Klan: Spike Lee comemora indicações ao Oscar e celebra júri mais plural

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Spike Lee queria (e conseguiu) fazer a diferença com Infiltrado na Klan (2018). Na última semana, o cineasta recebeu pela primeira vez a indicação ao Oscar de melhor diretor – um marco em uma carreira consistente e superelogiada de mais de 3 décadas, mas que ainda não havia sido devidamente reconhecida pela Academia.

Em Klan, Lee conta a história de um policial negro (Ron Stallworth, interpretado por John David Washington) que se infiltra na Ku Klux Klan com a ajuda de um colega judeu (Flip Zimmerman, papel de Adam Driver). Juntos, os dois frustram um atentado da organização racista contra uma militante do Partido dos Panteras Negras – caso verídico ocorrido na década de 1970, contado pelo Stallworth da vida real em um livro lançado em 2014, e que, sob a ótica da adaptação de Lee, se manteve absolutamente atual.

Para saber mais sobre a primeira indicação de Spike Lee ao Oscar, além de entender por que Infiltrado na Klan fez tanto sucesso, o portal Entertainment Weekly convidou o diretor para uma entrevista. O resultado você vê a seguir, na seleção que fizemos com os trechos mais interessantes da conversa. Confira!

Legado de Klan ultrapassa os limites de Hollywood

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Spike Lee abre a entrevista afirmando categoricamente que o sucesso de Infiltrado na Klan é fruto de uma nova postura da sociedade, e que o legado do filme será maior do que se esperava. “Vamos ser honestos: essa indicação não teria acontecido sem o movimento #OscarsSoWhite [em tradução livre, #OOscarÉTãoBranco]. A campanha fez a Academia entender que era necessário diversificar o júri. Veja só o caso de Moonlight (2016), em que a pluralidade do corpo de jurados fez a diferença. (...) Acho que, daqui a algum tempo, quando os historiadores tiverem de recorrer a um filme que tenha sido capaz de cristalizar o momento que vivemos, eles certamente terão uma boa opção em Infiltrado na Klan. Ao menos é o que eu acho. E também gostaria de dizer que esse filme está do lado certo da história. Do lado certo!”, desabafou.

Questionado sobre o reconhecimento cada vez maior de cineastas negros e a notável diversificação das narrativas envolvendo a comunidade negra, poucas vezes valorizadas quando ousavam ir além da temática biográfica ou da escravidão, Lee comentou: “Os jurados da Academia são gente como a gente, então é natural que a diversificação do júri se reflita nas escolhas para o Oscar, que também passam a ser mais variadas. É por isso que começamos a ver esses filmes serem reconhecidos. Se não houver diversidade no corpo de jurados, isso não se refletirá nas indicações”.

Filme se tornou uma obra atemporal

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Lee também celebrou o fato de Infiltrado na Klan retratar um momento específico da História sem deixar o frescor de lado. “Conseguimos algo excelente, que tem a ver com o timing do filme. Criamos uma obra que fala sobre um fato pontual da História e que é, ao mesmo tempo, absolutamente contemporâneo. Fizemos um filme que conectou o passado e o presente com naturalidade, e que conseguiria esse feito mesmo se não tivéssemos recorrido àquele desfecho sobre o caso de Charlottesville. Infiltrado na Klan virou pauta desde a sua première, no ano passado, em Cannes. É exatamente por isso que estou nesse ramo: para mim, [o cinema] sempre foi uma tentativa de fazer as pessoas se conectarem à arte sem, de modo algum, dizer a elas o que devem pensar. Eu respeito a inteligência do público”, revelou.

Apesar dos feitos positivos, Klan rendeu uma pequena frustração a Lee: a não indicação de John David Washington ao Oscar de melhor ator. Lee admitiu estar desapontado, mas, ao mesmo tempo, demonstrou felicidade pelo restante da equipe e pelas conquistas coletivas da produção. “Me decepcionei com o fato de John não ter entrado na corrida pelo Oscar de melhor ator, claro, mas disse a ele que não se preocupasse. (...) Aliás, quero aproveitar para parabenizar todos os atores que estiveram conosco. O trabalho de Kim Coleman [diretor de elenco] foi extraordinário”, disse.

Já quando a conversa rumou para os seus próximos projetos, Lee se esquivou e concluiu a conversa de maneira rápida e objetiva: “Não quero falar sobre o que vem por aí. Quero continuar vivendo esse momento”. Quem seria capaz de discordar?

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Este texto foi escrito por Rodrigo Sánchez Paredes via nexperts.[/i]

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