Imagem de Tomb Raider: Anniversary
Imagem de Tomb Raider: Anniversary

Tomb Raider: Anniversary

Nota do Voxel
84

Anniversary não é apenas mais um remake caça-níqueis.

Depois de uma série de títulos um tanto inexpressivos, a desenvolvedora Crystal Dynamics lançaria o decente Tomb Raider: Legend, que, embora fosse um tanto comercial, levava a franquia de volta às origens em diversos aspectos. Novamente, tinha-se um Tomb Raider através de localidades exóticas, trazendo uma boa dose de enigmas complexos e algumas acrobacias que, não fossem obra da senhorita Croft, pareceriam francamente exageradas (embora estivessem com ares de “coisa nova”).

Pois o bom trabalho da Crystal Dynamics gerou um fruto bem interessante. Utilizando a engine de Legend (bem como várias características trazidas pelo título), Tomb Raider: Anniversary, longe de ser apenas mais um remake caça-níqueis, consegue realmente matar dois coelhos com uma única cajadada. Se por um lado o jogo traz uma certa nostalgia (embora revestida de modernidade) para fãs da época, por outro lado acaba trazendo uma experiência bastante interessante mesmo para a atual geração de jogadores (o que prova que um clássico não se torna clássico por acaso), parecendo quase um título inédito. Um bom título inédito.

O surgimento de um ícone


A pioneira Lara Croft agora com um Pode-se dizer que Tomb Raider original de 1996 trouxe consigo duas notáveis revoluções para a indústria de jogos. Em termos de jogabilidade, o que se tinha na época era o começo de uma passagem das tradicionais aventuras side-scroller em 2D para uma imersão um tanto mais intensa trazida por novos e empolgantes ambientes em terceira dimensão; algo que caiu como uma luva tanto para a trama quanto para os ambientes trazidos pela aventura inicial de Lara Croft; a idéia de fuçar por uma tumba antiga e misteriosa com um grau de imersão inédito não podia mesmo ser mais atraente.

Em segundo lugar, está uma característica bem mais ligada à protagonista. Lara Croft foi uma espécie de quebra de paradigma nos mundo dos jogos. É claro que outras protagonistas bastante competentes e expressivas já haviam deixado sua marca nesse espaço, mas Tomb Raider acabou sendo quase um divisor de mares. Ao invés de trazer um musculoso sujeito com roupa militar e algumas dúzias de cicatrizes, o jogo trazia uma mulher com uma eficiência e independência praticamente sem precedentes (além de uma inegável beleza, é claro). Além disso, ainda se tinha uma série de acrobacias de gelar a espinha e alguns enigmas bastante originais (exigindo às vezes bastante paciência).

O jogo inicial (assim como o Anniversary, é claro) trata da busca de Lara pelos descendentes da lendária cidade de Atlantis seguindo algumas informações da empresária Jacqueline Natlas. O jogo se desenrola por uma série de amplas e bem detalhadas tumbas além dos tradicionais caminhos em curva, que servem para disfarçar o carregamento do jogo. Lara irá visitar países como Peru, Grécia, Egito e outros.

A ação (O que há de novo?)

De forma geral, Anniversary não arrisca muito em relação à mecânica de jogo (em time que está ganhando...). Basicamente, o que se têm são as já conhecidas seqüências alternando algumas acrobacias quase suicidas, como pular de uma beirada para outra de um precipício sustentando-se apenas com as mãos nuas, ou mesmo se jogar de uma beirada para outra mais alta (entre outras coisas que jogadores iniciantes podem nem tentar a princípio por julgarem totalmente improvável). Há também uma boa dose de cordas para se pendurar, superfícies para escorregar, etc. Existe também uma corda com um gancho no arsenal da protagonista que, todavia, só pode ser utilizada em momentos predeterminados.

O que marca realmente é a fluidez com que Lara desenvolve os movimentos; de forma alguma parece algo forçado. Além disso, a dificuldade das ações parece muito bem ponderada, não sendo nem frustrante e nem dando às seqüências uma aparência de jogo rítmico.



Em relação às armas de fogo — que representam praticamente todo o sistema de combate —, cabe dizer que, assim como em qualquer Tomb Raider, não passam de meras coadjuvantes; Tomb Raider de fato não é e nem nunca foi um jogo de tiro. O que se têm é um sistema simples e efetivo de travamento de mira que serve para, na maior parte do tempo, matar animais como morcegos, lobos, ratos, tigres e até mesmo alguns animais menos prováveis (sim, os dinossauros).

Como uma adição interessante, há um novo sistema de evasão baseado no nível de adrenalina da protagonista. Em algumas situações de perigo extremo e/ou iminente (como uma besta indomável prestes a cravar os dentes na jugular da heroína), a ação torna-se lenta e Lara tem a possibilidade de evadir-se executando um ataque bem mais efetivo que o normal. Embora estas ocasiões não tragam grandes dificuldades, as seqüências cinematográficas que se desenrolam acabam mesmo valendo a pena.

Gráficos reciclados... mas ainda assim alguns cenários bem decentes

Tudo bem, jamais se poderia dizer que os ambientes e texturas trazidos por Anniversary são medíocres. De fato, belas e envolventes seqüências de imagens pululam a todo tempo pelo jogo. O problema é que essa beleza toda parece mais digna da geração passada de jogos do que desta. A bem da verdade, quem jogou títulos anteriores de Tomb Raider (tanto para PC quanto para PS2 ou outro sistema) não vai perceber em Anniversary um grande salto de qualidade.

O que falta em texturas talvez sobre em ambientação... Todavia, não se pode negar a qualidade de vários ambientes (além de uma inegável melhoria em relação ao título original, é claro), que agora estão mesmo maiores e mais envolventes, trazendo ao jogador uma experiência incontestavelmente mais intensa. Além disso, alguns efeitos de ambiente, tais como as diferenças de propagação de sons em ambientes grandes e pequenos ou mesmo os efeitos da água sobre Lara acabam contrabalançando algumas escorregadas em texturas e frames. No geral, o jogo ainda consegue parecer algo novo após algumas torcidas de nariz.

Os enigmas trazidos pelas tumbas de Anniversary de fato trazem uma elaboração bem evidente (principalmente se comparados com a crueza de alguns encontrados em jogos anteriores). É claro que o estilo clássico de desafio e os clichês aos quais The Simpsons Game faz alusões (não exatamente elogiosas) ainda podem ser encontrados. Porém, via de regra, as coisas estão agora um tanto mais... criativas.

É claro que, de repente, alguns objetivos envolvam simplesmente encontrar uma chave que se encaixará perfeitamente em uma fechadura (a única nas proximidades). Entretanto, um determinado enigma pode muito bem demandar a resolução de outro enigma que, por sua vez, pode acabar exigindo que se resolva um terceiro ou mesmo que se encare mais um ambiente repleto de toda sorte de desafios; de fato, as coisas em Anniversary estão um pouco menos previsíveis (embora ainda seja Tomb Raider).

Fã que é fã certamente não vai perder a oportunidade de ver o seu amado Tomb Raider original com uma roupagem quase inteiramente nova. Já quem teve pouco contato com a série, provavelmente vai garantir algumas boas horas de diversão com um jogo que, além de não ficar devendo nada para alguns dos melhores títulos atuais, ainda traz novamente à série um estilo de ação que havia se perdido ao longo dos anos. Anniversary é uma bela, primorosa e nostálgica homenagem e também um ótimo jogo novo.

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