Imagem de The Wheelman
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The Wheelman

Nota do Voxel
70

Vin Diesel explode tudo, dividindo em dois um game peculiar.

Não é novidade que Vin Diesel possui um estúdio de desenvolvimento de games. Também não é novidade que este estúdio tem a capacidade de desenvolver títulos bons, como aqueles de Riddick. No entanto, Wheelman revelou-se um jogo dividido entre a dualidade de ser um “open-world” totalmente arcade, com elementos de filmes hollywoodianos, e a tentativa excessiva de assimilar conceitos de blockbusters como GTA. E acabou pagando por isso.

Devido a esta divisão bastante clara entre os elementos aprazíveis do game e as coisas que incomodam – bastante, por vezes – vamos falar primeiro daquilo que deixou a desejar para em seguida passar à parte boa. Então, com estas duas perspectivas em mente, teremos uma ideia mais precisa do valor real de Wheelman.


O lado ruim

Para começar, como já foi exposto em nosso “hands-on” da demo, você é jogado diretamente na ação, nada foi mudado nesse sentido. A mesma cena de Milo Burik (o personagem vivido por Vin Diesel) fugindo da polícia com sua comparsa no banco do passageiro é a primeira missão do jogo. O local onde você a deixa parece ser diferente, mas é isso. Os tutoriais continuam ali e a confusão a respeito do que seu personagem está fazendo metido no submundo permanece.

Os diversos elementos do jogo são destravados gradativamente, conforme as missões principais são realizadas. Ou seja, no início você não terá acesso ao turbo, a armas, a cavalos-de-pau para atirar no tanque de inimigos ou qualquer das coisas emocionantes do game. O que é bastante desnecessário, pois é possível acostumar novatos ao jogo sem irritar veteranos que queiram jogar novamente.

Você de novo?

Contrariamente à impressão obtida na demo - que devido à sua curta duração focava principalmente nos aspectos mais explosivos e corridos - onde não havia muito tempo para percepção de detalhes, agora pudemos ver inúmeras falhas na parte visual. Nomenclaturas inglesas já famosas entre os gamers, como “clipping” e “pop-ins”, além de texturas mal-realizadas que fazem alguns personagens parecerem zumbis de Resident Evil, abundam no jogo.

Existem também alguns pontos positivos, no entanto, como a representação bastante fiel de Diesel e efeitos de luz e sombra bastante precisos. Mas fica por aí. A terra levantada pelo pneu dos carros parece algo vindo diretamente de duas gerações de video games atrás. Uma pena, considerando o enorme potencial das plataformas em que este jogo roda. É até difícil de acreditar que em alguns momentos a taxa de frames por segundo caia.

Esta árvore já vai virar poeira No que diz respeito às animações e aos efeitos de física do game, algumas coisas são simplesmente incompreensíveis. Árvores se desintegram quando atingidas por qualquer coisa, até mesmo uma moto. Grades voam longe ao serem atingidas por um Mini Cooper. Milo só é arremessado para fora do veículo quando este é uma moto, e é preciso estar muito rápido para que isso aconteça.

A interface em si empresta elementos demais de GTA, sendo que o foco do jogo não é o mesmo. O PDA que guarda as missões disponíveis possui um mapa que ao longo do game, caso as missões paralelas não sejam cumpridas, vai ficando extremamente cheio de ícones, tornando-se muito confuso.

No que diz respeito à jogabilidade, as aventuras de Milo enquanto pedestre merecem crítica – falaremos sobre os veículos mais tarde – devido à péssima precisão dos controles. A mira das armas é esquisita, possuindo um modo de mira livre (L1) e um de mira automática que trava nos inimigos (L2). Puxa-se o gatilho com R2, mas ao eliminar um inimigo, teoricamente deveríamos usar o analógico direito para trocar de alvo: mas isso raramente funciona, a mira tornando-se livre com frequência. A única solução é soltar o R2 e segurá-lo novamente, o que pode ser bastante inconveniente em algumas situações.

A inteligência artificial é bastante estúpida, especialmente a de seus aliados, com a exceção de alguns policiais e de carros e pedestres que desviam de suas balas e investidas. Motoristas param o carro assim que você aperta o triângulo e esperam que você chegue até eles para jogá-los para fora de seus veículos e roube seus carros. Pessoas que você deve proteger demoram meia hora para conseguir achar a porta de seu conversível, mesmo que estejam levando bala na nuca.

Uuuuuh... Onde está meu carro?

E a história? Ah, a trama... Confusa, praticamente inexistente e, quando está lá, incoerente. Você não consegue descobrir por que exatamente está trabalhando como motorista para todas as facções diferentes da cidade de Barcelona. Através de alguns pedaçoes desconexos de informação, é possível perceber que Milo é um agente da CIA que deve recuperar um pacote. Nada mais que isso. O fato de que ele está negociando com todos os lados também não parece incomodar os criminosos, que não demoram muito para considerar o americano como um cara confiável e eficiente. Vai entender...

O lado bom

Após um massacre desses, você já deve estar pensando: mas então este jogo não presta, por que é que eu deveria continuar lendo – quiçá adquiri-lo?! Como dito anteriormente, este é um título peculiar. E graças a sua já mencionada dualidade, possui algumas características redentoras. No entanto, elas não serão do agrado de todos, e aqui cabe um questionamento: você é fã de filmes de ação hollywoodianos clichês, com explosões, tiros e perseguições nada realistas? Se a resposta é afirmativa, então prepare-se.

Este tipo de absurdo é o que faz a diversão do jogo!

A diversão é o ponto essencial que pode salvar este jogo das inúmeras falhas cometidas pelos desenvolvedores em sua criação. Alguns elementos são extremamente satisfatórios e o fazem esquecer daquela marca de pneus que sumiu assim que você parou de fritá-los.

O primeiro – e também o mais incrível, em todos os sentidos da palavra – é algo chamado no game de “vehicle melee”. Empurrando o analógico direito para frente ou para os lados faz com que o seu carro deslize de lado, realizando uma manobra que se assemelha a uma “bundada” em quem estiver perto. Isto danifica enormemente os veículos atingidos e, caso um deles já esteja em seu limite, um golpe os fará pegar fogo, capotar, arremessar os passageiros para fora – que quicam como “ragdolls” – e em seguida explodir espetacularmente.

Aquele portão é outro que não vai durar! Outro fato essencial é o de que não há nenhuma razão para ser politicamente correto. A maioria do cenário é destrutível e não existe nada que o impeça de fazê-lo a todo momento, para ver cadeiras, grades, estátuas e vidro voando e se despedaçando. Ao contrário de games como GTA, nas missões a polícia dificilmente aparece – a não ser que esteja no “script” da trama – mesmo que você esteja demolindo metade do município em sua corrida frenética atrás de um determinado objetivo.

Para realizar tudo isso, os controles dentro dos veículos são bastante instintivos e gratificantes. É possível dar zerinhos facilmente, derrapar com o freio de mão para fazer curvas, acionar o acelerador e o freio simultaneamente (R2+L2) para executar um “drift”, entre outras. Tudo muito fácil e rápido de aprender, ao melhor estilo arcade. O realismo vai pela janela em determinadas freiadas e arrancadas, mas nada que incomode – se o objetivo é um simulador de corrida, existem outros no mercado feitos para isso.

As habilidades especiais que podem ser executadas com os veículos também são completamente absurdas, mas emocionantes – ao melhor estilo Hollywood. Ao possuir a barra de turbo cheia, você pode assumir uma posição de mira sobre o ombro do protagonista dentro do carro e atirar em câmera lenta nos oponentes. Caso acerte o tanque ou o motor dos carros, eles explodem violentamente e pessoas voam para todos os lados. Uhul!

Mythbusters que nada! Tiros no tanque causam explosões, SIM!

As missões são completamente loucas e absurdas. Existe uma em que você deve amedrontar um cara que está no teto do seu carro – do lado de fora. Para isso, você deve realizar saltos, curvas fechadas e atravessar objetos para que ele revele informações. As perninhas do cidadão balançando enquanto você percorre as ruas em alta velocidade formam uma cena hilária.

Em outra, você deve resgatar um criminoso descuidado que foi pego por uma gangue rival. E aí não há meio-termo, você dirige uma moto por trilhos de trem desativados de forma a alcançar um local forrado de meliantes armados até os dentes. O que não impede Milo de massacrá-los com uma pistola até adquirir um fuzil  - e isto logo nas primeiras missões.

A trilha sonora é bastante variada, com danças flamencas e rock pesado tocando em diferentes momentos. O silêncio também é utilizado de forma adequada, em algumas sitações que requerem um pouco mais de atenção ou suspense. As vozes, embora completamente sem emoção, falam inglês e espanhol, dependendo do personagem. Isto traz uma imersão que geralmente não é vista em jogos do tipo.

Mas qual lado prevalece?

É difícil dizer o que o público em geral achará do título, tendo em vista os pontos expostos acima. A certeza é de existirão críticos ferrenhos, assim como defensores que apreciam o estilo de Vin Diesel. O que este jogo definitivamente não pode ser considerado é um excelente game, pois não é. Falhou em muitos aspectos e deixou a desejar em diversos segmentos que são absolutamente necessários hoje em dia para um produto do gênero, como gráficos adequados.


Mas se você é daqueles que não se importam muito com detalhes e buscam apenas um título de ação com um protagonista carismático e já bem-conhecido, Wheelman tem tudo para preencher seus desejos. Com ação ininterrupta – você pode pular direto para as missões sem ficar rodando pelo mapa, o que não agradará alguns fãs de “open world” – muitas explosões, tiroteios e perseguições, este é um clássico exemplo de entretenimento em que não se deve pensar muito. Ou esperar que seja um game profundo.

Wheelman segue a linha dos diversos filmes protagonizados por Diesel, como Triplo X, e aposta na emoção para sobrepor as limitações técnicas e de história, que realmente não é envolvente. Com isso, certamente irá dividir opiniões e não irá agradar a todos. Mas isto é algo atingido apenas por seletos títulos, e é difícil acreditar que alguém esperasse que Wheelman se tornasse um sucesso absoluto.
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