Imagem de The Mighty Quest for Epic Loot
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The Mighty Quest for Epic Loot

Nota do Voxel
80

Quando Diablo e Tower Defense se encontram

"Free-to-play" são as palavras mágicas que a chamam atenção de qualquer gamer, especialmente se o título em questão traz gráficos bonitos e uma jogabilidade ousada. Esses foram os ingredientes que a canadense Ubisoft Montreal, desenvolvedora de jogos como Far Cry 4, Assassin’s Creed Unity e Watch Dogs, colocou no caldeirão e com os quais criou The Mighty Quest for Epic Loot, um game gratuito e que mescla o gênero de Diablo – o chamado “hack and slash” – e Tower Defense.

Apesar do vasto histórico de títulos AAA, a Ubisoft – especialmente como publicadora – também já investiu em games de grande sucesso e de menor orçamento, como Child of Light e Valiant Hearts: The Great War. Mas será que a ideia de The Mighty Quest for Epic Loot deu certo? Será que a gratuidade e a mistura de dois gêneros bem distintos convencem os jogadores?

A busca pela pilhagem perfeita

Na teoria, o objetivo principal dos aventureiros em The Mighty Quest for Epic Loot é simples: saquear o castelo de outros jogadores ao estilo “hack and slash” e proteger o seu contra o ataque inimigo no modo Tower Defense. Na prática, entretanto, esse esquema se mostra bastante complexo.

O começo do jogo, um tutorial “cheio de linguiça”, coloca os jogadores para aprenderem como aproveitar corretamente o título. Funciona, mas chega um ponto em que você se pergunta: “Quando isso vai acabar?”. A culpa é da mistura de gêneros, que trouxe uma complexidade que, individualmente, eles não apresentariam. Digamos que é necessário aprender a jogar dois games em um, algo que pode demorar a fazer sentido para algumas pessoas.

A busca pela pilhagem perfeita.

Definindo os gêneros

Para entender bem como The Mighty Quest for Epic Loot funciona, é bom ter em mente como são as mecânicas que serviram de base para sua inspiração. O gênero “hack and slash”, representado por títulos como Diablo e Torchlight, coloca o personagem em uma perspectiva isométrica e impulsiona os jogadores a desbravar o mundo em um estilo livre de batalhas.

Já o tradicional Tower Defense consiste em armar uma defesa contra o ataque inimigo para impedi-lo de chegar até determinado ponto ou destruir alguma construção importante. Nesse gênero, costumamos usar obstáculos, armadilhas, aliados e até mesmo a própria disposição espacial dos objetos em favor do objetivo final.

"Hack and slash" ou Tower Defense?

A mistura dos gêneros

A parte “Diablo” de The Mighty Quest for Epic Loot consiste na invasão dos castelos. Nesse momento, também assumimos a perspectiva isométrica – com muito mais controle do que no tradicional game da Blizzard – e desbravamos a construção que foi projetada por outro jogador.

E é aqui que entra a parte do Tower Defense. As suas defesas, assim como a de seus inimigos, vão oferecer resistência contra a investida dos outros jogadores. Nesse sentido, o game de destaca porque dificilmente encontramos um castelo igual ao outro, com as mesmas armadilhas e obstáculos. A imaginação pode rolar solta e verdadeiros desafios podem ser construídos com as ferramentas do jogo.

A parte "hack and slash" do game.

E a parte Tower Defense.

Complexidade: o ponto positivo e negativo

Apesar de a complexidade desencorajar aqueles jogadores mais descomprometidos, os mais atentos vão perceber que o jogo é muito rico em detalhes. Tanto na parte “Diablo” quanto na parte Tower Defense, The Mighty Quest for Epic Loot parece ter sido planejado em cada canto. Até as descrições de itens foram bem trabalhadas.

Porém, a complexidade começa a pagar o seu preço com o tempo. Quer reformular a sua defesa completamente? Haja paciência para excluir todos os itens (há atalhos, é verdade), planejar a arquitetura do castelo (sim, dá para mudar completamente a disposição das salas) e colocar novamente suas armadilhas e obstáculos. O mesmo acontece quando você vai pilhar o inimigo: alguns castelos são tão mal projetados que sua construção não parece fazer o menor sentido.

Complexidade: bom ou ruim?

Ainda é bom se lembrar de que você tem uma evolução completa de personagem para se preocupar. O herói (que pode ser escolhido entre quatro classes diferentes), dono do castelo que você tem que defender, evolui, precisa de itens, tem árvore de habilidades, deve comprar e vender e fazer tudo o que também fazíamos em jogos no estilo “hack and slash”.

É muito provável que muitos jogadores desistam ao enfrentar essas complexidades, mas, mesmo assim, vale a pena insistir e descobrir se os obstáculos seguintes conseguem oferecer uma experiência mais “agradável” – seja lá qual tenha sido a sua dificuldade.

Nem parece que é de graça

Apesar dos aspectos que podem desencorajar os jogadores, The Mighty Quest for Epic Loot acertou em cheio quando o assunto são os gráficos e efeitos sonoros. Observando apenas esses aspectos, é difícil imaginar que esse seja um título “free-to-play”. Não há um mundo gigantesco para ser renderizado, mas o título merece elogios por causa do resultado final dos cenários, personagens e todos os objetos que aparecem na tela.

Como de costume, a Ubisoft brindou os jogadores brasileiros com a legenda e tradução para o português do Brasil. Sem ela, inclusive, fica muito difícil acompanhar o tutorial inicial em que aprendemos os princípios básicos do game.

"Free-to-play" ou "pay-to-win"?

Vale a pena?

Em desenvolvimento desde o final de 2012, o game entrou em fase Beta aberta ao público no começo de 2014. De lá para cá, o jogo mudou bastante e conseguiu implementar uma série de mecânicas novas e interessantes. Porém, uma dessas adições foram as compras dentro do jogo que acabaram transformando The Mighty Quest for Epic Loot em um “pay-to-win”. Aqueles que desembolsam grana real encontram vantagens que jogadores comuns não teriam. Isso acabou desbalanceando o game e espantando os novatos da franquia.

Apesar disso, dá para ter uma experiência equilibrada e contar nos dedos das duas mãos os momentos frustrantes como esse. Como um “Diablo”, o título não decepciona. Sendo um Tower Defense, o game se esforça, mas peca em alguns aspectos, como a complexidade exagerada. Sendo uma mistura gratuita dos dois, The Mighty Quest for Epic Loot compensa e vale o investimento de tempo, já que grana você provavelmente não vai desembolsar alguma.

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Pontos Positivos
  • Jogabilidade ousada e divertida
  • Belos gráficos e efeitos sonoros
  • Free-to-play (gratuito)
  • Legendas em português
Pontos Negativos
  • Complexo demais em algumas situações
  • Ligeiramente "pay-to-win"