Emma Thompson deixa elenco de Luck e escreve carta contra John Lasseter

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"Se um homem vem tocando mulheres inapropriadamente por décadas, por que uma mulher iria querer trabalhar com ele, se a única razão pela qual ele não está mais fazendo isso é que há uma cláusula no contrato dizendo que deve se comportar de modo profissional?". Esse é um dos trechos da carta que a atriz Emma Thompson escreveu para a Skydance Media após se afastar das gravações da animaçãoLuck, para a qual estava escalada.

A atriz decidiu abandonar o filme depois do anúncio da contratação do ex-diretor da Pixar e da The Walt Disney Studios, John Lasseter, para o setor de animação do estúdio. O norte-americano, que trabalhou diretamente em produções como Toy Story e Wall-E, foi um dos nomes citados no auge do movimento Me Too e chegou a tirar uma licença de 6 meses pouco antes do escândalo envolvendo Harvey Weinstein.

Em junho de 2018, Lasseter foi afastado definitivamente da Pixar e agora foi contratado para comandar o setor na Skydance. A adição à equipe foi vista com péssimos olhos pelos grupos femininos de Hollywood, uma vez que atrizes e as profissionais que trabalham nos bastidores não acreditam que o produtor tenha mesmo a intenção de mudar seu comportamento com relação às mulheres.

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Foi essa a conclusão a que chegou Emma Thompson, que decidiu tomar uma atitude mais drástica com relação ao tema em vez de apenas protestar nas redes sociais. Embora lamente ter que deixar o diretor Alessandro Carloni desatendido, ela diz que não deve voltar atrás em sua decisão. "Acho que ele é um diretor incrivelmente criativo. Mas eu só posso fazer o que parece certo durante estes tempos difíceis de transição e conscientização coletiva. Estou bem ciente de que séculos de abuso ao corpo das mulheres, gostemos ou não, não mudarão da noite para o dia. Ou em 1 ano. Mas também estou ciente de que, se as pessoas que falaram — como eu — não adotarem esse tipo de postura, é muito improvável que as coisas mudem no ritmo necessário para proteger a geração da minha filha", concluiu a atriz.

Criticados por militantes do movimento Me Too que acreditam que a contratação de Lasseter perpetua um tipo de abuso que está sendo combatido na indústria do cinema e da televisão, os diretores da emissora se posicionaram por meio de um comunicado assinado por David Ellison, dono da companhia: "Nós estamos certos de que John aprendeu lições valiosas e está pronto para provar sua capacidade como um líder e como colega".

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Essa tentativa de dar um "voto de confiança" a Lasseter também foi apontada por Thompson, que questiona o fato de que muitas mulheres que tiveram suas carreiras prejudicadas ou se sentiram intimidadas por ele, ao contrário, não tiveram a mesma possibilidade: "Muito se falou sobre dar a John Lasseter uma 'segunda chance', mas provavelmente ele está recebendo milhões de dólares por essa oportunidade. Quanto dinheiro os funcionários da Skydance estão pagando para lhe dar essa chance?".

Thompson vem acompanhando o movimento Me Too desde seu início e chegou a comentar algumas das acusações contra nomes importantes do cinema: “#MeToo foi um momento maravilhoso de clareza. Quando eu era jovem, os homens mais velhos da indústria sempre tentavam. Eu consegui dizer 'não', e eles levaram isso como resposta. O que as mulheres mais jovens têm que encarar me apavora”.

Este texto foi escrito por Lu Belin via nexperts.

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