Imagem de Valentino Rossi: The Game
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Valentino Rossi: The Game

Nota do Voxel
78

Ainda é bom ser Valentino Rossi (ou um de seus pupilos)

Todo mundo que gosta um pouco de motos já ouviu falar no nome de Valentino Rossi. Para quem gosta de motociclismo, o nome do italiano é, sem dúvida alguma, um divisor de águas na história do esporte: existe uma MotoGP antes e depois do “The Doctor”. Não é a toa, então, que a italiana Milestone achasse digno fazer um jogo que levasse o nome e contasse a história do piloto nove vezes campeão mundial.

Mas, se eu tivesse que resumir Valentino Rossi: The Game em poucas palavras, elas seriam algo como “uma DLC gigantesca que vem com um jogo junto”. Isso porque, não se engane, o jogo ainda é um MotoGP 16 – só que repleto de novos conteúdos relacionados a um dos maiores nomes da história do motociclismo.

Pense que é como se a Codemasters resolvesse lançar, sei lá, um F1 2017 e decidisse batizá-lo de Ayrton Senna: The Game, com direito a todas as atividades extra-curriculares do brasileiro (pilotando aeromodelos por aí, por exemplo), venderia horrores, certo? Pois é, a receita é bem parecida.

Sendo assim, o que você pode esperar de VR: The Game? Basicamente, tudo que fez a franquia MotoGP voltar aos holofotes lá na Europa pelas mãos do competente estúdio italiano Milestone: uma jogabilidade bem produzida e amigável, uma física extremamente convincente para um jogo de motociclismo, gráficos bons – mas longe de utilizar todo o potencial da atual geração de consoles – e uma sonorização ok.

A contribuição de Valentino Rossi, por sua vez, é o grande diferencial e, como dito anteriormente, vem como um gigantesco pacote de conteúdo adicional que faz com que o jogo, mesmo sendo um MotoGP 16, proporcione experiências bem diferentes.

Explico: os desenvolvedores viram uma oportunidade de ouro em trazer o nome do piloto italiano para o game porque, além de sua carreira brilhante na MotoGP, ele também participou de competições com automóveis e organiza frequentemente corridas offroad em seu rancho. A Milestone, por sua vez, também é a responsável por títulos como Sébastien Loeb Rally Evo que, como o nome diz, é de rally, e MXGP, do mundial de MotoCross.

Sendo assim, os caras tinham a faca e os queijos na mão para unir três engines diferentes em um só título sob um pretexto extremamente válido – e a ideia casou perfeitamente. É por isso que as grandes inovações de Valentino Rossi: The Game são as atividades que você pode fazer fora de uma moto de MotoGP: é possível participar de eventos de RallyCross com o Ford Fiesta do Rossi, fazer drifts com um Mustang ou se aventurar no terreno escorregadio do MotoRanch.

Esses eventos podem ser feitos de duas formas. A primeira delas é na pele do italiano nove vezes campeão, através de um modo que permite que você reconstrua os principais momentos da carreira de Valentino: desde sua primeira vitória na MotoGP, no GP da República Checa em 1996, passando pelas batalhas históricas travadas ao longo de sua jornada, até o último campeonato conquistado pelo italiano, em 2009.

Essa história também é contada através de um compilado de informações batizado de “Rossipedia”. Outros modos que fazem parte da “Rossi Experience”, como é chamada a categoria no game, envolvem desafios às marcas e tempos estabelecidos pelo Doutor.

Você pode começar também como um de seus pupilos, no modo carreira. Nele, você cria o seu próprio piloto e começa sua história na chamada “VR Riders Academy”, a “escolinha” de Rossi para formar novas estrelas no motociclismo.

A mecânica é a mesma: você participa de diversos eventos e vai construindo sua carreira na MotoGP sob a tutela de Valentino. Entre uma corrida e outra, você participa de eventos fora do campeonato, como é o caso das competições de drift ou as corridinhas entre amigos no rancho de Rossi.

É possível customizar seu personagem com uma gama de produtos licenciados de marcas conhecidas entre os amantes de motociclismo, entre capacetes, botas, luvas, número e outros detalhes.

MotoGP 16: a experiência mais tradicional

Se você busca uma experiência mais tradicional – o que é relativamente difícil em jogo que transpira o nome de Rossi por todos os poros –, você tem a temporada de 2015 e 2016 do mundial de motovelocidade à sua disposição nas três categorias existentes: Moto3, Moto2 e MotoGP.

São diversos pilotos e equipes diferentes que podem ser escolhido para correr uma temporada completa, passando pelo fim de semana completo de corrida, com direito a treinos práticos, classificatório e a corrida em si.

A abordagem é bem mais simples e direta, justamente para aqueles que buscam algo mais parecido que o que vinha sendo visto até agora nos jogos da série. A grande questão aqui é que ele é um apenas um modo entre os 15 disponíveis no game, entre o singleplayer e multiplayer.

Um dos aspectos mais bacanas de Valentino Rossi: The Game e que também está relacionado ao conteúdo mais “puro” do título é o modo histórico, que permite que você corra com pilotos de outros períodos importantíssimos da MotoGP, como é o caso das temidas 500cc do fim da década de 90, ou as tradicionalíssimas 250cc de dois tempos – uma das categorias, inclusive, na qual Rossi se destacou.

Nomes importantes destas eras estão presentes e você pode ter o privilégio de dar umas voltas, por exemplo, com pilotos como o brasileiro Alexandre Barros ou o italiano Loris Capirossi. Isso leva o número total de pilotos disponíveis no game a 291!

Carros e MotoRanch: inovações bem-vindas, mas...

Se Valentino Rossi: The Game é competente em oferecer uma experiência tradicional, ele também acerta ao oferecer algo que vai além das corridas da MotoGP. É o caso das competições de RallyCross, Drift e os eventos em pistas de superfície escorregadia no rancho do The Doctor.

O único problema aqui é que, enquanto o conteúdo em si é bacana, a aplicação... Bem, nem tanto. Não que seja uma falha da forma como foram inseridos, mas é que, assim como já foi visto em Sébastien Loeb Rally Evo, a engine física da Milestone para os veículos de quatro rodas ainda carece de polimento e não consegue ser tão fluida quanto o que se tem quando se está sobre uma moto.

Andar nas motos de motocross, como era de se esperar depois do excelente trabalho da desenvolvedora em MXGP2, é muito bacana, mas essa mesma empolgação não está presente quando você senta atrás do volante do Ford Fiesta RX de Rossi ou no Mustang de drift.

A jogabilidade nas motocicletas continua amigável, entregando um feeling muito bom ao jogador, apesar de se tratar de uma dinâmica diferente em função da transferência de peso do piloto e tudo mais. Já nos carros, você tem comandos que respondem de forma estranha e uma física pouco responsiva – é difícil prever o comportamento dos veículos e quem não tem tanta familiaridade com jogos de corrida pode ter bastante dificuldade em conseguir andar direitinho.

Ainda assim, ter a possibilidade de jogar algo diferente entre uma corrida e outra da MotoGP ajuda a dar uma oxigenada no jogo, mas também pode ser um pouco frustrante. De qualquer forma, a inclusão desse tipo de conteúdo é um esforço a ser reconhecido, já que ele pode não mais aparecer caso os desenvolvedores optem por voltar para a fórmula tradicional nos próximos títulos da franquia MotoGP.

O bom que poderia ser ótimo

Sendo um dos únicos jogos de motociclismo da atualidade, Valentino Rossi: The Game mostra que a Milestone está em uma posição relativamente confortável, e um dos pontos que mais evidencia isso fica na parte técnica: a evolução na parte gráfica do game é quase nula em relação ao seu antecessor, o MotoGP 15.

Enquanto a produtora conseguiu contornar bem o risco de cair no “mais do mesmo” na parte de conteúdo, os aspectos técnicos não conseguiram se desvencilhar disso. Visualmente e sonoramente, VR: The Game é praticamente a mesma coisa que se viu no ano passado e, sendo assim, peca nos mesmos pontos. Não significa que se trata de um jogo feio, não: ele é bonito, mas está bem longe de aproveitar tudo o que os consoles e PCs da atual geração têm para oferecer.

Por não ser muito ambicioso em tentar superar os limites da parte de hardware, a performance do jogo é boa e não apresenta slowdowns mesmo com muitas motos presentes na tela, mas a experiência visual é bem linear nas três plataformas nas quais o game está disponível.

Sonoramente ele também não impressiona, já que, apesar de não fazer seus ouvidos sangrarem, não existem uma trilha sonora ou um trabalho excelente de áudio que se destaque.

É justamente essa falta de evolução nos aspectos mais técnicos que fazem com que, apesar das novas atividades, ele ainda pareça mais do mesmo. São os mesmos gráficos, os mesmos sons, a mesma jogabilidade (que não é ruim, mas poderia ser refinada), a mesma física, tudo com uma cara nova e com conteúdos reaproveitados de outros games da produtora.

Ainda é bom ser um piloto da MotoGP – mas por quanto tempo?

No fim das contas, Valentino Rossi: The Game deixa evidente que os mesmos pontos que foram os grandes destaques da franquia MotoGP nos últimos anos também começam a ser suas principais fragilidades.

A Milestone fez um bom trabalho em dar uma “chacoalhada” na série e souberam aproveitar muito bem o nome de Valentino Rossi ao oferecer novos modos de jogo e fazer o jogador ir além da MotoGP – tudo isso enquanto mantém as qualidades do seu principal conteúdo.

Por outro lado, se a parte de conteúdo apresenta inovações bacanas, o mesmo não pode ser dito dos aspectos técnicos: ao optar por manter também o bom visual, efeitos sonoros, jogabilidade e física, a Milestone faz com que Valentino Rossi: The Game ainda pareça mais do mesmo e evolua pouco em relação aos títulos anteriores – o mesmo conteúdo com uma roupagem um pouco diferente.

Sendo assim, a conclusão que se chega é que ainda é muito bom ser um piloto da MotoGP e que é legal ter um título bom de motociclismo no mercado. Mas, logo, logo, talvez esse bom não seja mais o suficiente para fazer com que as pessoas se interessem pela franquia – e nem mesmo o nome de Valentino Rossi poderá ser capaz de mudar isso.

Se você gosta de MotoGP, Valentino Rossi: The Game é um título mandatório na sua coleção, mais do que seus antecessores por apresentar uma enxurrada de conteúdo. Agora, se você só gosta de motos e sente saudades de Tourist Trophy, talvez Ride 2 (também da Milestone) seja uma compra muito melhor.

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Pontos Positivos
  • Novos conteúdos, como rallycross e corridas no motoranch, dão uma oxigenada na franquia
  • Jogabilidade continua amigável e abrangente
  • Diversos modos de jogo disponíveis, entre mais tradicionais e mais inovadores
  • É possível reviver momentos históricos de um dos maiores nomes do motociclismo
Pontos Negativos
  • O jogo não apresenta evoluções significativas na parte gráfica, sonora e física...
  • ... e essa falta de inovação faz o jogo parecer "mais do mesmo"
  • Jogabilidade com os carros é truncada e pouco fluida, completamente diferente das motos