Imagem de Trine
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Trine

Nota do Voxel
86

Um legítimo conto de fadas com uma fórmula completamente viciante.

Ah, a nossa infância. Bons tempos em que não precisávamos nos preocupar com absolutamente nada além de como iriam terminar as aventuras de nossos heróis prediletos da televisão. Nossos guerreiros não habitavam somente os televisores, mas também as revistas em quadrinhos, livros e, porque não, os videogames.

Quem nunca ouviu um conto de fadas que atire a primeira pedra. Você pode não ter tido a mesma experiência vista em filmes hollywoodianos, em que as crianças ouvem fábulas, lidas pelos pais, antes de dormir. Mas, certamente, você se lembra de Peter Pan, ou Robin Hood, e de como sonhava com os ambientes vividos nas aventuras destes grandes heróis.

Como você imagina os contos de fadas? Felizmente, os dias de hoje contam com vestígios que nos fazem relembrar desta época dourada. Nos videogames, as fábulas também se mantêm vivas, graças a uma série de jogos que conseguem captar toda a magia contida nos livros. Fable, como o nome já diz, é um belíssimo exemplo de um verdadeiro conto de fadas interativo.

Mas, recentemente, outro jogo cativou a atenção de muitos jogadores, graças a sua fórmula que mescla dois elementos clássicos da infância de muitos jogadores: a jogabilidade tradicional do estilo plataforma (2D) e, obviamente, toda a trama dos contos de fadas.

O resultado é Trine, um belíssimo game de plataforma e estratégia que, certamente, fará você embarcar em uma aventura muito divertida e repleta de encanto. Seja bem-vindo ao mais novo conto de fadas para PC.


Era uma vez...


Basicamente, a trama de Trine é um verdadeiro conto da carochinha. Era uma vez um rei, um bom e forte rei. Tudo ocorria bem, os campos eram saudáveis e a população completamente contente. Entretanto, com a morte do rei, o local passou a ser requisitado por nobres avarentos. Com o passar do tempo, o belo e tranquilo reinado passou a ser um lugar pálido e sem vida. Como se não bastasse, a terra ainda foi infestada por mortos-vivos sedentos por destruição. É aí que você entra em cena.

Após ficar por dentro da trama, graças a um narrador que relembra seu tio-avô, você é introduzido aos três personagens, um a um, que o acompanharão durante toda sua jornada.

O primeiro deles é a ladra Zoya, que conta com uma aparência exatamente igual aos ladrões que você imaginava nos contos de infância. Seu objetivo é simples, e não poderia ser diferente. A ambiciosa Zoya visa apenas botar as mãos nos tesouros do reinado, assim como qualquer outra ladra.

Depois de Zoya, quem aparece é Amadeus, o mago “superstar”. Em busca do eterno feitiço da bola de fogo, o personagem conta com diversos feitiços que serão muito úteis em sua jornada. Mas, Amadeus também possui um apelo ao público feminina do reinado. Como boa parte dos magos da carochinha, é levemente desastrado e bem humorado.

O mago é indispensável para sua jornada

O terceiro — mas não menos importante — personagem é Pontius, um típico cavaleiro fortemente armado. O gigantesco Pontius visa apenas encontrar um espaço entre as tropas reais, e fará de tudo para ser notado. Sua força será indispensável em determinados momentos do game, assim como sua coragem, que sempre leva Pontius à frente.

A combinação ideal


Com este trio equilibrado de heróis, você iniciará uma jornada de muita estratégia. Como se pode imaginar, os personagens se completam, pois cada um possui suas habilidades próprias e únicas.

Zoya é também uma exímia arqueira, excelente para combates à distância. Para disparar suas flechas, tudo que o jogador tem de fazer é pressionar o botão esquerdo do mouse. Quanto mais tempo o comando for segurado, maior a força do disparo — algo que pode ser facilmente identificado através de um medidor na tela. Além disso, a ladra também conta com um excelente gancho, que permite a realização de ações de dar inveja ao Homem-Aranha e sua teia.

Basta desenhar com o pó de pirlim pim pim Já o mago, Amadeus, conta com dois feitiços que serão exaustivamente utilizados durante sua jornada. O aprendiz não é o mais indicado para os combates, já que só pode destruir seus inimigos criando caixas ou levitando objetos e lançando-os contra seus oponentes. Entretanto, Amadeus é indispensável em momentos que o jogador encontrar locais de difícil acesso.

Isso porque o mago é capaz de originar caixas, e até tábuas, a partir de puro ar. Tudo depende das dimensões realizadas pelo jogador. Basta que você desenhe um quadrado e pronto: o objeto irá se materializar. O mesmo ocorre quando o gamer traça uma linha reta, o que resulta em uma plataforma. Como se não bastasse, Amadeus também pode manipular os objetos com sua magia, fazendo com que caixas, pedras e até inimigos levitem.

Pontius é mais direto, como todo cavaleiro. Seus recursos são a força, sua espada e seu escudo. Isso é tudo que você tem para destroçar os esqueletos e demais inimigos que surgem durante o game. Além disso, o guerreiro também é capaz de se proteger utilizado seu escudo, que pode ser direcionado para qualquer ângulo com um simples movimento do cursor, assim como o arco e flecha de Zoya.

Um conto para qualquer idade


O sistema de jogabilidade do game é relativamente simples. Você utiliza as teclas W,A,S,D para movimentar seu personagem, enquanto o espaço salta. Com o mouse, você movimenta o cursor e realiza suas ações, utilizando os dois botões do periférico. Após alguns minutos, tudo se torna realmente intuitivo, e você já estará controlando e alterando entre os personagens sem nenhum problema.

Em Trine você controla os três personagens, que são materializados em um único corpo. Ou seja, você pode alterar do mago para a arqueira quando desejar, fazendo com que seu personagem se transforme instantaneamente em outro herói. Basta apertar os botões 1, 2 e 3, cada um para determinado herói. Isso é essencial para a resolução dos diversos quebra-cabeças do game, assim como para os momentos mais apertados, em que é necessário elaborar uma estratégia para conter os oponentes.

Altair? Não, é a ladra

Seus inimigos não passam de simples esqueletos. Em alguns momentos, há variações, como morcegos e aranhas, mas o que predomina são mesmo as ossadas. Entretanto, você encontrará diversas classes distintas, como arqueiros, cavaleiros, escudeiros e até esqueletos que cospem fogo.

Possibilidades quase infinitas


Por outro lado, durante os níveis do game você terá várias possibilidades para completar os desafios do game. Sem dúvidas, há muita estratégia em Trine. Você pode tentar saltar sobre um precipício com Zoya, ou utilizar seu gancho para prender-se ao teto. Ou, se desejar, criar uma plataforma com Amadeus e simplesmente atravessar o buraco. Existem muitas maneiras de completar o game, o que amplia significativamente seu tempo de vida.

Além disso, conforme o jogador progride, ele recebe experiência. Com isso, é possível obter novas habilidades a aprimorar as existentes. O mago, por exemplo, poderá criar não apenas um, mas várias caixas de uma só vez. A arqueira terá a chance de atirar duas flechas de uma só vez. Pontius, por sua vez, poderá carregar pedras e caixotes com suas próprias mãos. Ou seja, além de plataforma e estratégia, o game também tem seus toques de RPG.

Cuidado com o buraco! É muito importante manter a atenção nos medidores de energia de cada um dos personagens. Cada um dos heróis possui sua própria vida e, caso algum deles morra, você terá de resgatá-los no próximo checkpoint. É praticamente impossível completar um nível sem algum dos personagens, já que alguns desafios exigem habilidades exclusivas.

Outro elemento bacana do jogo é que ele é completamente 2D, em relação a jogabilidade. Ou seja, nada de explorar o fundo dos ambientes: você só tem um único plano, assim como em Super Mario Bros. Mas, nem por isso Trine é um jogo pobre no quesito gráfico. A direção de arte é simplesmente fantástica, e concebeu um dos universos mais bonitos e contagiantes da história dos games. É, realmente, como se estivéssemos dentro de nossa imaginação na época dos contos de fadas. Mas, infelizmente, tecnicamente o jogo não impressiona tanto.

Os três heróis


O melhor de tudo é que você não está sozinho. Sim, você pode compartilhar toda esta experiência com mais dois amigos, basta plugar mais dois controles e iniciar uma nova jornada. Ao iniciar o modo multiplayer, a experiência sofre mudanças drásticas, já que os três personagens estão, simultaneamente, na tela.

Sendo assim, você terá de descobrir novas maneiras de carregar todos os corpos, e não só um, como no modo single player, para determinados locais. Isto exige muito mais estratégia e trabalho em equipe, tornando o game ainda mais interessante. Entretanto, existem diversos problemas com a câmera, principalmente quando há algum “traíra” na equipe que deseja sempre ser o primeiro.

Em relação ao áudio, Trine também não deixa a desejar. Trilhas orquestradas e muito bem executadas acompanham o jogador durante toda sua jornada, enquanto os ruídos dos monstros e das bolas de fogo acertando o escudo do cavaleiro contribuem para toda a atmosfera do game.


Simplesmente impressionante


Outro fator que merece destaque é a física do game, que relembra muito Little Big Planet. A interação com o ambiente é grande, mas, felizmente, os objetos se comportam de maneira decente e convincente. Contudo, existem alguns momentos em que a manipulação dos caixotes, por exemplo, se torna relativamente complicada e frustrante.

Os inimigos também podem causar problemas à diversão do jogador. No momento em que você está prestes a resolver mais um excelente quebra-cabeça, surgem dezenas de caveiras. O problema é que os “spawn points” (pontos de surgimento, numa tradução livre) não para de liberar novos inimigos, atrapalhando a diversão do gamer. 

Em suma, a experiência geral de Trine, em uma única modalidade que dura cerca de oito horas, satisfaz qualquer jogador, seja casual ou “hardcore”. A incrível ambientação do game, acompanhada por uma excelente engine física que gera quebra-cabeças de qualidade, resulta em um jogo único e simples. Mesmo com alguns problemas no multiplayer e no brotamento de inimigos, Trine merece ser conferido. Outro fator que pode incomodar é o preço: US$ 30 — relativamente caro para um game de distribuição digital. Mesmo assim, não ouse deixar de embarcar nesta incrível aventura!
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