Review: Steam Controller [vídeo]

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Após anos de promessas, várias protótipos exibidos e alguns adiamentos, a Valve finalmente passou a enviar a seus consumidores as primeiras unidades da versão final do Steam Controller. O dispositivo traz consigo uma proposta ambiciosa: combinar o conforto e a conveniência de um controle convencional com a precisão de movimentos que somente um mouse de alto desempenho oferece.

Além disso, o produto quer se tornar uma opção viável para games que dependem de esquemas que combinam mouses e teclados para serem jogados. Esse é um desafio e tanto para uma empresa que, embora seja muito bem-sucedida no universo dos softwares, até pouco tempo tinha muito pouca experiência com a fabricação de hardwares.

A seu favor, a Valve tem o apoio de uma gigantesca plataforma de games e de uma interface própria (o modo Big Picture), que foram preparadas para trabalhar com o novo acessório. No entanto, ao menos no momento atual, isso não é suficiente para que você queira substituir seu bom e velho gamepad pelo novo acessório.

Uma proposta diferente

A partir do momento em que retiramos o Steam Controller de sua caixa, fica claro que ele não quer simplesmente copiar as ideias que empresas como Nintendo, Microsoft e Sony adotaram. O primeiro sinal disso é o design côncavo do produto, que muda a forma como posicionamentos os dedos opositores em sua superfície.

Além disso, a Valve decidiu incluir somente um direcional analógico no acessório, localizado à esquerda de sua parte central. O local em que esperaríamos encontrar o direcional direito foi substituído por um painel sensível ao toque com respostas hápticas, que funciona de maneira semelhante ao trackpad de notebooks.

Para completar, há a adição de um terceiro par de botões traseiros e o direcional digital também pode ser configurado para funcionar como um painel sensível ao toque. A fabricante optou por uma embalagem simples, que contém o controle, um adaptador sem fio e um cabo micro USB para você fazer a conexão direta com um computador — a novidade funciona com um par de pilhas AA e não tem suporte a baterias recarregáveis no momento.

Desempenho

O processo de instalação do Steam Controller é simples: basta conectar o dispositivo em uma máquina com o Windows ou com o Steam OS instalado para que os drivers adequados sejam baixados de forma automática. Caso você esteja jogando no sistema da Microsoft, o Steam sugere automaticamente a transição para o modo Big Picture assim que o acessório é detectado.

Vale notar que, enquanto o programa da Valve está fechado, o dispositivo se comporta como se você estivesse usando um mouse convencional. Isso permite utilizar o produto para navegar pelos diversos menus de seu sistema operacional, mas limita as opções de interação oferecidas por ele.

A maior diferença do Steam Controller em relação a acessórios fabricados por outras companhias é a integração que ele tem com o sistema de distribuição de jogos. Apertando o botão central do gadget, você acessa um painel de configurações onde é possível mudar o posicionamento de botões e a sensibilidade dos trackpads, inverter o sistema de mira e outros detalhes de sua experiência — os perfis podem ter caráter universal ou funcionar associados a games específicos.

Suas configurações podem ser compartilhadas com os demais membros da comunidade Steam, que já conta com diversos esquemas pré-configurados para você baixar. Além de qualquer pessoa poder contribuir com esquemas de comando próprios, algumas empresas — como a Rockstar e a própria Valve — também oferecem perfis oficiais para alguns de seus títulos.

Na hora de jogar, a experiência obtida não é muito diferente da oferecida por outros controles disponíveis no mercado. A principal diferença, infelizmente, se mostra negativa — a decisão de eliminar o segundo botão analógico e trocá-lo por um painel sensível ao toque traz prejuízo à maioria dos games testados.

Mesmo ajustando a sensibilidade do controle, sentimos muita dificuldade em lidar com títulos em que o segundo analógico ajuda a mirar ou a ajustar a câmera. A exceção a essa regra parecem ser somente os títulos da própria Valve, nos quais a solução adotada pela companhia funciona muito bem.

Outro ponto que decepciona é o controle digital do dispositivo, que na prática também se trata de um painel sensível ao toque. A maneira como ele responde a comandos e seu formato fazem com que ele seja uma opção inviável para games que exigem esse tipo de interação — em outras palavras, é praticamente impossível ter uma boa experiência em jogos de luta usando o controle do Steam.

Jogos para mouse ou que estão fora do Steam

Games que não têm suporte oficial a controles podem ser jogados de forma adaptada no Steam Controller, mas a experiência que você vai ter depende muito do estilo adotado. Em nossa experiência de testes, os games que mais se adaptaram ao dispositivo são aqueles que possuem uma quantidade limitada de comandos e que têm ritmo lento — como The Sims 3, da Electronic Arts.

Caso sua intenção seja usar a solução da Valve para aproveitar títulos que não estão no Steam, temos uma triste notícia: dificilmente eles vão funcionar de maneira adequada. Como o produto está configurado para trabalhar como um mouse convencional quanto o sistema da Valve é desligado, não há qualquer maneira fácil de fazê-lo operar com títulos encontrados em sistemas como o Origin ou o GOG.

Vale a pena?

Depois de testar o Steam Controller em vários estilos de jogos, passamos a considerar o novo produto da Valve uma boa solução para jogar. No entanto, a companhia passa longe de conseguir ser bem-sucedida em muitas de suas pretensões ambiciosas e dificilmente vai ser considerada revolucionária por conta do que o produto tem a oferecer.

O acessório funciona relativamente bem em games que já têm suporte a esse tipo de acessório, mas a decisão de eliminar o segundo direcional analógico deve incomodar muitos jogadores. Por mais que o painel háptico adotado pela fabricante traga a promessa de oferecer uma experiência mais precisa, na prática não é isso o que vimos, apesar dos diversos ajustes feitos no software do dispositivo.

Em contrapartida, o design côncavo, que parece estranho em um momento inicial, logo se torna natural e fica fácil lembrar-se do posicionamento dos botões. Embora você possa até mesmo se esquecer do terceiro par de gatilhos traseiros, eles são úteis para a realização de ações menos frequentes, como o salvamento rápido de seu progresso.

A maior falha do controle é justamente o fato de ele carregar o nome Steam, o que significa que aqueles que também curtem jogos da Electronic Arts, Blizzard ou de outra empresa que não trabalhe junto à Valve vai ter que lidar com uma usabilidade limitada. Dessa forma, esqueça a possibilidade de jogar games populares como a série Valve de maneira adequada com esse acessório.

Em resumo, o novo experimento da companhia liderada por Gabe Newell agrada como um todo, mas não traz diferenças suficientes para você considerá-lo superior ao que nomes como Sony, Razer, Logitech, Microsoft e outras oferecem. Ao menos no momento atual, a impressão que fica é de que ainda vai ser preciso esperar por outras iterações do Steam Controller para que o acessório mereça um lugar cativo em sua coleção.

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