Imagem de X-Blades
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X-Blades

Nota do Voxel
69

Trajes minúsculos, magias e muita, muita repetição.

Ayumi: uma adolescente seminua que resolveu confrontar os poderes do cosmos Beat ‘em up já é, essencialmente, um estilo bastante repetitivo. Também pudera, o objetivo normalmente é, salvo algumas raras exceções, simplesmente mandar o maior número possível de abominações diretamente para o outro mundo, utilizando para isso um verdadeiro arsenal de magias, combos e armas — algumas das quais desafiando declaradamente as leis da física, como as espadas desproporcionais de Devil May Cry.

E quer saber? Isso certamente é ótimo e revigorante — além de trazer uma ótima oportunidade de tonificar os músculos dos dedos. Entretanto, espera-se normalmente encontrar alguma variedade, algum objetivo, por ínfimo que seja, que possa dar o tom da aventura, mostrando que, entre espadadas e bolas de fogo, “alguma coisa está indo para algum lugar”.

Bem, isso não é exatamente o que você encontra na empreitada seminua de Ayumi, em X-Blades. Falando francamente, X-Blades não passou realmente longe de clássicos eternos da “pancadaria sem sentido”, como Devil May Cry e God of War. Você terá uma história épica, centenas de milhares de inimigos para combater, cenários pitorescos, combos devastadores e um sem-número de magias de impacto visual inegável.

Bem, onde está exatamente o problema, então? Fácil: salvo algumas pequenas mudanças, é comum sentir que se está jogando exatamente a mesma fase do começo ao fim. As variações de cenários são ínfimas, e simplesmente todos os objetivos podem ser reduzidos a (a) levas infindáveis de inimigos ou (b) chefões tão grandes quanto cansativos. Para qualquer das duas possibilidades, um LER (lesão por esforço repetitivo) é sempre um horizonte a se considerar.

Há muito tempo...

Como todo bom jogo de pancadaria, X-Blades possui uma típica história pra encher linguiça, daquelas que a maioria dos jogadores simplesmente passa batido, preferindo ir diretamente para a ação a ficar tentando entender por que, afinal de contas, o seu beligerante protagonista está distribuindo pancadas a torto e a direita. De qualquer forma, a coisa se resume mais ou menos no seguinte:

 Em uma era longínqua de um tempo em que apenas os deuses podem se lembrar, o universo era regido por duas poderosas criaturas que eram respeitadas e reverenciadas por todas as raças. Em um dado momento, os constantes questionamentos sobre a convivência das duas entidades, e sobre que, afinal, estaria no controle, torna-se insustentável.


Enlightened (Esclarecido) representa o “lado do bem”, ajudando a suprir as carências do seu povo. Já Dark One, como o próprio nome sugere, representava o oposto do bondoso Enlightned, cheio de um ódio demoníaco. Isso jogou as duas deidades em uma batalhas que durou séculos, fazendo com que o cerne do universo fosse atingido, fazendo assim sofrer toda a Humanidade.

Enfim, eis que após um esperto truque, Enlightned consegue banir o nefando poder de Dark One, aprisionando o seu maléfico contraponto em um artefato. Entretanto, tal qual a idéia de Ying-Yang, as duas entidades estão irremediavelmente ligadas, e o aprisionamento de Dark One faz com que o bondoso Enlightned acabe perdendo os seus poderes.

Dois artefatos foram então escondidos em um enorme templo, escondendo então por eras a totalidade dos poderes do bem e do mal. E, para completar, qualquer pessoa que entrasse em contato com os artefatos acabaria sendo terrivelmente amaldiçoada.

Hora de consertar a mancada...

Eis que surge então Ayumi, com sua roupas mínimas e espírito aventureiro inconsequente, que acaba encontrando as relíquias e libertando novamente o caos indizível — notadamente um grande feito para alguém que perambula em roupas íntimas, mas enfim. Todavia, cabe então à heroína descobrir o segredo da maldição, e extirpar mais uma vez a escuridão do universo.

Bate, bate, magia, bate, pula, magia...

Bem, agora que você já sabe por que, afinal, Ayumi desfila em roupas mínimas através de templos esquecidos, é hora de ver como a coisa toda funciona.

A primeira impressão que se tem ao iniciar X-Blade não é realmente ruim. Uma rápida fase-tutorial mostra os seus primeiros ataques e você poderá comprar as suas primeiras magias. Basicamente, o combate em X-Blade não é muito diferente do que você pode já ter visto em outros jogos do estilo.

Abominações e mais abominações... golpes e mais golpes... Inicialmente, Ayumi parecerá algumas coisa entre Dante e Lara Croft. Um botão de ataque básico vai desferir algumas sequências rápidas de ataque com espadas, e você terá duas pistolas com munição infinita as quais, assuma-se, não servem para muita coisa enquanto não contarem com alguma ajuda magia — como um poder mágico que transforma espadas e pistolas em objeto flamejantes, aumentando assim o efeito dos ataques.

Uma vez que você tenha limpado todo o cenário das abominações — que podem ser praticamente qualquer mistura onírica, como mini-dinossauros sem olhos e uma espécie de libélula pós holocausto nuclear —, será possível sair recolhendo os espólios.

Embora não seja propriamente estimulante (e nem politicamente correto) sair espatifando vasos e tumbas com milhares de anos, isso certamente será necessário para que Ayumi possa ganhar novas magias, que serão absolutamente essenciais no confronto contra os chefes do jogo (a não ser que você queira passar cerca de 30 ou 40 minutos tentando a sorte apenas com as pistolas e as espadas).

Entretanto, dúzias de magias e combos diferentes não conseguem esconder uma obviedade: X-Blades é terrivelmente repetitivo. Basicamente, a sequência é a seguinte: você vai entrar em uma nova fase, dúzias de inimigos vão surgir de todos os lados e, ao final, você possivelmente lutará com um chefão que virá acompanhado de mais algumas dúzias de peões. Sequer existe uma progressão considerável no cenário, que muitas vezes acaba se parecendo muito mais com uma arena.



Para se ter uma idéia, os inimigos que invadem a tela são tantos, que pode acontecer de você simplesmente perder a protagonista em meio a um oceano de inimigos, fazendo com que a jogabilidade se resuma em pouco mais do que esmagar o mais rápido possível o botão de ataque. Enfim, diminui assim não apenas a diversão da sequência, mas também a taxa de quadros por segundo, que sofre visivelmente com a avalanche de inimigos.

Boa mecânica, progressão ruim

Conforme já dito, X-Blades realmente não passou muito longe de ser um título bastante decente de hack ‘n slash. Prova disso são os movimentos de Ayumi, que certamente trazem uma boa variedade, e cuja execução traz belos efeitos visuais. Quer dizer, embora o jogo falhe miseravelmente jogando a protagonista contra uma infinidade de inimigos genéricos em cenários repetitivos, os movimentos realmente não são ruins.

Magias relacionadas a elementos, um ponto central À disposição da protagonista, estarão três tipos de ataque: armas brancas, pistolas e magia. Enquanto as espadas e pistolas de Ayumi fazem a parte mais hack ‘n slash de X-Blades, é mesmo com a magia que se consegue alguma variedade na hora de despachar as hordas de inimigos que pululam por todo o lado nas fases.

Cada vez que um novo especial é adquirido, você terá a possibilidade de associar a ele um botão específico do controle, a fim de tornar os ataques mais rápidos. Quatro botões estarão disponíveis para isso, o que pode parecer meio escasso caso se considere as novas magias que são constantemente liberadas pelo jogo.

Os ataques baseados em elementos são um ponto chave do jogo, já que boa parte dos inimigos tem mais afinidade com um tipo de poder. Assim sendo, uma tempestade de gelo seria uma boa arma contra uma criatura de fogo, enquanto que um inimigo mais sombrio certamente seria mais afetado por um raio de pura energia.

Esse princípio vale sobretudo para os chefes, que normalmente são imunes a todo tipo de ataque exceto àqueles provenientes de um elemento específico. Assim sendo, uma vez que se descubra o “calcanhar de Aquiles” do monstrengo, mandá-lo para a lona não será uma grande dificuldade, o que pode, eventualmente, acabar tornando as coisas um pouco fáceis de mais.

Bonito, embora...


Sim, são belos cenários... embora sejam quase todos iguais X-Blade certamente traz visuais bastante decentes e até impressionantes em alguns momentos. São ótimos efeitos de luz e sombra, efeitos de magia bastante convincentes e algumas texturas bastante realistas para compor os templos antigos do cenário — embora uma certa insistência nos tons de vermelho acabe irritando um pouco a vista depois de algum tempo.

É realmente lamentável que essa boa qualidade simplesmente seja jogada em dezenas de cenários idênticos e obscurecida por hordas de inimigos um tanto inexpressivos. De qualquer forma, não se pode negar que o pessoal da Gaijin Entertainment fez um bom trabalho com os visuais do jogo.

X-Blades é um daqueles títulos meio cinza, que aparecem mais ou menos como aparecem filmes da “mainstream” de Hollywood. Quer dizer, não é algo propriamente ruim, mas certamente não vai marcar época, e possivelmente seria mais indicado a jogadores que realmente tenham grande predileção por jogos do estilo — sem falar em uma boa capacidade para fazer vista grossa às derrapadas.

Assim sendo, caso você realmente aprecie a idéia de passar algum tempo despreocupado, mandando para os confins do universo algumas pústulas em diversos cenários quase idênticos, talvez seja uma boa idéia conferir as desventuras da seminua Ayumi. Do contrário, talvez seja melhor mesmo aguardar pela próxima aparição de Kratos.
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