Maniac abusa do surreal ao questionar a mente humana

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Cary Fukunaga e Patrick Somerville fazem da minissérie Maniac uma grande viagem às surrealidades da mente humana enquanto transitam por diversos gêneros de histórias, criando uma variação da atmosfera retrô-futurista em que conhecemos os personagens principais e de outros gêneros, mas sem atrapalhar em nada os questionamentos que a narrativa aborda, principalmente nos ótimos protagonistas interpretados por Emma Stone e Jonah Hill.

Na trama, Owen Milgrim (Jonah Hill) é um homem que sofre de esquizofrenia, tem problemas econômicos e ainda enfrenta dificuldades em suas relações familiares desde a infância. Ao mesmo tempo, Annie Landsberg (Emma Stone) está presa aos sentimentos de uma perda do passado que a consome diariamente, levando-a ao consumo excessivo de uma droga que gera uma alucinação desejada por ela. O acaso acaba colocando os dois lado a lado em uma experiência do laboratório Neberdine Pharmaceutical and BIotech, a qual pode mudar a vida de ambos para sempre.

A narrativa que Fukunaga e Somerville dão à Maniac pode fazer com que o espectador menos comprometido com o conteúdo se perca pela mistura de atmosferas que as psiques dos protagonistas apresentam; entretanto, no diálogo de cada personagem você encontra mais camadas de aprofundamento que o roteiro traz ao questionar os caminhos da mente humana. Frases se conectam conforme você conhece melhor os traumas dos personagens, fazendo com que cada detalhe crie uma conexão maior no desenvolvimento da trama.

Enquanto acompanha a jornada principal pelas dificuldades psicológicas dos personagens, a narrativa ainda tem espaço para questionar outras relações da sociedade contemporânea, como o excesso de exposição à publicidade. Os exemplos mais claros disso envolvem a tecnologia no cotidiano, algo que é bastante modificado em relação ao que estamos acostumados hoje, mas, ao mesmo tempo, cria máquinas carismáticas e funcionais. Fukunaga faz jus à linhagem japonesa e amplia o questionamento tecnológico quando implementa situações mais comuns à cultura oriental, como a relação entre humanos e robôs, rendendo inclusive uma cena bizarra de sexo com realidade virtual.

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Apesar de o essencial para a narrativa funcionar estar nos diálogos entre os personagens e, principalmente, na relação construída por Owen e Annie, Maniac consegue criar situações surreais no imaginário dos protagonistas com boa qualidade, o que resulta em episódios que passeiam por outros gêneros, como épico e policial, rendendo grandes doses de sangue e um bom trabalho de maquiagem para criar a morte de um criminoso.

Entretanto, nada disso funcionaria tão bem se não fossem as ótimas interpretações de Jonah Hill e Emma Stone. Se antigamente o ator era um rosto muito marcado pelas comédias, aqui ele entrega a introspecção de um homem que sofre com a relação familiar angustiante e suas crises psicológicas. Enquanto isso, a atriz não foge tanto do que esperamos de suas qualidades de atuação, ainda mais porque as frases ditas por ela soam muito naturais.

Cary Fukunaga, Peter Somerville e nem mesmo a Netflix devem enxergarManiac como uma minissérie que vai cair no gosto popular instantaneamente e se tornar uma grande sensação global, por isso não fazem questão nenhuma de manter uma narrativa didática nos conceitos que dão estrutura ao debate da produção. O maior enfoque fica por conta da qualidade técnica entregue tanto por quem está na frente quanto por quem está atrás das câmeras, algo que se tornou cada vez mais raro nos originais da plataforma de streaming.

Este texto foi escrito por Gustavo Rodrigues via nexperts.

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Fontes

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