Como a Acura usou a tecnologia para criar um supercarro revolucionário

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Quando nasceu, em 1990, o NSX – sigla para New Sportscar Experimental – era a resposta da Honda para os supercarros italianos e alemães da época. Como é de praxe, a engenharia japonesa se separou um pouco do sentimentalismo e da paixão dos europeus na criação de seus veículos e resolveu depender de outros dois elementos para chegar ao mesmo resultado: a tecnologia e a experiência de uma equipe vencedora da Fórmula 1.

A proposta da Honda nunca foi ter o modelo mais potente ou com a velocidade máxima mais alta – eles queriam ter o carro mais rápido e que usasse toda a tecnologia e a ciência empregadas em sua concepção para oferecer a experiência mais carnal em termos de direção.

O NSX original: surpreendente e icônico

Não bastava pilotar o carro: você precisava senti-lo. Foi isso que fez do NSX um ícone no mundo automotivo e fez com que os europeus fossem surpreendidos. Além disso, o projeto contou com a colaboração de ninguém menos que Ayrton Senna, piloto da equipe McLaren Honda e já bicampeão da categoria quando o primeiro NSX saiu da fábrica.

Para popularizar o modelo do outro lado do Pacífico, a Honda contou com a ajuda de sua subsidiária nos Estados Unidos, a Acura, que passou a construir o NSX com seu emblema e vendê-lo na América do Norte. O sucesso do carro foi tão grande que ele só deixou de ser produzido 15 anos depois de seu lançamento, com o último modelo saindo da planta da Honda em Suzuka em 2005.

Foram 10 longos anos até que a Acura resolvesse encabeçar o projeto de trazer o NSX de volta – sob o olhar da Honda, é claro – e a história parece se repetir. A proposta para o modelo, que deve começar a ser vendido ainda em 2016, não é de ter o carro mais potente nem o mais rápido: é ter um modelo diferente de todos os outros supercarros que estão por aí – e até mesmo do seu precursor.

Reinventando o ícone

A Honda viu potencial no mercado americano para lançar um novo supercarro, por isso a Acura ficou encarregada e teve a honra de estampar a sua marca no novo modelo do NSX. Como na década de 90, o esportivo nipo-americano chega para bater de frente com os recentes lançamentos europeus: a Ferrari 488 GTB, a Lamborghini Huracán, o Porsche 911 Turbo e o Aston Martin Vantage.

Assim como os concorrentes, o preço do novo NSX não é dos mais baixos: o modelo mais barato começa em US$ 156 mil (aproximadamente R$ 600 mil), e a versão mais completa chega a US$ 205 mil (R$ 820 mil).

Pilotagem cerebral e "anti-Lamborghini"

O que faz, no entanto, o carro da Acura ser diferente dos demais? Diversos veículos especializados definem o NSX como um carro cerebral, acima de tudo. Ele não é visceral como uma Ferrari nem conciso como um Porsche – ele é um NSX, com suas próprias características. Jason Harper, do The Verge, diz que ele é um "anti-Lamborghini".

Começando pelo fato de que o novo modelo é híbrido: ele conta com um motor de seis cilindros biturbo que entrega aproximadamente 500 cavalos de potência, além de outros três motores elétricos que acrescentam mais 73 cv ao conjunto. Isso permite que o NSX seja dirigido em ambientes urbanos em um modo silencioso e econômico – mas também dão mais potência quando o modo "Sport" está ativo.

Um V6 de 500 cavalos e mais três motores elétricos são usados para impulsionar o novo Acura NSX 2017

O motor a combustão, montado no estilo central, logo atrás dos bancos do motorista e do passageiro, recarrega um dos motores elétricos que vão ligados a ele – os outros dois ficam nas rodas dianteiras, dando tração integral ao veículo. Em pilotagens mais esportivas, uma central calcula o comportamento do carro nas curvas e distribui mais potência para as rodas de fora, para que o carro contorne de forma mais precisa e rápida.

Isso também é possível graças a outros dois elementos: o chassi e a suspensão. A estrutura do esportivo é feita de uma combinação de alumínio, fibra de carbono e aço para garantir uma rigidez maior e fazer com que o comportamento seja mais dinâmico e ágil. Tudo isso é suportado por um conjunto de suspensão magnética com um sistema que ajusta os amortecedores em tempo real.

A parte aerodinâmica também faz com que o novo NSX seja totalmente diferente do seu precursor: ele é mais sutil, aparenta ser mais compacto, mas ainda assim demonstra ter personalidade. O desenho do carro foi pensado para complementar a performance e também contribuir para a dinâmica térmica do veículo – tudo sem perder o estilo.

Um esportivo que não quer ser tão esportivo assim

O supercarro da Acura vem com um painel digital em TFT e uma central multimídia que permite que você escolha entre os diferentes modos de condução disponíveis: "Quiet", "Sport", "Sport+" e "Track".

Apesar de o modo de pista dar acesso a tudo o que o carro pode oferecer, boa parte do comportamento dele é controlada pela central eletrônica. Na tentativa de fazer um esportivo diferente de tudo que existe por aí, a Acura acabou fazendo um veículo distante até mesmo do modelo que o originou: enquanto o NSX original era leve e usava a tecnologia para simplificar a direção, a nova versão é pesada e complexa demais.

É certo que o lançamento é revolucionário no segmento: um supercarro inteligente e tecnológico que pode ser utilizado em situações do dia a dia e que também se comporta como um foguete nas pistas – mas é esse distanciamento do conceito original, lá da década de 90, que pode ferir a memória do emblemático modelo.

Não dá para negar, no entanto, que a Acura pode estar prestes a lançar um carro que, mais uma vez, pode surpreender – e já que não temos mais um Senna por aqui para trazer um NSX para o Brasil e visto que a Acura não tem representação oficial no país, resta apenas sonhar que um dia vamos conferir um desses de perto.

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