Imagem de Yu-Gi-Oh! GX Tag Force
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Yu-Gi-Oh! GX Tag Force

Nota do Voxel
81

A versão de Yu-Gi-Oh! para PSP pode ser considerada uma das melhores.


A versão de Yu-Gi-Oh! para PSP pode ser considerada uma das melhores disponíveis de jogo de cartas, e enquadra-se também como um dos melhores e mais complexos card games existentes em consoles. É surpreendente que ele tenha sido tão bem estruturado em uma plataforma portátil, sem praticamente nenhum problema associado à simulação de duelos reais. É extremamente indicado para os jogadores que já praticam o jogo real, sendo também indicado para quem quer começar, devido à interface acessível.

No universo gamer, algumas vezes observamos que certos jogos podem sofrer um “efeito colateral” ou preconceito, devido à carga de um nome ou uma marca. A carga pode ser devida à língua, como no caso de Katamari Damacy, que pelo fato de apresentar um nome oriental - que não diz nada aos ocidentais - acaba gerando uma imagem de “exótico” ou “difícil”, afastando o jogador casual.

Existem outros jogos, como Kingdom Hearts do PS2, que por estarem associados com a marca e os personagens Disney, são dispensados pelos jogadores devido a uma impressão de infantilidade. E também são atingidos jogos como Metal Gear Ac!d, do PSP, que devido à força e popularidade da franchise no gênero stealth, acabam ludibriando os jogadores que, ao tomar o jogo, descobrem que é na verdade um card game, apenas baseado no universo Metal Gear.

Yu-Gi-Oh! parece ser um deste jogos. Em nosso país, a marca está intrinsecamente associada com o anime veiculado na TV; é inevitável que o jogador sem conhecimento prévio associe o jogo com o show de TV, muitas vezes deixando o jogo de lado de forma precoce. É um julgamento equivocado, pois Yu-Gi-Oh! apresenta-se como uma das melhores opções de card game em consoles disponíveis atualmente.

Do anime para suas mãos

A avaliação favorável não se deve à natureza do card game real, jogado por milhares de adeptos, mas sim à competência com que foi traduzido para o PSP. O jogo é quase paradoxal: apresenta um alto nível de estratégia e complexidade, envolvendo um número enorme de cartas, e ao mesmo tempo é tão fácil de aprender a jogar que você fica se perguntando se o tutorial realmente explicou tudo.

O tutorial acontece na forma de aulas, que você, como aluno da Duel Academy, deve freqüentar todos os dias. Em apenas 4 ou 5 aulas (bastante curtas e nas quais você joga em um duelo auxiliado pelo professor), é possível compreender o sistema de jogo, mesmo sem nenhum conhecimento anterior sobre o card game real. A partir daí, você tem liberdade para duelar com quase todos os alunos que encontrar, acumulando pontos a cada duelo, que posteriormente serão utilizados para comprar boosters, com novas cartas.

Existem literalmente dezenas de boosters, que são disponibilizados para compra conforme são preenchidas certas condições de jogo. É fácil juntar um grande número de cartas e criar decks realmente espetaculares.

O número grande de cartas poderia gerar um problema, quando da seleção das mesmas para a formação de um deck, mas o sistema de busca e filtro de cartas é eficiente, e faz com que o processo de seleção seja indolor. É possível procurar uma carta até mesmo pelo nome ou parte do nome. Você também pode salvar “receitas”: decks pré-construídos com suas cartas que podem ser reativados a qualquer momento. Um ótimo sistema de jogo, estruturado sobre uma ótima plataforma de suporte.

O único porém se encontra nas aulas, que devem ser freqüentadas todo dia. Após o encerramento do tutorial, as aulas se tornam bastante ingênuas, consistindo basicamente em gags ou piadinhas envolvendo os alunos. E depois de um tempo passam a se repetir. Atrapalham o andamento do jogo e irritam, pelo fato de serem obrigatórias e não cumprirem nenhuma função aparente no jogo.

E finalmente os duelos, onde o jogo brilha. Os duelos são empolgantes no início e a A.I. dos oponentes oferece um bom nível de desafio até o meio do jogo ou mais, dependendo de sua habilidade. Os decks dos oponentes são variados e possuem características que você deve reconhecer, para aprender a vencer cada um deles.

A tela do duelo em si é uma das mais bem estruturadas em jogos de cartas; todas as informações necessárias estão disponíveis e a partida flui com naturalidade. Um problema comum em jogos de cartas em consoles é ter que parar a ação para examinar em detalhes certa carta ou efeito, mas em Yu-Gi-Oh, isso é feito com um simples movimento do controle analógico.

Os duelos podem também acontecer na modalidade “tag” (que dá nome ao jogo), onde você e um parceiro controlado pelo computador enfrentam outros dois oponentes. As duplas compartilham a mesa de jogo, utilizando seus decks de forma conjunta, um reforçando o outro. Esse sistema, aparentemente complicado, também foi muito bem implementado, e não é mais difícil ou complexo de desempenhar do que um duelo normal.

Personagens genéricos em uma hitória meramente ilustrativa

O jogador encarna um típico estudante genérico (inclusive com um boné que cobre os olhos, reafirmando que o personagem representa qualquer um), e a história inicia com a transferência do estudante para uma também genérica “Duel Academy”. Uma vez na academia, o jogador encontrará personagens do anime como Jaden Yuki, Alexis Rhodes e Chazz Princeton, companheiros de classe e com os quais poderá duelar à vontade.

Desde o início, o jogador tem acesso a um calendário, que indicará todos os eventos que acontecerão no decorrer do jogo, até o dia do campeonato, que encerra a primeira fase da história. Ela continua depois disso e, mesmo sendo bastante superficial, não vale a pena estragar a surpresa.

Yu-Gi-Oh não possui uma história complexa, mas não há problema nisso, pois o jogo não se propõe a ser um RPG. A história serve apenas para justificar os diferentes locais de duelo e o surgimento de novos personagens com quem duelar, gerando uma impressão de passagem do tempo e progressão no jogo. O enredo aqui é quase um “mal necessário”.

Efeitos tão bons quanto os do desenho

Os gráficos são satisfatórios e todos os personagens principais são bem representados através de animações, nos duelos. Algumas cartas, com monstros ou efeitos especiais, também geram animações quando colocadas em jogo. Não há nada excepcional, mas os gráficos cumprem a função e remetem de maneira correta ao anime, fazendo com que os fãs da série sintam-se em casa. As animações são sempre as mesmas e entediam facilmente, após alguns duelos. Felizmente elas podem ser desligadas no menu de opções.

As cartas não podem ser vistas em detalhes gráficos, como em Warhammer: Battle for Atluma, mas estão representadas de forma adequada, considerando-se o tamanho da tela do PSP. Os menus e representações dos textos estão tão bem dispostos que raramente será necessário escolher uma carta individualmente para ver suas características.

Harmonias simples no tradicional estilo japonês

Ao contrário da versão japonesa, não há vozes na versão americana. O jogo perde um pouco da personalidade com a exclusão dos diálogos falados, mas não prejudica a experiência de jogo e imersão nos duelos.

As músicas seguem a linha “pokémon”: harmonias simples e com pouca variação, a fim de não atrapalhar o foco do jogo. Os efeitos sonoros, por serem muito repetidos (devido à freqüente manipulação das cartas), podem se tornar incômodos. Abaixar totalmente o volume e colocar um cd de sua preferência pode ser uma boa opção para jogar Yu-Gi-Oh!.

Vai ser difícil encontrar um jogo de cartas melhor do que Yu-Gi-Oh!

Considerando-se todos os card games disponíveis para consoles, fica difícil encontrar um melhor do que Yu-Gi-Oh, em todos os quesitos. É uma indicação certa para o hardcore gamer que procura uma versão eletrônica dos jogos de carta, destacando-se até mesmo sobre Metal Gear Ac!d e Magic: the Gathering. Ao mesmo tempo, é indicado para o jogador que procura um jogo acessível, a fim de conhecer o gênero e aprender como funcionam os card games.

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