O longo caminho de Altered Carbon até chegar à Netflix

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Estreou na última sexta-feira (2) Altered Carbon, série de ficção científica baseada em um livro de 2002 do escritor Richard K. Morgan. Ela é ambientada no século 25, quando os ricos e poderosos conseguem viver por centenas de anos transferindo sua consciência de corpos mais velhos para modelos mais novos. A produtora da série, Laeta Kalogridis, explicou como conseguiu desenvolver a adaptação que ficou anos presa na Warner e era para ser um filme.

O livro de Morgan fez tanto sucesso em seu lançamento que a Warner Bros. e o produtor Joel Silver compraram seus direitos ainda em 2002. O projeto ficou então no limbo por quase 10 anos, até que encontrou em Kalogridis uma chance de ver a luz do dia. Roteirista conhecida por Ilha do Medo, ela deixou claro que queria fazer um filme para maiores, mas o estúdio queria baixar a classificação para PG-13. Após entraves entre as duas partes, os direitos venceram e voltaram para o escritor; foi quando Kalogridis foi compartilhar suas ideias com ele.

Morgan comprou a ideia da produtora facilmente, mas ela continuou encontrando dificuldades em vender sua ficção científica para maiores. Altered Carbon caiu nas mãos da Skydance Media, mas ela não queria produzir um filme nesses moldes. Kalogridis pensava em uma franquia para contar a história completa, mas os executivos da produtora não aceitavam porque não parecia rentável, visto que ficção científica é um nicho bem pequeno, ainda mais aumentando a classificação etária. A partir disso, ela começou a pensar em transformar o projeto em uma série.

A “série” ganhou vida após o lançamento de programas como Fargo do FX, histórias fechadas em apenas uma temporada. Isso animou os executivos da Skydance e Kalogridis, que levaram a ideia até a Netflix, que por sua vez não se assustou com o custo da produção ou a temática adulta e focada no sci-fi. Fontes garantem que a série tem o custo de US$ 7 milhões por episódio, caracterizando a produção com a primeira temporada mais cara da história. Kalogridis desconversa sobre isso, mas também não nega que a série seja cara: “Esse é um número realmente engraçado. Sinto-me à vontade dizendo que ele está incorreto. Se está perto do valor, não posso dizer, o que posso falar é: ele é impreciso”.

A série recebeu algumas críticas por causa da troca de etnia de alguns personagens, principalmente o principal — Kovacs é asiático no livro, mas é interpretado por Joel Kinnaman —, além de ser acusada de objetificar as mulheres. Quanto ao primeiro caso, a produtora explicou que, ao contar parte do crescimento de Kovacs, ela pode acrescentar outro ator asiático, expandindo sua história. Ela acredita que o peso emocional da versão interpretada por Will Yun Lee no passado tem a mesma importância da de Kinnaman, portanto não cabem críticas sobre isso.

Sobre as mulheres, Kalogridis rebate dizendo que a forma como elas são tratadas é a mesma que a dos homens e ainda exemplifica apontando a violência excessiva contra Kovacs: “A nudez e a violência são absolutamente iguais para os dois sexos. Os dois aparecem nus na série, e quem sofre mais com a violência e a tortura é o personagem de Joel”.

Altered Carbon tem dez episódios e chega para marcar história como uma série de ficção científica extremamente cara e produzida por uma mulher, um fato raro nesse gênero. Além disso, toca em assuntos delicados, que causarão desconfortos no público e gerarão discussões por um bom tempo. “Esse tipo de arte focada em futuros distópicos é feita para gerar desconfortos. Se eu fiz as pessoas ficarem desconfortáveis com os questionamentos, então acho que não errei”, finaliza Laeta Kalogridis, showrunner da série.

Este texto foi escrito por Pedro Henrique via n-Experts.

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