Imagem de The Con
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The Con

Nota do Voxel
77

Lute por dinheiro, por respeito, ou pelo prazer de enganar os outros!

Você acaba de sair da prisão e não está mais acostumado à vida em liberdade. O que fazer? Para alguns, cair novamente no crime é praticamente inevitável. No caso dos personagens de The Con, é cair na porrada mesmo. Não que todos eles se pareçam com presidiários, cheios de tatuagens e machucados, mas eles certamente brigam como se sua vida dependesse disso.

Imensa variedade

Até cafetões podem precisar de uma grana extra Ok, sejamos sinceros. Embora a história coloque o jogador no papel de uma pessoa recém-saída da prisão, nem todos os personagens podem ter esse passado — afinal de contas, existem tantos que, a não ser que vivam em uma cidade exclusiva para ex-presidiários, alguns deles tem que ser apenas amantes da pancadaria e do dinheiro. E, claro, especialistas em enganar os outros para lucrar o máximo possível.

Esse último conceito é a base principal do game. Nele, lutar não é o suficiente: você o faz por respeito e dinheiro, principalmente. E isto não é apenas uma motivação para empurrar a trama adiante ou para justificar a quebradeira generalizada, como em outros títulos do gênero. Aqui, estes conceitos são colocados diretamente na jogabilidade e afetam a forma como se deve encarar cada combate.

Mas já estamos colocando a carroça na frente dos bois. Antes de entrarmos em detalhes na jogabilidade, vale a pena comentarmos a respeito do sistema de criação de personagem, que é bastante variado e permite uma personalização bem satisfatória do seu lutador. Embora não seja muito realista, já que o tamanho, peso e demais atributos físicos incorporados ao combatente não afetam suas características, como velocidade ou força.

Quando dizemos que possui grande variedade, é a mais pura verdade. O sistema é tão detalhado que é possível ajustar até mesmo a largura do maxilar do cidadão. Cintura, tamanho dos pés, ângulo da orelha... As coisas mais inimagináveis — e irrelevantes, em termos de combates — podem ser ajustadas para que seu lutador fique do jeito que você quer.

Você define estas características na criação do personagem Ao criá-lo, você deverá também escolher um dos cinco estilos de luta disponíveis: Street Boxing, Jeet Kune Do, Tae Kwon Do, Wrestling, Kickboxing. Cada um possui características próprias e atributos intrínsecos, além de algumas restrições. Por exemplo, o Street Boxing utiliza apenas as mãos, enquanto Tae Kwon Do utiliza apenas os pés.

Também poderá escolher as posições de luta, baseadas no estilo escolhido previamente. Para em seguida definir as roupas, que poderão mais tarde ser trocadas por outras diferentes, compradas através da loja, com o dinheiro ganho nas lutas. Alguns tipos de acessórios e cortes de cabelo podem até mesmo melhorar atributos, então esta é uma parte importante do jogo.

História descartável, mas conceito interessante

Embora existam algumas cutscenes contando o que acontece nos momentos mais importantes da trama, a história como um tudo é bastante descartável e não parece fazer muito sentido. Você é uma espécie de ex-presidiário que se envolve no circuito de lutas de rua e agora deve ir até o final, juntando reputação e dinheiro para enfrentar os melhores. Nada muito cativante.

O que é interessante nessa coisa toda é a forma como o jogo abrange o conceito de aposta e de enganação. Como isto pode ser um tanto quanto complicado, vamos simplificar ao máximo para desprender o essencial.

Você faz parte de um time. Isto é inevitável, e mesmo que crie um personagem, deve escolher dois companheiros de equipe para acompanhá-lo em sua jornada. Além disso, todos os combates são contra uma outra equipe, um contra um, e o grupo que vencer duas das três partidas é o vencedor. Simples não? Continue prestando atenção.

Vale tudo!

É possível apostar em cada uma das lutas, indicando o valor a ser colocado em jogo e o período da partida em que isto ocorrerá. Esta última parte é bastante importante, pois existe um conceito de chances, como em qualquer aposta. Quanto mais provável a vitória de um dos combatentes for, menos lucro irá render o dinheiro apostado nele. A recíproca é verdadeira, se alguém que todos esperavam que fosse perder ganhar, a recompensa é muito maior.

Portanto, saber manejar este sistema é essencial. Existe um medidor durante as lutas que indicará o quanto a plateia acredita que a luta é legítima, e não foi comprada. Cabe a você manter a ilusão de legitimidade enquanto faz com que o lutador que você deseja que ganhe vença o combate — e às vezes este não é o que você está controlando.

Explicando melhor. Às vezes, é interessante que o oponente ganhe para que você lucre ao apostar nele. Inclusive, é possível fazer com que sua aposta entre apenas após um determinado período de tempo depois do início da luta para que o multiplicador de aposta aumente enquanto você engana o público e você ganhe mais.

Para realizar isto, você deve utilizar o L para levar golpes sem parecer que o fez de propósito. Ao segurar este mesmo botão e golpear, você irá bater fraco mas com convicção, enganando a todos. É difícil no início, mas com o tempo você se acostuma e passa a ser muito mais fácil levar as lutas da sua maneira.

A pancadaria em si

Quem se veste assim...? No que diz respeito à jogabilidade em si durante os combates, o jogo proporciona uma experiência bastante sólida. Os estilos de luta são bastante diferentes entre si mas parecem ser bem equilibrados, cada um à sua maneira. Os controles são simples e utilizam um conceito similar àqueles vistos em jogos de boxe, então não é difícil se acostumar.

Os quatro botões da direita servem para golpear, enquanto o R bloqueia ou apara, dependendo do momento em que for apertado. Os combos ficam por conta de uma combinação de golpes em sequência complementados pelo direcional — o análogico não é utilizado para nenhum tipo de ataque.

Algo bastante interessante é a possibilidade do jogador definir os combos que o personagem terá. Conforme avança pelo modo história, você ganha novos golpes que podem ser escolhidos para fazer parte de um combo — sendo que existem restrições para que cada pancada encaixe uma na outra de forma adequada, o que torna a coisa toda bastante fluida.

O jogo não é difícil, já que o sistema responde bem e não é complicado realizar o que se quer, o que é uma excelente coisa. O único desafio maior é conseguir pegar o tempo das animações para poder apertar alguns botões na hora certa, para uma maior eficácia dos golpes e contra-ataques, além de desviar das investidas adversárias.

Considerando todos estes fatores, a jogabilidade é bastante satisfatória e divertida, sendo que as lutas são rápidas o suficiente para tornar as partidas interessantes, sem deixar espaço para o tédio. Combinando isto ao sistema de apostas e de enganação, é possível passar horas tentando tirar o maior proveito possível do sistema.

Podia ser melhor apresentado

O game peca é na apresentação. Os tempos de carregamento são constantes e aparecem a cada menu, além de serem razoavelmente longos na hora das lutas. Esta é, sem dúvida, a parte menos empolgante do jogo, e que certamente poderia ter sido trabalhada melhor.
As lutas sempre acabam por nocaute
Os gráficos não são lá essas coisas, mas fazem o serviço. É possível distinguir bem um personagem do outro devido à imensa variedade de personalizações possíveis — sem falar no sem-número de itens disponíveis — mas eles frequentemente são desproporcionais: mulheres muito gordas lutando Tae Kwon Do com a agilidade de Bruce Lee, por exemplo.

Os sons não impressionam nem se destacam, e muitas vezes são ignorados por completo. O barulho dos golpes durante a luta é o que mais se ouve e mesmo eles poderiam ser um pouco mais elaborados.

Em resumo, o game é sólido e certamente proporciona várias horas de diversão no PSP. As lutas são bastante divertidas e o sistema de apostas é algo que outros jogos podem usar como inspiração se quiserem variar um pouco. O jogo possui uma longevidade considerável, graças ao modo história e ao multiplayer, então vale a pena dar uma conferida se você gosta de jogos de luta no PSP.

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