Imagem de Pro Evolution Soccer 2016
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Pro Evolution Soccer 2016

Nota do Voxel
85

A bola está na rede e é só correr para o abraço

O ano de 2015 está intenso para a Konami. A empresa japonesa passou por períodos turbulentos por causa da saída de Hideo Kojima e o cancelamento de Silent Hills, mas agora vive um momento de consagração com o sucesso de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain.

Duas semanas depois do lançamento do novo capítulo da saga, chegou a hora de Pro Evolution Soccer 2016. Completando vinte anos de vida, a franquia que é conhecida como Winning Eleven no Japão estava na zona de rebaixamentos nos últimos anos, com uma base de fãs menor (apesar de fiel) e uma engine ultrapassada e simplificada em relação ao concorrente FIFA, da EA Sports.

Por isso, a Konami reorganizou o jogo e colocou o melhor time em campo desta vez. PES 2016 aparece cheio de novidades na jogabilidade, no visual e nos modos de jogo, prometendo uma disputa ponto a ponto pelo seu dinheiro. Quem será que levanta a taça no final?

Olha o que ele fez, olha o que ele fez!

A habilidade individual dos jogadores é valorizada. Aquele canhoto driblador do seu time favorito vai ser um canhoto driblador no jogo. Da mesma forma, o meio-campo frio e calculista vai acertar passes por brechas que você achava que seriam difíceis de explorar e o zagueiro trombador é quase invencível pelo alto, mas sofre contra pontas ligeiros.

O sistema de colisão foi bastante aprimorado. As investidas dependem de vários fatores como posicionamento dos atletas, força e velocidade. Estocadas não resultam sempre na mesma ação ou animação e o sistema de faltas mudou: qualquer toque não vai parar o jogo. Carrinhos podem ser frontais e certeiros ou laterais, fazendo a bola prender no corpo do atleta defensor e, quem sabe, iniciar um contra-ataque.

Há surpresas também para quem ataca. Se você faz um passe um pouco errado na hora da jogada de velocidade e tenta alcançar a bola, é possível que o jogador controlado se estique inteiro ou faça um movimento diferenciado para tentar algum passe, mesmo que desequilibrado. Isso adiciona elementos de realismo e improviso à partida, fora a sensação de que o time está mesmo com raça em campo.

Os passes não são sempre com a mesma parte do pé e pequenas variações no toque podem desestabilizar toda a retranca adversária. A escolha por fazer um cruzamento enfiado, tradicional (e alto) ou mais rasteiro depende de escolhas instantâneas e também podem fazer a diferença. Já os bons e velhos dribles funcionam de forma fluída, especialmente com jogadores mais aptos a darem cortes ou pedaladas. Eles não são infalíveis, mas nas mãos certas causam estragos Além disso, você pode controlar os atletas que fazem o gol na hora da comemoração e até escolher entre várias opções de celebração

Virou teste para cardíaco

Vou confessar que não tinha paciência para os últimos volumes de PES. Os jogadores pareciam sempre cansados, a bola parecia sujeita à gravidade da Lua e um chute na trave não era mais emocionante do que um arremesso lateral. Com os elementos da Fox Engine trazidos para PES desde o 2014 e muito melhorados na edição deste ano, isso felizmente não acontece mais. A evolução é radical o bastante a ponto de corrigir os erros, mas não deixa a identidade construída ao longo dos últimos 20 anos de lado.

Em outras palavras, a Konami acertou em cheio do ritmo das partidas. Não basta correr ou fazer toques de primeira para o jogador mais próximo até chegar na área e chutar para o gol. Por outro lado, os jogos não estão cadenciados demais, o que poderia resultar em tempos inteiros quase sem chutes ao gol. O elemento da chuva também faz toda a diferença e pode fazer você ter que mudar de estratégia.

As partidas ficaram emocionantes: é possível fazer um ataque atrás do outro e pressionar o adversário até furar uma retranca, ou tomar contra-golpes mortais e ser castigado pela ofensividade em excesso.

Esquadrão... da moda

Sim, a torcida ainda parece de papel e isso já virou uma marca registrada de jogos de futebol. Porém, tirando isso, a Konami fez um trabalho impressionante na modelagem de elementos dentro das quatro linhas.

O que mais impressiona são os uniformes: eles estão muito bonitos na animações e dentro da partida, com cores vibrantes e alta quantidade de detalhes. Se você estiver com os olhos atentos, note como o tecido da camisa até dobra quando o jogador faz algum movimento. A bola também rola com uma graciosidade bonita de se ver, especialmente nos replays.

O rosto dos jogadores está caprichado, com a recriação de forma bem realista da aparência característica de Neymar, Cristiano Ronaldo, Pogba, Iniesta, Robben e outros atletas que são reconhecidos de longe. Com muitos atletas de certas ligas, entretanto, o tratamento não foi tão igual assim. Ah, e não espere a mesma qualidade uma transmissão em Full HD dos jogos de verdade: as expressões faciais de raiva, dor ou alegria são um pouco limitadas e ainda ficam robóticas, mas nada de impacto tão negativo.

Olho no lance! Éééééé... foi, foi, foi, foi ele!

O lendário e irreverente narrador Silvio Luiz novamente empresta a voz para o game e, assim como nas transmissões ao vivo, não desaponta. Algumas frases estão bem atrasadas (em certos momentos, ele diz que o jogo vai começar quando a bola já está no terceiro ou quarto toque), mas é inegável que toda a malemolência do locutor é um ponto positivo para o público brasileiro. Os bordões estão lá, de “Olho no lance!” até “Jogou lá no meio do pagode!”.

Os comentários de Mauro Beting são mais técnicos e, embora ele realmente acerte nos lances, as falas acabam repetidas e podem irritar um pouco o jogador depois de muitas partidas seguidas.

Menus: feitos nos acréscimos?

 A beleza que sobra dentro dos gramados falta fora deles. Com exceção da Master Liga, que recebeu muita atenção, os demais menus e interfaces do jogo são apresentados da forma mais simples possível — extrapolando o limite do “minimalista” e sendo classificado como “descuidado”.

Não é difícil navegar pelos menus, mas eles são chapados e nada atrativos. O esquema de escalação e formação está completo e permite desde as alterações mais básicas até os esquemas táticos e atalhos mais profissionais. Porém, ele continua um pouco antiquado demais e deve confundir quem vai utilizá-lo nas primeiras vezes.

Como diz o narrador Silvio Luiz, “o que é que eu vou dizer lá em casa”?

O famoso quem?

O público dos jogos de futebol sente na pele as dificuldades negociar os direitos com clubes e atletas. Ano vai e ano vem, mas você continua jogando com “North London” (Arsenal), escolhendo entre uniformes quase monocromáticos para vários clubes (a maioria bem feios) e controlando equipes com uma escalação completamente genérica. No lançamento, alguns clubes brasileiros não contavam com as licenças corretas e foram inseridos no game com nomes que nem mesmo lembram os dos craques originais — desta vez, sobrenomes genéricos latino-americanos, como Correa, Cavalcante, Vasconcelos.

É claro que nem sempre o problema é da Konami, já que a negociação com atletas brasileiros é feita de forma individual (e bem mais complexa). Ainda assim, muita gente pode chegar faceira para controlar o clube favorito e se deparar com mudanças. É possível esperar eventuais atualizações, fazer a edição você mesmo ou até importar o trabalho que outro usuário fez, mas esse é um esforço adicional que não deveria fazer parte da experiência.

Os estádios existem em pequena quantidade, o que também pode ser um defeito para quem gosta de alta variedade de arenas. Por outro lado, nos clubes em que os contratos foram fechados, o trabalho de transporte de atletas para o virtual foi muito bem feito.

Master Liga, myClub e licenças próprias

O modo de jogo favorito de muita gente no PES está bastante renovado. A Master League tem menus novos e muito bem cuidados, uma quantidade imensa de opções de gerenciamento de times e informações bem complexas sobre o seu elenco. Olheiros, estatísticas, notícias e opções táticas individuais são só algumas das novidades — e você vai “perder” bastante tempo nos menus até deixar o escrete com a sua cara. Não chega a ser um Football Manager, claro, mas a proposta é muito bem executada. Há até cutscenes de jogadores assinando contratos, ganhando troféus.

Já o myClub, em que você constrói a própria equipe com os seus craques favoritos (ou os melhores do mundo) recebeu novidades no sistema de treinamento, na exibição de informações e na evoluçao de jogadores. Os atletas possuem níveis próprios e são evoluídos com o tempo e o seu dinheiro virtual pode ser usado para contratar técnicos e uma equipe de qualidade.

É sensacional jogar a libertadores e sentir aquele clima aguerrido nos estádios e partidas. Já a Champion League tem simplesmente os melhores times e craques da Europa. A AFC, Liga dos Campeões da Ásia, é menos charmosa – mas recheada de atletas daqui, o que pode ser uma boa surpresa para os fãs. Liga Europa e Sulamericana também possuem seu charme.

Vale a pena?

Pro Evolution Soccer 2016 é uma festa de aniversário inesquecível para a franquia da Konami — e quem ganha o presente e assopra as velinhas é você, que recebe um jogo revigorado, cheio de novidades e com diversão no nível da ousadia e alegria do menino Neymar.

A jogabilidade recebeu atualizações em quase todos os setores. A física da bola está mais correta, os passes não possuem atrasos e a dinâmica da partida atingiu um ponto ideal. Os modos de jogo estão aprovados, desde a clássicas Master Liga até o myClub – mas não superam a emoção de uma final de Champion ou Libertadores, também presentes. A preocupação com os gráficos também é notada. Desde o uniforme dos atletas até a grama e a bola rolando, o visual é quase só elogios.

O Brasil tem a liga nacional completa com direito a quatro clubes da série B e alguns estádios nacionais, o que é um boa notícia. Porém, algumas equipes não estão licenciadas e o modelo de alguns atletas pouco ou nada tem a ver com o jogador original. A falta de logo e uniformes com Inglaterra e Alemanha também atrapalha.

Durante partidas com dois controles (um controlando cada time), notamos pequenas travadas na tela, o que quase pode comprometer lances capitais. São “engasgos” rápidos e nada frequentes, é verdade, mas a presença é um pouco preocupante – ainda mais num modo offline. Esperamos que sejam exceções.

Não é possível definir logo de cara se os problemas nas edições anteriores serão esquecidos pelos fãs e se Pro Evolution Soccer 2016 colocará a franquia de futebol da Konami de novo na briga direta com a EA Sports: muita gente ficou desconfiada com o novo título e resolveu migrar para o FIFA depois de perder a paciência. Porém, se depender da versão deste ano, não restam dúvidas de que a série está devidamente aquecida, pronta para dar um show de bola no segundo tempo.

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Pontos Positivos
  • Jogabilidade bastante aprimorada em muitos aspectos
  • O ritmo de jogo está ideal
  • Texturas do campo, modelagem de rosto e uniformes incríveis
  • Alta quantidade e qualidade de modos de jogo
  • O Brasil (quase todo) bem representado e homenageado
Pontos Negativos
  • Os problemas de sempre com o licenciamento
  • Faltou um cuidado gráfico com menus e interfaces de jogo
  • Uma ou outra travada nas partidas multiplayer