Imagem de Resident Evil: Revelations 2 - Episode 4: Metamorfose
Imagem de Resident Evil: Revelations 2 - Episode 4: Metamorfose

Resident Evil: Revelations 2 - Episode 4: Metamorfose

Nota do Voxel
85

E aí, quando começa a próxima temporada?

A chegada do quarto capítulo de Resident Evil: Revelations 2 é motivo de muita celebração. Afinal, quem comprou os episódios avulsos e digitais finalmente pode colocar as mãos no capítulo de desfecho, “Metamorfose”. Quem vai esperar pelo game físico e completo também comemora, pois o lançamento dessa versão agora está encaminhado.

Porém, alguns assuntos continuam pendentes. Claire, Moira, Barry e Natalia ainda precisam deter o plano da vilã e escapar da ilha: os perigos não acabaram, e quem é fã de carteirinha da saga sabe que isso significa ao menos uma fuga e uma luta contra um monstro mutante. O final é também um momento perigoso, já que tudo o que foi construído até agora pode ruir com más decisões de roteiro.

Será que a Capcom manteve tudo nos trilhos e encaminhou bem o jogo para os créditos finais? Abaixo, confira a análise do BJ.

Atenção: assim como na análise do terceiro capítulo, é impossível discutir certas nuances do roteiro sem dar spoilers de nomes e ações do jogo — deste capítulo e dos anteriores. Se você não quiser saber desses detalhes, jogue primeiro ou pule seções como “Peraí, como isso aconteceu mesmo?”, “Um olho no presente e outro no futuro” e “Series finale”. Ou a análise inteira.

Series finale

No último capítulo, Claire e Moira invadem de vez o covil da vilã e começam a desvendar os planos da Supervisora. A campanha das duas é mais curta nesse episódio e é composta por muitos diálogos, caminhadas por cenários grandiosos e (mais uma) contagem regressiva. No desfecho, finalmente temos o encontro entre as linhas do tempo dos quatro personagens — ou seja, a história começa a se passar no tempo presente do game.

Natalia e Barry estão em um ritmo diferente, em que demora a parecer o capítulo final. Há um puzzle braçal que envolve um pouco de raciocínio, algumas lutas (bem menos que no capítulo anterior) e cenários curiosos, como uma réplica de uma mansão que causa certa nostalgia e uma mina abandonada com um incômodo vazamento de gás.

Aliás, vale a pena ressaltar que é possível fazer dois finais, de acordo com uma ação tomada no terceiro capítulo. Um deles é extremamente pessimista, enquanto o outro é (relativamente) feliz e possui um epílogo após os créditos finais, sendo o provável trecho canônico.

Um olho no presente e outro no futuro

Você pode até não ter gostado do final de Revelations 2, mas uma coisa é certa: ele estabelece uma possível trama para um Resident Evil 7 que não só é extremamente promissora, mas também traz algo que não acontecia com a franquia havia um bom tempo – um vilão fixo que dura mais que um só jogo. Desde a morte de Albert Wesker, os fãs estavam órfãos de alguém para odiar (ou torcer) por mais do que um só título.

Além de provavelmente buscar a dominação mundial, no maior estilo “Pinky & Cérebro”, o personagem que pode se desenvolver como vilão tem potencial para abalar toda a estrutura da Terra Save e da B.S.A.A., respectivamente a ONG e a agência militar antibioterrorismo desse universo — afinal, ele está devidamente disfarçado entre os mocinhos.

Confira comigo no replay

Não, o BJ não errou ao colocar “Os clichês de sempre” tanto entre prós quanto nos contras do game. Ao mesmo tempo que é legal rever aspectos clássicos da franquia Resident Evil, esses velhos clichês acabam cansativos — e, no final de Revelations 2, acumulam-se junto com novos elementos de roteiro bem manjados.

Não precisa ser um veterano da franquia para reconhecer alguns recursos clássicos: a contagem regressiva do laboratório, o final contra um monstro gigante resolvido com um tiro certeiro de lança-foguetes e o helicóptero transportando os sobreviventes em direção ao horizonte. Os novos clichês envolvem a certa sobrevivência de um personagem, diálogos extremamente melosos, a motivação rasa dos antagonistas (“Sou mau porque sim e quero ser um deus!”) e algumas cenas exageradas e desnecessárias.

A parte boa é que os fãs se sentem seguros ao revisitarem cenas clássicas da franquia, revivendo momentos dos jogos anteriores que se tornaram verdadeiras marcas registradas. A parte ruim? Isso é repetido desde 1996, com o primeiro Resident Evil, e já mostra sinais de cansaço e desgaste.

Peraí, como isso aconteceu mesmo?

Na análise do segundo capítulo, “Contemplação”, comparei a história seriada de Revelations 2 com “Lost”. Ironicamente, no fim do jogo, a trama também é finalizada com algumas inconsistências e muitas perguntas não respondidas.

O processo de troca de consciência, por exemplo, não faz o menor sentido. Não há explicações sobre como ele acontece, se ele é realizado remotamente (ou seja, durante a campanha de Barry) e se há uma espécie de “notificação” sobre o fim do processo. Natalia já era Alex enquanto controlamos a menina? Se sim, então quem era o monstro, que agia e falava como a vilã? A consciência estava em processo de transferência, causando conflitos?

Tudo isso é muito confuso. A impressão que fica é que a Capcom apenas criou o recurso de roteiro e pediu para os fãs simplesmente aceitarem o fato. Para uma franquia que detalha tipos de vírus e armas bioterroristas, fazer isso é um pequeno retrocesso.

Capítulos extras: não é o ideal, mas é o que tem

A versão física de Resident Evil: Revelations 2 tem dois capítulos extras que complementam a história e trazem métodos diferentes de jogabilidade. Isso serve não só para explicar pontos do roteiro entre as campanhas, mas também para usar a jogabilidade do game de uma forma original.

Em “O Conflito”, sabemos o destino de Moira após certo acontecimento com a moça. A aventura dela com o velho combatente russo envolve um sistema de caça a animais e eliminação de certa quantidade de inimigos, mas não traz exatamente muitas novidades ao game. Já “Mocinha” apresenta Natalia em uma espécie de luta contra uma versão sombria de seu próprio subconsciente. A versão normal e a alternativa possuem habilidades diferentes, mas a menina ainda é frágil. Por isso, a fase envolve sobrevivência e discrição.

Eles não são tão bons quanto a história original, mas quebram um galho. Acompanhados do Raid Mode e da necessidade de refazer os capítulos normais para obter todas as medalhas e conquistas, eles fornecem um fator replay satisfatório para o game.

Tecnicamente...

Esse ponto já foi pincelado nas análises de “Colônia Penal”, “Contemplação” e “Julgamento”: especialmente por ser um spin-off de menor orçamento e um game não destinado somente para a nova geração, o jogo não é perfeito graficamente ou em jogabilidade. Nesse capítulo, isso fica evidente em alguns momentos. O início da contagem regressiva, na parte de fora do penhasco, tem pedras caindo “por dentro” da montanha e alguns problemas nos controles de Claire e Moira, especialmente na hora de cair para um ponto mais baixo do cenário.

O som continua de qualidade nas dublagens e nos efeitos – e o único porém permanece sendo a ausência de Alyson Court como Claire Redfield, um erro que esperamos que seja corrigido. As legendas ainda deslizam: helicóptero (“chopper”) virou “cortador” na tradução para o português brasileiro.

Ainda assim, o game consegue entregar um resultado de qualidade que, embora não chegue perto dos sustos e dos puzzles dos jogos anteriores, é uma evolução notável.

Vale a pena?

A primeira experiência da Capcom em um jogo dividido por episódios é muito satisfatória. A empresa conseguiu entregar um game bastante coeso, com quatro episódios de alto nível e uma expectativa alta para o próximo volume numerado da franquia Resident Evil.

O capítulo “Metamorfose” não é exatamente uma chave de ouro, mas consegue finalizar positivamente o título. O final deixa uma boa perspectiva de continuidade para a saga, com um perigoso vilão em potencial que pode durar mais de um jogo e dar muito trabalho aos heróis. Ainda assim, muitos elementos não foram explicados e são bem confusos, especialmente o processo de transferência de mentes.

Os clichês de Resident Evil são ao mesmo tempo bons e ruins. A parte positiva é reviver ações clássicas, como o tiro de lança-foguetes, mas essa repetição cansa e deixa o jogador órfão de algo original – até a luta contra o chefe final acaba se tornando só mais um conflito comum por causa da ausência de surpresas.

A parte gráfica apresenta deslizes novamente, alguns até mais intensos, mas nada que possa comprometer tanto a jogatina. Sons e legendas mantiveram a média dos capítulos anteriores: áudio excepcional e tradução terrível.

Mantendo uma boa média nos quatro capítulos, Resident Evil: Revelations 2 fecha a “temporada” como um dos melhores games originais da franquia em anos, talvez desde Resident Evil 4. Aos fãs, fica a possibilidade de a saga também passar por uma metamorfose – mas, em vez de virar uma criatura, como no livro de Kafka, dar uma guinada positiva nessa tão adorada franquia.

Confira a análise dos outros episódios:

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Pontos Positivos
  • Os clichês de sempre
  • Boa perspectiva de continuidade para a franquia
  • Um dos melhores games recentes e originais da série
  • Extras que garantem o replay do jogo
Pontos Negativos
  • Os clichês de sempre
  • Alguns aspectos bem confusos da trama
  • Deslizes técnicos