Imagem de The House of the Dead: Overkill
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The House of the Dead: Overkill

Nota do Voxel
79

Overkill traz um merecido renascimento de House of the Dead no Wii.

Para uma série que, mesmo começando com o pé direito, chegou a decair a ponto de produzir algo tão bizarro quanto The Typing of the Dead, era quase impensável que algo de realmente decente ainda pudesse ser desenvolvido — pelo menos no curto prazo. Mas, pasme, isso aconteceu. E trata-se ainda do primeiro título da franquia lançado exclusivamente para um console caseiro.

The House of the Dead: Overkill traz para o Nintendo Wii — que andava um tanto desacreditado para qualquer coisa que não fosse first party — uma ótima introdução para a história desvelada no primeiro título da série, lançado em 1996. Na bagagem, tudo o que construiria um ótimo filme “B”: humor escrachado, litros de sangue pútrido, violência exagerada e um sujeito que diz “f**k” a cada duas ou três outras palavras.

Nada de pensar: o negócio é atirar e destroçar!

Espera, mas ainda falta algo... Ah, sim, os estereótipos. O que seria de um “filme B” sem personagens batidos e cenários previsíveis? Sim, você ainda vai poder encontrar em Overkill o que de mais visceral construiu a filmografia de John Carpenter ou Sam Raimi.

Tudo absolutamente grindhouse: o hospital fétido, a mulher “virtuosa”, o policial estressado que jura vingança e, finalmente, o médico maluco e visionário que pretende transformar a humanidade em um amontoado de zumb... opa... mutantes — “jamais use aquela palavra com ‘z’”, segundo recomendação do singular agente Isaac Washington. No mais, é tudo o que você já deve esperar: dispare o mais rápido possível, antes de acabar com um mutante pendurado no pescoço.

Aprovado

Do que nós gostamos

Uma história que seria ruim em qualquer outro lugar

The House of the Dead: Overkill traz uma típica história de filme “B”; aquelas que, de tão toscas, acabam sendo engraçadas e até interessantes. Trata-se aqui de um conjunto de estereótipos e animações (propositalmente) de má qualidade que pretendem contar os eventos que animaram as coisas antes do primeiro The House of the Dead.

Como elementos centrais, o jogo traz o policial Isaac Washington e o ainda recruta Agent G — cujo “G” é constantemente alvo de piadas ao longo do jogo. A própria união improvável dos dois, absolutamente distintos entre si, já é capaz de trazer algumas das cenas mais hilárias do jogo. Mas, para completar, surge ainda o típico “médico louco”; a ideia aqui acabar com os planos do excêntrico cientista Papa Caesar.


Cada missão dentro do jogo é anunciada com um inconfundível pôster de filme “B” — uma herança direta de Left 4 Dead? São imagens absolutamente estereotipadas, cada qual com um título ainda mais ressonante: “Papa’s Palace of Pain”, “Ballistic Trauma” ou “Scream Train”, apenas para citar alguns.

Lá pelas tantas, surge ainda mais um estereótipo, esse absolutamente imprescindível. Trata-se de Varla Guns, uma ex-stripper cujas “virtudes” são bem maiores que as roupas. Por fim, cada qual à sua maneira — Washington e Varla buscando vingança, Papa Caesar tentando dominar o mundo, Agent G buscando... seja lá o que for —, os personagens acabam compondo uma trama que, por si só, já faz valer a pena uma conferida em Overkill.

Sim, on rail, e não é ruim

Muita gente torce o nariz imediatamente após ouvir o termo “on rail”. Quer dizer, isso significa que você não terá absolutamente nenhum controle sobre os movimentos do personagem, limitando-se, em vez disso, a controlar um diminuto alvo que perambula pela tela — ou a digitar pateticamente o nome dos monstros que aparecem. Mas, ei! Isso pode ser divertido.

É claro, on rail pode ser divertido...Mesmo para o caso de você não ter comprado a versão japonesa de Overkill — que vinha acompanhada do portentoso Wii Zapper —, disparar a torto e a direita pela tela conforme abominações pulam do teto ou saem de traz da porta pode ser realmente revigorante. Tudo bem, não existe sequer um momento onde um pouco mais de cérebro é necessário. Mas, ei! A ideia aqui realmente não é essa!

Quando terminar a experiência normal do modo história, você ainda terá pela frente os desafios bem mais intensos do modo Director’s Cut — que inicialmente aparece bloqueado com a sugestiva tarja “Comming Soon”. Aqui as coisas ficam bem mais interessante. As fases ganham trechos novos (já que trazem cenas inicialmente deletadas), e o número de mutantes é bem maior. Por fim, caso você ache os níveis padrão um tanto fáceis demais, esse sem dúvida é o seu modo — embora você tenha que passar por todo o resto primeiro.

Deixa que esse aí é meu!

Jogar Overkill no modo single player é divertido. Mas, cá entre nós, as coisas ficam muito mais insanas quando se encontra alguém para controlar uma segunda mira pela tela. Jogar em modo cooperativo é realmente muito mais divertido. A ideia é tão simples quanto deveria ser: o caminho seguido “on rail” permanece o mesmo, embora agora os mutantes sejam simultaneamente metralhados por dois agentes insanos ao mesmo tempo.

No mais, ainda é possível dividir com três outros jogadores os minigames do jogo. Em Money Shoot II, você se sente em um autêntico parque de diversões de décadas anteriores; a ideia é simplesmente disparar contra os alvos, eventualmente evitando bombas. Já Staying Alive coloca você, um timer, e dezenas de zumbis em um cenário; sobreviva enquanto puder. Por fim, Victim Support vai colocá-lo em uma posição inatingível, já que a ideia é proteger vitimas desprotegidas (e desmioladas) que tentam atravessar um corredor infestado de mutantes.


Arrancando membros e explodindo cabeças

De maneira geral, os controles do Wii funcionam satisfatoriamente na maior parte do tempo. Você mira, atira, atira e atira de novo sem maiores problemas. A física que controla a sanguinolência toda também não faz feio: atire no lugar certo, e um membro vai pelos ares, ou uma cabeça explode.

O bom trabalho da física de Overkill aparece também quando se utiliza um “power-up” capaz de conter o andamento do jogo. Em câmera lenta, as coisas ficam realmente interessante, e é possível perceber o bom trabalho da física conforme miolos e membros são espalhados, lenta e horrivelmente, através do cenário. Ótimo, realmente.

Mas é claro que o arsenal clássico disponível também ajuda a elevar o patamar de violência no jogo. São pistolas, submetralhadoras, escopetas e granadas que transformam o ato de espalhar vísceras pela tela em uma arte.

O estilo em primeiro lugar

Tanto estilo que até parece Pulp Fiction...Não é preciso jogar Overkill por muito tempo para perceber que a desenvolvedora Headstrong Games deliberadamente resolveu colocar o foco das coisas no estilo. Desde o design dos cenários, até a indumentária dos personagens icônicos e os menus; absolutamente tudo rescende o inconfundível estilo grindhouse.

E, para complementar, o jogo ainda traz uma vasta coletânea de conteúdos extras, incluindo artes conceituais, modelos em 3D e as músicas que criam o clima durante a ação. A propósito, Overkill traz uma das melhores trilhas sonoras entre os jogos recentemente lançados. Cada fase aqui traz um tema “vintage” absolutamente adequado ao clima do jogo.

Tratando-se ainda de som, o trabalho dos dubladores em Overkill não apenas é primoroso, como também é parte do que torna o jogo realmente hilário em alguns pontos. Seja na narrativa dos policiais, ou no absolutamente idiossincrático tom de voz “pigarreante” do narrador, a todo o momento você se sente transportado para dentro de um filme de terror dos anos 70/80.

Reprovados

O que espantou o BJ... No mau sentido

Então é isso? Ele já morreu?!?

Eventualmente, alguns jogadores mais, digamos, proficientes em jogos “on rail” podem acabar achando as coisas tremendamente fáceis durante o modo história principal, já que mesmo boa parte dos chefes não traz um desafio muito expressivo. E mais, caso você jogue cooperativamente, essa dificuldade ainda cai pela metade. O modo “director’s cut” — com fases mais longas e maior número de zumbis — remedia um pouco esse ponto.

Câmera lenta não planejada

Embora os gráficos em Overkill sejam plenamente satisfatórios para os padrões do Wii, o jogo volta e meia pena um bocado com quedas de FPS (taxa de quadros por segundo). Além de conter um pouco o embalo do jogo, esses momentos ainda podem prejudicá-lo caso você esteja cara a cara com um mutante. Sem dúvida um viés um tanto oblíquo para tornar as coisas um pouco mais desafiadoras — sim, isso foi uma brincadeira.

Poderia durar mais

Realmente não seria nada mal se a desenvolvedora Headstrong Games colocasse mais uns dois ou três cenários estereotipados na bagagem de Overkill. O modo história realmente passa muito rápido, e o Director’s Cut não adiciona tanta coisa nova assim.

Avaliação Final

Vale a pena?
The House of the Dead: Overkill realmente não é um jogo perfeito. Entretanto, o bom trabalho da Headstrong no que diz respeito à trama, à ambientação e ao bom humor característicos da série faz do título um ótimo pontapé inicial para a franquia no Wii — até por que, o mediano 2&3 deixou muita gente na dúvida.

Não é perfeito, mas é divertido e tem estilo!

Enfim, se a sua ideia de diversão envolve personagens estereotipados, narrativa tão tosca quanto divertida e chuvas de balas, então Overkill pode mesmo ser o seu jogo. Nesse caso, com ou sem Wii Zapper, o negócio é estourar cabeças e espalhar vísceras.

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