Imagem de World of Final Fantasy
Imagem de World of Final Fantasy

World of Final Fantasy

Nota do Voxel
80

Uma perspectiva diferente (e mais leve) do mundo de Final Fantasy

Quando vi World of Final Fantasy pela primeira vez, confesso que fiquei com um pé atrás. As imagens divulgadas pela Square Enix davam a entender que esse se tratava de um RPG raso cuja única base de sustentação era o “fanservice” e a aparição de figuras da série Final Fantasy em uma forma “mais fofinha” do que a que estamos acostumados.

Felizmente, bastou jogar algumas horas do game no PlayStation 4 para descobrir que eu estava errado quanto a isso. Embora seja verdade que muito do carisma do título seja decorrente da aparição de figuras conhecidas, ele combina isso com um sistema de batalhas surpreendentemente profundo e com uma história divertida de acompanhar.

O começo é um pouco lento e confuso: os gêmeos Lann e Reynn são acordados de um sonho prolongado por uma figura misteriosa, que os incumbe da missão de explorar o mundo conhecido como Grymoire. Lá, não somente eles devem capturar criaturas conhecidas como “Mirages”, como também devem impedir o avanço de uma força sinistra conhecida como o Exército de Bahamut — e é a partir desse ponto que você toma controle dos irmãos em uma jornada que dura aproximadamente 60 horas para ser finalizada.

O Pokémon da Square Enix

Algo que fica claro logo no começo de World of Final Fantasy é que o jogo empresta muitas ideias vistas na série Pokémon da Nintendo, mas consegue implementá-las de forma original. Você pode capturar todas as criaturas que encontra em campo de batalha, cada uma com tamanho, forças e fraquezas específicas.

A diferença surge na forma como a captura é realizada: enquanto basta enfraquecer alguns monstros para poder adicioná-los a seu time, outros exigem condições especificas para se tornarem “capturáveis”. Durante sua aventura, você encontra adversários que só se tornam vulneráveis quando submetidos a algum ataque crítico ou quando o jogador consegue aplicar alguma condição desfavorável a eles (como deixá-los envenenados).

Isso dá às batalhas uma camada estratégica que não é vista no game da Nintendo, complementando pelo sistema de “totens” adotado pelo título. Acontece que os protagonistas podem assumir duas formas durante as batalhas: os Jiants, que têm proporção de uma pessoa comum, e o formato “chibi” que vai ser reconhecido por quem jogou os primeiros Final Fantasy — sendo que, em cada umas delas, você pode agrupar o personagem a dois monstros diferentes.

As criaturas que você escolhe para formar essa torre somam seus poderes e fraquezas tanto entre si quanto com os protagonistas. Se dois monstros têm a magia “Fire”, por exemplo, juntos eles abrem a possibilidade de usar a versão mais poderosa “Fira” — tendência que é seguida por todas as habilidades que você destrava conforme progride.

Ao todo, você pode levar 10 criaturas com você durante a aventura, sendo que até mesmo as que não participam de batalhas ganham pontos de experiência. A evolução de cada uma delas é feita em um quadro que lembra muito o “Sphere Grid” de Final Fantasy X, sendo que é possível personalizar espaços em branco nesses quadros e “evoluir” as criaturas para formais mais fortes.

Mesmo que o jogador não queira explorar todas as possibilidades que esse sistema oferece (o que definitivamente não é preciso para completar a aventura), a captura de criaturas também é necessária para conseguir progredir na aventura. Em diversos pontos, você deve completar condições específicas para prosseguir com puzzles (empilhar criaturas com peso somado de 10 quilos com 100 de resistência à água, por exemplo) ou explorar rotas alternativas, usando os poderes de voo de alguns monstros — isso só para citar algumas possibilidades.

O problema do sistema de combates é o fato de que, em sua forma normal, ele é simplesmente lento, mesmo que você o configure para trabalhar em seu ritmo máximo. Provavelmente ciente disso, a Square Enix empresta de Bravely Default o sistema de “fast foward” que faz os confrontos progredirem de maneira mais rápida, ao custo de forçar o jogador a segurar o botão R1 durante horas para conseguir progredir em um ritmo mais aceitável.

História que vai direto ao ponto

Vou ser sincero: World of Final Fantasy está longe de ter a melhor história já vista em um RPG e em alguns momentos fiquei um pouco irritado com seus diálogos — especialmente nos momentos em que Reynn insistia nas mesmas piadas sem graça. No entanto, isso não foi suficiente para superar o fato de que a trama consegue prender o jogador do início ao fim — muito disso graças à sua simplicidade.

Assim como em outros Final Fantasy, em diversos momentos você não vai entender direito o que tem que fazer ou os motivos para alguns personagens surgirem — e acredite em mim quando digo que o fanservice fica um pouco exagerado de vez em quando. No entanto, o título sempre deixa claro quais são os seus adversários e o fato de um RPG não insistir em “reviravoltas” vistas a milhas de distância surge como uma verdadeira rajada de ar fresco na atualidade.

Sem dúvida, quem vai gostar mais do RPG são os fãs de Final Fantasy, que vão ter a oportunidade de ver nomes como Yuna, Cloud, Sephiroth e o Warrior Of Light (entre muitos outros) de uma forma reconhecível e que presta uma boa homenagem ao passado. No entanto, essa ligação sentimental não é algo essencial para você poder curtir o jogo, funcionando sim como uma camada extra que enriquece a experiência.

A aventura se desenrola em um ritmo bom e raramente há a necessidade de fazer “grinding” para prosseguir em alguma parte. Já quem procura por mais desafios pode estender o tempo dedicado ao RPG tentando capturar todas as suas criaturas, explorando as histórias individuais de cada herói de Final Fantasy — algo que os desbloqueia como summons — ou enfrentando as criaturas de alto nível espalhadas por alguns mapas. Para facilitar esse processo, desde o começo o game permite retornar a lugares explorados anteriormente sem nenhuma restrição.

Exploração limitada

O critério que mais pode ser criticado em World of Final Fantasy é o fato de seu design de mapas “emprestar” a característica mais irritante de Final Fantasy XIII, que era restringir a capacidade de exploração de ambientes. Embora a questão aqui não seja tão grave (nada de corredores infinitos), muitos dos mapas parecem burocráticos e não sabem explorar muito bem a ambientação criada pelos desenvolvedores.

Ao mesmo tempo que isso evita que você se perca, tal característica também faz com que o jogo se torne bastante previsível. Ao entrar em uma área, você já tem ideia completa de quais caminhos escondem itens e quais interseções levam ao prosseguimento da trama, algo que elimina qualquer senso de descoberta que o game poderia oferecer.

Da mesma forma, irrita um pouco o fato de que há somente uma área na qual você pode comprar itens, que aqui ganham uma importância pouco vista em jogos recentes da série Final Fantasy. Embora essa área central também ofereça algumas atividades interessantes, a necessidade de visitá-la constantemente quebra um pouco o bom ritmo que a aventura principal apresenta.

Mais do que uma homenagem a fãs

Em um mês no qual os jogadores de todo o mundo finalmente vão poder conferir Final Fantasy XV, esse não é o único título da série que merece a sua atenção. Mais do que uma simples homenagem à franquia ou um “agrado” aos fãs, World of Final Fantasy surge como uma aventura interessante que conquista por um sistema de combates profundo e uma história clássica que narra o combate entre o bem e o mal.

Principalmente atraente para fãs de sistemas clássicos de combate por turnos e para quem gosta dos sistemas de captura vistos em Pokémon, o RPG é uma boa adição à biblioteca de todo fã do gênero. Exibindo aqueles que facilmente podem ser considerados como os personagens mais bonitos da franquia, o jogo só peca pela falta de exploração e por ter uma duração que parece comprida demais — se ele durasse metade do tempo atual, a experiência oferecida seria muito mais satisfatória.

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Pontos Positivos
  • Sistema de combates profundo
  • História que vai direto ao ponto
  • Personagens carismáticos
  • Sabe usar bem a nostalgia dos fãs
Pontos Negativos
  • A grande duração faz com que o game se torne um pouco cansativo
  • Exploração limitada
  • Certas piadinhas são irritantes