Imagem de Timeshift
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Timeshift

Nota do Voxel
88

Física quântica e dobras no tempo muito bem utilizadas dão a Timeshift as inovações necessárias para ser um FPS de sucesso.

Ultimamente os jogos de tiro em primeira pessoa, conhecidos pela sigla FPS (do inglês First Person Shooter), já estão deixando a fórmula antiga, que envolvia apenas o uso de armas de fogo, ainda que futuristas. BioShock e seus plasmids, Jericho e poderes paranormais, bem como Crysis, com seu traje nanotecnológico que concede superpoderes, são excelentes exemplos das tendências que o gênero segue atualmente.

Timeshift é mais um jogo que se passa numa realidade alternativa onde ciências como nanotecnologia e física quântica já oferecem resultados práticos aos pesquisadores. Assim como em Crysis, o personagem principal de Timeshift utiliza uma roupa desenvolvida com alta tecnologia que possibilita ao jogador ações diferenciadas. No caso deste título, essas ações se resumem a um controle temporal que permite ao jogador executar pausas, desacelerações e até retrocessos no tempo.

É isso mesmo: o jogador obtém um controle limitado da velocidade com que os fatos do jogo ocorrem. Ao adentrar o continuum espaço-tempo, você ganha a habilidade de manejar o tempo e movimentar-se normalmente no plano tridimensional.

Entretanto, como o traje funciona com uma bateria, existem certas limitações neste aspecto: cada uma das ações sobre o tempo gasta uma determinada quantidade de bateria, por isso elas cada ação dura um período diferente. A desaceleração temporal é a que dura mais, sendo mais utilizada durante combate com múltiplos inimigos por esse motivo. Já as funções de pausa temporal e retrocesso são de duração extremamente curta, e portanto mais utilizada para fins de conclusão de quebra-cabeças, ainda que a pausa seja muito útil durante combates com menos adversários ou para correr entre uma proteção e outra durante o tiroteio.

Wormholes e buracos de bala.

Jogos são desenvolvidos para entretenimento, e portanto há um questionamento pesado com o enredo de jogos violentos. Enquanto uma grande parcela da comunidade gamer está apenas interessada em atirar e matar, sem histórias oferecendo um bom motivo para o personagem envolver-se na guerra, outro percentual preocupa-se com um enredo bem formulado e envolvente que seja capaz de prender sua atenção como em um filme.

A parcela interessada em histórias que prendem a atenção e fazem o jogador viajar em mil teorias científicas irá se identificar perfeitamente com Timeshift. Nele, entender um pouco sobre física teórica é um bom começo para que o jogador não se perca na história. Essa conexão já começa no manual do jogo, que usa termos como “wormhole” (buraco de minhoca), “continuum espaço-tempo” e outros nomes um tanto escabrosos para grande parte dos jogadores.

Não é estritamente necessário conhecer esses termos para jogar, mas eles facilitarão muito o entendimento do enredo. Se você já conhece ou não está interessado em conhecer física teórica, aconselhamos pular este e o próximo parágrafos, que darão a base para entender o enredo de Timeshift. Wormhole, do inglês “buraco de verme” é conhecido em português como dobra no tempo e define uma passagem entre dois pontos do Universo, funcionando de maneira similar a um atalho. O nome em inglês baseia-se na explicação de que essa dobra comporta-se como o buraco criado por um verme cruzando um fruto, este buraco serve como um atalho para acessar o lado oposto da superfície do fruto. Da mesma forma, wormholes são atalhos para certos pontos no espaço-tempo.

Já continuum espaço-tempo pode ser definido através de duas teorias distintas: a primeira afirma que este termo nomeia uma região do Universo — acessível através de portais dimensionais — na qual o tempo pode ser moldado. A segunda diz que o continuum espaço-tempo não passa de um estado atingido pela matéria quando esta encontra-se em determinada velocidade (a mais aceita é a velocidade da luz elevada ao quadrado). Timeshift usa a última teoria, e segundo o enredo, o traje especial seria um tipo de nave que acelera até essa velocidade, desenvolvido com um material que protege o corpo do usuário dos danos a que estaria submetido em tamanha velocidade.

Aulas de física à parte, voltemos ao enredo

Após o Dr. Aiden Krone criar um traje experimental capaz de viajar no tempo e sua equipe aperfeiçoa-lo, desenvolvendo uma nova versão da roupa, o cientista instala uma bomba no laboratório para que ninguém o siga e retrocede no tempo até alguma data anterior a 1939. Usando seus poderes de controle temporal, Krone torna-se um ditador e domina o mundo, alterando completamente a linha do tempo dali em diante.

Entretanto, um de seus ajudantes consegue ativar a nova versão da roupa e ir atrás do cientista no passado. Este ajudante é o protagonista do jogo, e o personagem jogável, que volta para o ano de 1939, quando o cientista já está no poder. Neste momento o dispositivo de viagem no tempo da roupa quebra, e o cientista fica preso no ano de 1939, decidindo então destruir o império maligno do cientista Aiden Krone.

Como o traje conta com um sistema de inteligência artifical, quando o dispositivo principal foi danificado este sistema ativou os poderes disponíveis durante o jogo: desaceleração e pausa temporal bem como um breve retrocesso de alguns segundos. Você deve então auxiliar um grupo de rebeldes que lutam contra Krone, objetivando eliminar o ditador.

Nada muito futurista nos gráficos

A ambientação gráfica do jogo não traz grandes inovações, porém cumpre muito bem sua função. Como Timeshift se passa numa distopia — palavra que caracteriza o extremo inverso de uma sociedade utópica  —, seus cenários têm um clima cyberpunk repleto destruição e morte. Parques tomados por soldados, metralhadoras cercadas por barricadas com sacos de areia em plena rua e prédios e carros destruídos são encontrados com freqüência no jogo.

Porém, as texturas e efeitos de luz em Timeshift não impressionam. O gráfico do jogo é mediano, com texturas muito boas em certos trechos do cenário e outras um tanto pobres (um bom exemplo são os veículos), que não chegam ao padrão visual dos títulos do momento. Sua iluminação também é comum e não chama tanta atenção. No entanto a física de Timeshift é muito boa. Apesar do cenário não ser interativo, o corpo dos inimigos responde aos tiros de uma maneira muito gratificante.

Também é interessante ver o efeito causado durante a execução de algum dos poderes temporais de seu traje. As bordas da tela parecem estar magnetizadas, causando uma sensação muito similar à imaginada por cientistas ao penetrar as ditas dobras temporais. Além disso, ao passar perto de corpos de personagens mortos, o campo gerado ao redor de seu corpo, devido à supervelocidade a que este está submetido, faz com que a gravidade diminua, e você pode ver os corpos iniciando a levitar.

Trilha sonora enebriante

Aliada aos gráficos em estilo cyberpunk, uma incômoda gravação é repetida por grande parte do cenário do primeiro ato, que se passa em uma cidade semi-destruída. Nela ameaças aos “occupants” (ocupantes), como são chamados os cidadãos, são realizadas frequentemente pela voz de Aiden Krone. Isso reforça o clima de medo e destruição imposto pela ambientação sombria e pelos cenários semi-destruídos.

Além disso, outros efeitos sonoros, como a comunicação entre os inimigos e até entre os rebeldes que seu personagem defende, bem como o som dos tiros, granadas e outros tipos de explosões terminam de moldar a atmosfera de terror de Timeshift.

Jogabilidade consistente com ação e lógica na medida certa

Crysis e Timeshift têm muito em comum quando o assunto é jogabilidade, afinal os protagonistas de ambos os jogos possuem roupas de alta tecnologia que lhes concedem poderes. Além disso é baseado no uso desses poderes que a experiência nos dois títulos ganha significado. Entretanto, A relação termina por aí. Timeshift oferece um acesso inúmeras vezes mais intuitivo e fácil aos comandos do traje que os de Crysis.

Enquanto Nomad — o protagonista de Crysis — seleciona o poder de seu traje com o uso do mouse, o cientista anônimo de Timeshift utiliza teclas de atalho combinadas com a tecla Shift. Como todas as teclas (E, F e C) são posicionadas próximas à tecla D, o acesso durante o jogo é rápido mesmo durante uma cena com muita ação. Este, que foi um dos principais pontos negativos evidenciados em Crysis, torna a jogabilidade de Timeshift uma experiência única em jogos de tiro em primeira pessoa.

Os comandos do jogo são muito bem desenvolvidos, e até mesmo a tecla para lançamento de granadas está melhor posicionada que na maioria dos jogos. Enquanto os principais títulos de tiro atuais usam a tecla G para lançar granadas, Timeshift aproveita-se da tecla Q, muito mais acessível que a anterior, para tal manobra. Infelizmente, o botão para aproximar a arma do rosto, dando uma espécie de minizoom no cenário, confunde os jogadores que estão acostumados a usar para essa tarefa o botão direito do mouse, pois aqui é a tecla E que tem essa função.

Em suma, a disposição das teclas de jogo foi criada com muito cuidado pelos desenvolvedores e merece a atenção dos fãs de tiro em primeira pessoa, já que é um dos principais pontos altos de Timeshift. Além disso, a inteligência artificial dos adversários também foi muito bem trabalhada, garantindo uma experiência muito mais desafiadora que contra scripts mal desenvolvidos.

Mais um ponto positivo da jogabilidade é a excelente mescla de ação com raciocínio lógico que o título oferece. Timeshift não é apenas mais um jogo de tiro no qual você só deve avançar pelo cenário atirando nos adversários a torto e direito. Além do uso do tempo como aliado tático, também é necessário usá-lo em quebra-cabeças interessantes que exigem um pouco mais do raciocínio do jogador.

Não espere grandes desafios neste sentido. A maioria das soluções dos puzzles se resume a utilizar a pausa temporal de forma sensata. Entretanto, as “paradas para respirar” entre uma enxovada de inimigos e outra dá ao jogo maior credibilidade e diversificação.

Visite um passado alternativo com um jogo emocionante!

Controlar o tempo é uma capacidade que qualquer ser humano deseja possuir, e Timeshift concede uma experiência muito envolvente ao inserir o jogador num conceito histórico que se perde entre passado e futuro. A ambientação remete a um futuro destrutivo repleto de alta tecnologia, enquanto o jogo se passa cerca de 80 anos antes dos dias atuais.

Essa mescla de passado e futuro já cria uma experiência interessante, principalmente quando é aliada à jogabilidade perfeita e à trilha sonora muito bem desenvolvida que este novo título dos mesmos criadores de F.E.A.R. Trazem para você.
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