Dois Irmãos diverte com casualidade e boas mensagens (CRÍTICA)

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É inegável que a Pixar é um dos maiores expoentes em animações (senão o maior, não é mesmo?), ainda que, de certa forma, excessivamente bajulada por parte de fãs, academia e profissionais da área como um todo, em detrimento a outros estúdios tão incríveis quanto, como Ghibli e Laika.

Seus maiores projetos dispensam apresentações e estão enraizados no imaginário popular com forte apelo carismático. Toy Story, Wall-EDivertida MenteProcurando NemoMonstros S.A. e por aí vai. Vez ou outra, entretanto, o estúdio parceiro da Disney se atém a produções menos ambiciosas em vias conceptivas, visando a casualidade, mas sem abrir mão de mensagens valiosas. Dois Irmãos, no caso, vem na pegada de O Bom DinossauroCarros Ratatouille, em uma vertente mais aventuresca.

Em um mundo colorido, cheio de magia e povoado por seres místicos ao melhor estilo tolkieniano (trolls, fadas, gigantes…), Ian e Barley Lightfoot são dois irmãos elfos que, por meio da magia, conseguem ressuscitar seu pai por um dia, mas somente da cintura para baixo. A outra metade só pode ser evocada via intermédio de um artefato secreto, aí vem a jornada extraordinária para realizar o sonho.

Quem comanda a direção é Dan Scanlon, também responsável por Universidade Monstro. Ele tem muita técnica para criar situações divertidas, mas ainda é cru na construção de grande tramas. Talvez nem seja a praia dele, afinal.

Versão infanto-juvenil de Um Morto Muito Louco
Versão infanto-juvenil de Um Morto Muito Louco

A primeira característica notável é o nível gráfico majestoso da animação: paisagens, roupas, fios de cabelo, texturas em superfícies, escombros… absolutamente todos os elementos apresentam riqueza visual e ganham realce quando apreciados em uma tela adequada. A trama incorpora elementos On the Road e, constantemente, insere os personagens em aventuras paralelas até retornarem aos trilhos do objetivo principal, emulando muito do que é visto em jogos de RPG. Prato cheio para os gamers.

O enredo é bem amarrado e não perde ritmo, sendo 112 minutos de puro deleite. A discussão aqui gira em torno de reflexões crônicas como “ainda existe magia em um mundo dominado pelo avanço tecnológico?” e “o que você faria se pudesse passar um dia inteiro com um ente querido que já faleceu?”. Esses debates são amaciados pela boa química do elenco.

Os irmãos Lightfoot seguem o padrão de personalidades contrastantes que convergem ao final em meio a conflitos pessoais. O terceiro elemento e alívio cômico é a metade do pai que, na parte superior, carrega um boneco de óculos escuro (dê um joinha se você se lembrou de Um Morto Muito Louco). Os personagens secundários também acrescentam na rodagem, mesmo sem relevância igualitária.

Não espere que Dois Irmãos seja mais uma sétima maravilha do esplendoroso universo cinematográfico da Pixar. A obra deixa a pretensão de lado em prol de uma história divertida, casual, esteticamente irretocável e de boas mensagens, que trafegam da magia ao luto, de modo que se comunique com todos os públicos. É para rir, chorar e se divertir sem fardos, deixando a magia acontecer.

Texto escrito por Fabrício Calixto de Oliveira via Nexperts.

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