Imagem de WarioWare: Smooth Moves
Imagem de WarioWare: Smooth Moves

WarioWare: Smooth Moves

Nota do Voxel
80

Mais de 200 microgames malucos à disposição.

Warioware: Smooth Moves (WSM) é um jogo repleto de minigames que utiliza largamente as possibilidades do wiimote. Tal como Rayman Raving Rabbids e Wii Play, um dos objetivos, além da diversão, é ensinar gradativamente o jogador sobre como se jogar com este joystick bastante peculiar.

Tal meta é atingida com êxito, ainda melhor do que nesses dois outros jogos citados, já que WSM apresenta um sistema de minigames — ou melhor, microgames, como o próprio game os denomina — bastante rápido e instigante, que não dá tempo para o jogador raciocinar sobre a plausibilidade das propostas, fazendo-o simplesmente agir conforme o tempo manda.

Falando um pouco sobre a série Warioware, esta também foi sempre permeada por minigames e pelo antagonista de Mario, Wario, um bigodudo baixinho e com forma ligeiramente roliça, diferente do herói encanador pelo seu apego por guloseimas, bagunça e traquinagens. Smooth Moves é a quinta versão desta franquia que tem a maioria de seus títulos nos portáteis da Nintendo. Contudo, chegou a hora dele expor suas atrações no Wii.

It's Wii, Wario!

O enredo começa apresentando, de maneira breve e em forma de retrospectiva, a história de um artefato mágico adorado por tribos e sua inserção em vários períodos. Nessa animação, o jogador pode perceber nos primeiros olhares que o famigerado artefato é próprio wiimote, denominado aqui form baton.

Após isso, o enredo se desloca para o futuro e mostra um motoqueiro alucinado ao som de rock pesado entrando em uma cidade, trata-se do próprio Wario. Depois dessa introdução desconexa, a meta agora é criar um Mii (avatar do console Wii), escolher um nome, um rosto e partir para o jogo.

A interface inicial das áreas da cidade faz o jogador se lembrar rapidamente do antigo Mario Bros e demais versões da série para o Super Nintendo, ou seja, um mundo visto por cima, em formato 2D com alguns locais para o jogador se locomover.

As opções de abertura consistem, por hora, em um local para se ver os vídeos liberados, jogar os microgames abertos, um lugar de configuração e um jogo bacana de ping pong misturado com arkanoid onde a meta é rebater uma bolinha de tênis de mesa contra tijolos no alto enquanto a câmera sobe lentamente. Porém, apesar de tantas opções, logo se percebe que o objetivo principal é clicar no rosto do Wario na tela para dar prosseguimento ao enredo.

Ao se fazer isso, uma nova animação entra em cena: Wario está devorando inúmeros doces e guloseimas até que uma criatura rapta sua comida e o leva até um templo; lá ele se depara com o form baton, o Wiimote sagrado. Após pegá-lo, uma criatura começa a persegui-lo, conduzindo-o a um corredor em que uma rocha o persegue, no melhor estilo Indiana Jones.

Porém, antes mesmo do esboço de qualquer reação, uma tela com o título “Remote Control” aparece, com uma trilha sonora calma e ao som de um jazz distante, falando que o jogador deve segurar o wiimote como um controle remoto; tudo isso de maneira surreal e estranha.

Depois dessa intervenção maluca, o jogador volta à cena do Indiana Jones e é ordenado a cumprir minigames para lá de estranhos, distantes do contexto atual: depilar uma face branquela, jogar legumes de um frigideira ao alto para um prato, capturar um bonequinho com um gancho, colocar buracos para que humanóides caiam nele e, depois de tanta insanidade, derrotar um chefe abanando seus lacaios com um leque gigante para o abismo.

Com esses exemplos, já é possível fazer uma ressalva: WSM não é para jogadores sisudos e sérios, que gostam de enredos intrincados e quebra-cabeças desafiantes. Smooth Moves é basicamente isso: histórias pequenas independentes que devem ser cumpridas por intermédio da realização de microgames doidos, desmiolados e às vezes perturbadores com o uso inusitado do wiimote, em posições que, se seguidas à risca, certamente colocarão o jogador em posições engraçadas e/ou constrangedoras.

Centenas de divertimentos instantâneos

A mecânica consiste na seguinte fórmula: o jogador escolhe um local no mapa principal que ainda não foi completado; com isso uma história específica é apresentada (um motorista deve levar uma moça até determinado lugar, 2 ninjas estão com fome e devem ultrapassar a fila de um quiosque, um dançarino se junta a um bando de gatinhos cheios de requebrado). Posteriormente, de maneira abrupta, começam os microgames.

Inicialmente, são ensinadas gradativamente as posições ideais para se usar o wiimote. A primeira é o simples e tradicional controle remoto, onde se deve apontar o joystick para a tela, mover algum elemento e eventualmente pressionar o botão "A". Posteriormente, a forma guarda-chuva é a exposta, devendo-se segurar verticalmente o wiimote, a fim de mover itens na tela para matar moscas ou chacoalhar bananas para tirar insetos que estão impregnados na casca, por exemplo.

A forma tromba de elefante é uma das mais estranhas, exigindo que o jogador coloque o controle na ponta do nariz, representando teoricamente o nariz desse quadrúpede gigante. É claro que em muitos dos casos o jogador não será obrigado a colocar o controle conforme a maneira determinada pelo jogo, já que basta segurá-lo na mesma direção e sentido exigidos e fazer um movimento similar com a mão para que o efeito seja o mesmo.

Porém, não custa dizer que a diversão está justamente em ver aquele seu amigo troglodita aparentando estar brincando de bambolê (com o wiimote rente à cintura) ao invés de vê-lo girando feito um bobo o controle do lado do corpo. O número de posições, contudo, é bem maior do que esses: ainda existe a forma samurai, garçom, andando de bicicleta, cabo de guerra, entre outros.

Após a posição estar devidamente indicada, começa a maluquice. Com uma trilha sonora frenética ao fundo, o jogador deve resolver em menos de 5 segundos algum tipo de joguinho, que vai desde correr uma pequena maratona — gesticulando para cima e para baixo o wiimote — até enfiar um dedo no nariz, pescar um peixe, abrir uma fechadura, esmagar uns bichinhos rolando um bichão gordão, dirigir um carro, equilibrar-se sobre uma bola, levantar um haltere com os bíceps, pular obstáculos, pegar uma maçã com a tromba de um elefante, entre outras ações bizarras.

Apesar de alguns risos e de alguma adrenalina serem produzidos, não é possível deixar de notar que o jogo é tão rápido e confuso que muitas vezes o jogador irá completar com sucesso uma tarefa sem ao menos ter idéia do que acabou de acontecer. Em contrapartida, em outras ocasiões o jogador vai ser derrotado simplesmente porque não fazia mínima idéia do que deveria fazer. Esse problema fica cada vez mais grave, já que o tempo para se completar os microgames fica cada vez menor, a música fica cada vez mais rápida, assim como os movimentos na tela.

Para aumentar o desafio, existem 4 pontos que serão subtraídos a cada derrota em um dos microgames. Caso eles acabem, deve-se começar a seqüência desde o início. Decorridos cerca de 15 joguinhos, existe um chefão que apresenta uma dificuldade maior, mais tempo de partida e que às vezes exige o uso de mais de uma posição. Contudo, nada muito além do que já foi visto.

Após derrotá-lo, volta-se para a animação e o resto da história é contada: a dupla de samurais pisoteia a cabeça da fila, o motorista entrega sua passageiras e o dançarino dá prosseguimento à sua vida com muito gingadof.

Essas historinhas são facilmente terminadas, dando ao jogo pouco tempo de vida útil, ao menos em relação ao tema principal. A partir daí, depois de se derrotar o chefão final, o modo multiplayer é aberto, dando possibilidade para que 12 jogadores disputem a melhor pontuação entre si, alternadamente.

Atenta-se para o fato de que, com vários jogadores, um certo detalhe se torna proeminente: apesar de Warioware: Smooth Moves sempre educar para que a pulseira de segurança do wiimote esteja em uso, seu emprego se torna impraticável devido à velocidade da alternância entre as posições dos microgames. Com 12 pessoas revezando o aparelho, é muito improvável que alguém lembre de colocar este dispositivo de segurança. A solução é: muito cuidado e distância das pessoas por perto.

Desenho animado em forma de jogo


Warioware: Smooth Moves contém duas partes gráficas bastante distintas: uma delas é a animação e a tela inicial da cidade, onde é possível se apreciar bons gráficos, precisos, com conteúdo 2D, porém desenhados com bom gosto e coloridos de maneira forte e viva. Já os minigames, quase sempre, apresentam gráficos desastrosos, grosseiros e rudimentares, aparentemente feitos com a ferramenta de desenho embutida no sistema operacional Windows.

Nada que chegue a comprometer a jogabilidade, porém, a Nintendo poderia ter caprichado um pouco mais neles para que, ao menos, isso não servisse como argumento para aqueles que gostam de criticar o Wii pela sua desvantagem de hardware em relação aos consoles concorrentes.

Músicas apelativas e ininterruptas

A trilha sonora de Warioware: Smooth Moves contém doses maciças de ritmo, timbre e agitação. Tanto que para alguns deve incomodar, para outros deve ser estimulante enquanto que, para alguns infelizes, isso tudo se torne insuportável. O fato é que a proposta da parte auditiva cumpre sua função: excitar ao máximo o jogador, deixando-o tenso e em transe ao mesmo tempo, enquanto ele procura cumprir mais e mais joguinhos em um movimento que tende ao infinito.

Parece exagero, mas de fato, a instrumentação, mixagem e melodias escolhidas, foram feitas com o único objetivo de seduzir o jogador. Os efeitos sonoros são simples e escassos, além de estarem contidos basicamente nos microgames. Já que a trilha sonora não pára durante essas tarefas, e devido à brevidade dessas missões, pode-se dizer que os efeitos sonoros são irrelevantes e não cumprem nenhum papel a não ser reafirmar alguns instantes na tela.

Diversão rápida e gratuita

Pode-se dizer que Warioware: Smooth Moves é um bom jogo, que faz amplo uso do wiimote e cumpre bem a função de divertir crianças, jovens e adultos. No caso das crianças, é possível que a velocidade, raciocínio e agilidade exigidos ajudem-nas a desenvolver melhor sua capacidade cognitiva e motora. Porém, a quantidade de luzes e flashes, aliados à trilha sonora apelativa e incessante, fazem do jogo uma experiência bastante cansativa para aqueles que não estão acostumados com os desenhos animados modernos, por exemplo, Meninas Superpoderosas e Hi Hi Puffy Ami Yumi.

A grande quantidade — mais de 200 — de microgames oferece uma certa possibilidade de ser jogado novamente, especialmente em grupo. Por outro lado, após alguns meses o título certamente apresenta uma tendência a ser esquecido, justamente por não apresentar um desafio lógico exigente, algo que instigue o jogador a ir além do número de pontos que ele acumulou matando moscas ou equilibrando vassouras. Entretanto, Warioware: Smooth Moves condiz perfeitamente com a biblioteca atual do Wii, assim como o modo especial de se jogar com o wiimote.
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