho e a biga foi destruída instantaneamente.

Os gráficos são similares aos anteriores e nem por isso desmerecem atenção. Como já foi dito, a beleza e qualidade das texturas, assim como efeitos de luzes, são bons. A quantidade e profundidade de detalhes nas criaturas deixam um pouco a desejar, principalmente se tivermos em conta as novas engines dos últimos shooters do mercado. Além da parte técnica, as cores e vistas contidas no jogo são harmoniosas e interessantes, dando realmente a sensação do jogo estar se passando na Babilônia.

O som está bem adequado à proposta do jogo, orquestrações e ritmos peculiares do oriente médio dão o tom da aventura, ao contrário do anacrônico e inconveniente rock pesado presente no predecessor, Warrior Within. Os efeitos sonoros são discretos e bons, com vozes sem excesso de efeitos.

Por fim, o jogo é indispensável para fãs do estilo ou da trilogia Prince of Persia. Não bastando isso, resgata perfeitamente a sensação de desafio dos antigos jogos de plataforma 2d com um enredo de boa qualidade, um tanto incomum nos jogos atuais.
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