Imagem de The Conduit
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The Conduit

Nota do Voxel
77

The Conduit se esforça para ser um FPS decente no Wii, mas acaba atirando no próprio pé.

Sacudir e sacudir. Ultimamente, este é a única funcionalidade do famoso Nintendo Wii. Basicamente, boa parte — para não dizer a grande maioria — dos jogos do console conta com objetivos simplórios, apelando para uma jogabilidade maçante e não muito criativa. Em suma, o Wii está cheio de minigames genéricos, que visam “aproveitar” os recursos exclusivos da plataforma.

Preparado para enfrentar mais besourões? Mas, há também os ports, jogos que são lançados para outras plataformas e acabam sendo adaptados para o console casual da Big-N. Alguns deles até que são decentes, como é o caso de Star Wars: The Force Unleashed, que fez mais bonito no Wii do que nas demais plataformas. Entretanto, nenhum deles consegue tirar todo o proveito do console, pois são apenas adaptações.

Felizmente, a High Voltage Software decidiu criar um game diferente do que estamos habituados a conferir no Wii. Trata-se de um FPS (First Person Shooter ou jogo de tiro em primeira pessoa numa tradução livre) exclusivo para o console. Com isso, há muito que se esperar, afinal existem poucos jogos do gênero para a plataforma, e poucos deles são exclusivos.

Desde seu anúncio, The Conduit — nome atribuído ao game da HVS — chamou a atenção não somente pela sua exclusividade, mas pela beleza gráfica apresentada. Muitos compararam o jogo aos primeiros títulos do PlayStation 3, graças ao capricho da produtora, que exibiu um game repleto de efeitos de cair o queixo.

Além do visual, Conduit parecia ser tudo o que os jogadores “hardcores” do Wii desejavam. “Atirar e correr” não é algo muito comum para quem é dono do console, e um Halo para Wii seria muito bem-vindo. Bem, finalmente, o Baixaki Jogos colocou as mãos no promissor The Conduit, mas será que a promessa vingou?


Bonito, mas e o que mais?


Não há como negar que o game realmente chama a atenção. Os desenvolvedores arriscaram em criar um jogo de tiro em primeira pessoa exclusivo para o Nintendo Wii, e isso poderia causar sérios problemas. Mas o trabalho da equipe é decente, tanto que a distribuidora é ninguém menos que a Sega, companhia que, querendo ou não, conta com renome no ramo do entretenimento eletrônico.

O fato é que a High Voltage Software criou uma engine exclusiva, que, sem sombra de dúvidas, pode servir como base para os futuros games do gênero no Wii. Aparentemente, a empresa tentou provar que é possível acreditar no console da Nintendo quando o assunto é FPS, mesmo com um game que beire a mediocridade. Mas, vamos ao que interessa.

No Wii, isso é fantástico

Alienígenas, de novo


A história de The Conduit parece ter sido fortemente influenciada pelo famoso Arquivo X, e ainda apresenta elementos que relembram um dos reis do FPS: Halo. Você controla Michael Ford, um agente do serviço secreto estadunidense que tem um simples objetivo, eliminar as forças alienígenas que estão prestes a invadir Washington. Durante o jogo, seu objetivo sofre pequenas alterações, conforme os extraterrestres revelam suas identidades verdadeiras.

A cidade foi tomada por ETs Entretanto, não há qualquer motivo que faça o jogador ser cativado pelos eventos sobrenaturais. Sim, The Conduit conta com uma história genérica, afinal, é um FPS — você sabe que é raro encontrar um cara com uma arma na mão e numa trama decente neste gênero.  

Como se não bastasse os clichês de Conduit, existem outros motivos que deixam a história ainda mais entediante. A exposição da trama é feita através de caixas de diálogos, que surgem antes de cada nível. E isso é extremamente chato. Durante o game, você até encontra algumas cut-scenes contextuais, mas nada que seja capaz de prender o gamer. Além disso, também é possível obter rádios com informações que aprofundam o jogador à trama.

Firmando o pulso


Mas, obviamente, a trama não é o foco do título, afinal, nos FPS o que realmente importa são os headshots. The Conduit apresenta um sistema de controles que, no início, pode parecer um completo fracasso. Entretanto, graças ao vasto sistema de configuração do game é possível calibrar a jogabilidade da maneira mais adequada. Você altera a velocidade da mira, a sensibilidade das sacudidas, muda o mapeamento dos comandos e muito mais. Com isso, fica difícil por a culpa nos controles.

Depois de algum tempo você pega o jeito do game e mirar se torna algo quase natural. Quase. Em nossa experiência, encontramos um pouco de dificuldade na jogabilidade, principalmente nos momentos iniciais. Aparentemente, o Wii não foi feito para os FPS, pois os controles, mesmo configurados, não são tão precisos quanto o conjunto mouse e teclado. Mas, mesmo assim é possível se divertir.

Não vale botar a culpa no controle

Você atira com o botão B e utiliza o A para pular. Com o Wii Remote, você controla o braço do personagem, movimentando a mira e virando. Com o Nunchuk, o jogador anda para frente e para os lados, e utiliza os botões do acessório para ações como se abaixar. Além disso, é possível sacudir os controles para realizar determinadas ações, como lançar granadas e desferir golpes. Mesmo não sendo perfeito, o sistema de controles é um dos melhores do gênero no Wii.

O problema é que a distância entre um comando e outro pode atrapalhar. Para dar zoom, por exemplo, você deve pressionar para baixo no direcional digital, enquanto o recarregamento é acionado com o botão “+”. Sem dúvidas, isso pode causar problemas, pois a posição não é nada confortável.

Um FPS apenas decente


Após se adaptar à jogabilidade do game, você pode finalmente partir para a verdadeira briga. E é aí que a coisa complica. Os níveis do game não foram desenvolvidos com muito capricho, e são repetitivos, assim como os próprios inimigos. Sim, você até encontra uma variedade de ambientes, como praças, ruas e esgotos, mas a direção de arte não deu muita vida a eles. Todo nível é composto por corredores lineares com inimigos a cada interseção, tornando a experiência cansativa.

Eu já passei por aqui antes... Para se ter noção da falta de variedade dentro dos níveis, em determinados momentos de nossa jogatina achamos que estávamos retornando aos locais já explorados, mas, na realidade, eram apenas regiões exatamente iguais às anteriores. Os inimigos também são como um exército de clones, e você encontrará poucos modelos durante todo o jogo.

Como se não bastasse, The Conduit simplesmente não consegue se diferenciar dos demais FPS, algo essencial para o gênero. Basicamente, a campanha single-player do título não possui nenhum artefato que merece ser relevado. Tudo o que você tem ao dispor é um game genérico, com objetivos que já estamos cansados de cumprir em outros exemplares, envolvendo eventos como aniquilar inimigos, destruir ovos e portais alienígenas e eliminar minas voadoras.

Tudo isso acaba criando uma campanha maçante e tediosa, na qual tudo o que se deve fazer é andar e atirar — e, casualmente, resolver alguns quebra-cabeças simples. Bem, isso acaba fazendo de Conduit um FPS bom, mas não um FPS que se destaque entre os demais. E, infelizmente, no Wii isso é suficiente.

Inteligência extraterrestre

Quanto às armas, The Conduit até apresenta um arsenal satisfatório, com diversos tipos de brinquedinhos diferentes. Pistolas, rifles automáticos e engenhocas alienígenas são apenas algumas das armas desfrutadas pelo jogador no game. Tudo isso é mais que suficiente para derrotar os não tão inteligentes inimigos do game. Como se pode deduzir, a inteligência artificial do título não é das melhores, e constantemente você encontrará inimigos encarando o personagem Michael sem qualquer reação.

Mas, há também momentos em que a união dos oponentes dificulta seu progresso. A dificuldade do game é desequilibrada, e haverá momentos em que você terá de suar para passar. O jogo conta com um sistema de trava de mira, que deveria facilitar etapas como esta, mas o recurso é simplesmente falho, pois limita a área de visão do jogador.

O que este cara está fazendo?

Há também os famosos inimigos “campers”, que são capazes de esperar horas pelo jogador sem sair do local. Ao abrir portas, por exemplos, existe uma grande chance de você dar de cara com um oponente pronto para mandar bala em Michael. O jeito é morrer e memorizar os lugares adotados como base para os inimigos.

Também é bom lembrar que, além de atirar e andar, você também tem de usar uma ferramenta chamada ASE (All Seeing Eye, ou “Olho que tudo vê” numa tradução livre). Este misterioso artefato é capaz de abrir algumas portas e acionar chaves alienígenas, além de contar com outras funções sobrenaturais. Este supostamente seria o toque extra de Conduit, mas acaba se comportando como um simples elemento secundário.

Multiplayer estilo Halo


Quanto ao multiplayer, The Conduit apresenta a possibilidade de jogar com até 11 gamers através de diversos modos tradicionais que foram adaptados para o game. Tecnicamente impressionante, o modo ainda permite que os jogadores utilizem o WiiSpeak para conversar, e raramente apresenta atraso na conexão (lag).

Ao total, existem sete mapas — no mesmo estilo “vazio” da campanha para um jogador — para jogatina. O problema da linearidade dos ambientes acaba atrapalhando na variante de “Capture a Bandeira” do game, pois o espaço não permite a criação de táticas para enganar os oponentes. Felizmente, há um belo toque no modo: as medalhas e o sistema de ranking.

O multiplayer até diverte

Quem sabe da próxima vez


Em suma, The Conduit é um jogo com potencial desperdiçado. Gráficos de altíssima qualidade se contrastam com uma direção de arte medíocre, mas a engine do game demonstra que o Wii é capaz de lidar com efeitos de partícula, HDR e uma iluminação de qualidade. Além disso, a campanha maçante e a falta de novidades para o gênero também atrapalham na diversão. O áudio do game é razoável, com efeitos sonoros típicos do gênero e grunhidos sem muita criatividade. A trilha inspira, mas alguns efeitos, como quando você está prestes a morrer, deixam a desejar.

Em nossa opinião, Conduit foi um game excelente para provar que o Wii pode — num futuro próximo — comportar um FPS de peso. Infelizmente, as decisões da equipe de desenvolvimento acabaram fazendo com que o jogo seja lembrado apenas pela sua esforçada tentativa de mostrar que o Wii não se resume a sacudir e sacudir.

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