Imagem de Professor Layton and the Azran Legacy
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Professor Layton and the Azran Legacy

Nota do Voxel
75

Uma nova dose da mesma boa fórmula

Ao reler a análise que escrevi há alguns anos para Professor Layton and the Diabolical Box, percebi que havia resumido de forma bastante razoável a proposta deste curioso joguinho de investigações:

“Embora o gênero puzzle seja quase invariavelmente associado a um público predominantemente casual, Professor Layton tem a peculiar virtude de contextualizar alguns dos formatos mais clássicos de desafio intelectual em uma história envolvente, sempre capaz de deixar um gostinho de “quero mais”

Bem, permita que eu subscreva novamente a minha própria avaliação diante da nova aventura do carismático professor. E isso em todos os seus aspectos. Basicamente, Professor Layton and the Azran Legacy traz para o que deve ser a última aventura do arco de histórias da civilização perdida uma nova dose da mesma ótima fórmula que permeou todos os jogos anteriores.

Há aqui novamente aquela bela mistura entre gráficos ao estilo de animes, puzzles mais e menos desafiadores — alguns vão fazer você coçar a nuca e torcer o nariz, o que é ótimo — e uma história de detetives que, se não é lá muito original, acaba sendo o complemento perfeito para as demais características do jogo. Isso foi o que sempre fez de Professor Layton um sucesso comercial e de crítica, naturalmente.

Apesar disso, fica-se com a impressão de que, em algum momento, a Level-5 esgotou parte da sua inventividade, passando então a reapresentar as mesmas (boas) estruturas, embora com “indumentárias” diferentes. Há em Azran Legacy muito “mais do mesmo”. Embora existam boas sacadas aqui e ali, há vários trechos com puzzles recauchutados e uma boa dose de papo furado. Bem, mas vamos primeiro ao que funciona.

A mesma ótima combinação

Embora não seja propriamente original nas partes, o conjunto representado por Professor Layton sempre foi um prato cheio para fãs de puzzles e de boas histórias de aventuras — mesmo que com aquela inevitável abordagem infanto-juvenil, é verdade.

Bem, pode-se dizer que o charme da série encontra-se perfeitamente representada em Azran Legacy. Há puzzles intercalados com partes de história, momentos de “tensão” (vá lá) e belos visuais de anime. Além disso, o bom professor, embora não seja o tipo espalhafatoso, continua incrivelmente carismático em seu humor tipicamente inglês.

Estética atraente, principalmente em 3D

Os gráficos continuam sendo um dos maiores atrativos de Professor Layton. Não apenas pelos traços de anime, mas também pela composição dos cenários, quase sempre belas composições com medias exageradas, lembrando gravuras de contos infantis.

Para quem se agrada, há ainda uma bela utilização do efeito tridimensional estereoscópico, que confere profundidade e vida às cenas — sem se tornar cansativo ou inviável em momento algum.

Puzzles com adrenalina

Uma das melhores sacadas de Azran Legacy certamente são os puzzles de ação, os quais conferem movimento e certo senso de urgência ao game. Embora grande parte dos desafios ainda siga o estilo “vá lá, tome o tempo que precisar”, nessas ocasiões o raciocínio lógico encontra o relógio — ajudando a quebrar a sonolência de alguns diálogos, vale dizer.

Há uma perseguição aérea digna de nota, inclusive. Ao singrar os céus atrás de uma nave estrambólica, Layton precisará controlar o canhão, a fim de destruir os projéteis lançados contra o próprio veículo. Quem conhece a série deve imaginar: não basta simplesmente mirar e atirar — o que seria a receita para um fracasso certo. Em vez disso, você precisará identificar diferenças/semelhanças entre mísseis, a fim de acertar o elemento central.

Uma boa história... Que, às vezes, se arrasta

Como em todos os outros jogos, há aqui um épico. Afinal, trata-se do jogo que promete esclarecer a apoteótica trama envolvendo a civilização perdida de Azran. E isso, naturalmente, apenas é potencializado pelas geringonças voadoras de estilo vitoriano e, finalmente, pelo fato de uma menina ter dormido por milhões de anos em uma esquife de gelo.

Mas há um ponto negativo nisso, infelizmente. Embora o papo leve para ocupar o tempo sempre tenha sido um expediente comum em Professor Layton, aqui o papo furado, às vezes, torna-se simplesmente cansativo — sem acrescentar nada, nem no front da história e nem no dos puzzles.

Muito blablablá

Sim, é verdade que aquelas inclusões do tipo “resolva esta Torre de Hanói para que eu lhe ajude a salvar o mundo”, por mais sem propósito que fossem, sempre foram parte inegável do charme da série.

O problema é que, aqui, esse blablablá acaba às vezes simplesmente enfastiando — sobretudo quando é necessário clicar por toda tela e ouvir todo tipo de informação inútil estilo “tapa-buraco” antes que um puzzle ou algo de realmente vital seja revelado.

Ainda um bom jogo de investigação

Sim, muitos puzzles se repetem aqui. Na verdade, caso você tenha jogado os títulos anteriores, é provável que nem mesmo tenha que pensar muito em alguns desafios — que são essencialmente os mesmos, só que reapresentados em nova roupagem. Também o falatório estilo “Será que chove?” acaba cansando um pouco, é verdade.

Entretanto, a despeito das falhas, Professor Layton continua sendo um jogo com estilo, charme e desafio singulares. É impossível não se deixar levar pela história de aventura épica dos Azran, sobretudo durante os desafios diretamente relacionados com o andamento da trama. Além disso, a boa mescla entre “tempo” e “lógica” traz um interessante senso de urgência e movimento à série.

Enfim, se os outros jogos fizeram a sua cabeça, e se você gostaria de saber o que, afinal, se oculta por trás do retorno da sabedoria high tech de uma civilização perdida há milhões de anos... Então certamente vale a pena dar uma última chance ao bom professor.

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Pontos Positivos
  • Puzzles mesclados a cenas de ação
  • Belos gráficos estilo anime
  • História épica
  • Personagens carismáticos
Pontos Negativos
  • Puzzles reprocessados de edições anteriores
  • Muito papo estilo "Será que chove?"