Peeple: polêmico app de avaliação de pessoas chega ao iOS, mas perde charme

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Quando anunciado, em outubro do ano passado, o serviço Peeple foi o centro de uma série de polêmicas. Embora uma parte do público achasse que se tratava de um aplicativo falso, apenas para gerar burburinho na web, muita gente ficou indignada com a existência de um app no qual seria possível dar nota para pessoas – independentemente de sua aprovação ou de ela estar ativa na plataforma. Meses depois, na última segunda-feira (7), o programa provou que é real ao ficar disponível de forma oficial na App Store norte-americana.

Felizmente, para quem temia uma ferramenta com um potencial alto de destruir carreiras e vidas amorosas, as idealizadoras do projeto deram ouvido às críticas e modificaram bastante o software antes de deixá-lo disponível para os usuários de dispositivos iOS. Se inicialmente a ideia das empreendedoras Julia Cordray e Nicole McCullough era realmente criar uma espécie de Yelp ou Trip Advisor que, em vez de avaliar restaurantes e hotéis, classificava seres humanos, a versão final do produto ficou consideravelmente mais inofensiva.

Novo formato

Agora, através do serviço, o incentivo é que o público conceitue conhecidos em três diferentes campos: profissional, pessoal e amoroso. Teoricamente, por conta dessa base inusitada, o app agiria como um LinkedIn mais abrangente na hora de comprovar sua reputação – e a das suas conexões – como trabalhador, amigo e, claro, amante. Basta que você tenha a pessoa na sua lista de contatos telefônicos para que seja ativada a opção de avaliá-la com um trio de recomendações: positivo, neutro ou negativo.

Como as tais notas são separadas para as três categorias mencionadas anteriormente, um caso malresolvido entre chefe e funcionário que se tornaram amigos e depois pularam para “algo mais” pode acabar resultando em uma avaliação bombástica para ambos os lados. Para evitar que pessoas que não estejam cadastradas no serviço não tenham como se defender de acusações e recomendações duvidosas – algo que ocorreu bastante durante o período Beta de testes –, a dupla de criadoras do Peeple modificou o mecanismo por trás da brincadeira.

Em primeiro lugar, a etapa de cadastro passou a exigir uma confirmação dupla por meio de login da conta de Facebook do usuário e um PIN enviado via celular – evitando que espertalhões criem contas em nome de outros cidadãos. Além disso, cada integrante da comunidade do aplicativo pode rejeitar e aprovar as avaliações da forma que lhe for mais conveniente, tendo ainda a opção de bloquear ou reportar trolls.

Outra medida de privacidade diz respeito ao fato de você escolher o que quer compartilhar publicamente do seu perfil, podendo mostrar todo o conteúdo armazenado ou apenas as seções que preferir – entre os três campos disponíveis no app. Adicionalmente, quem está de fora da brincadeira, apesar de ainda poder ser recomendado por seus antigos amigos ou desafetos, não ganha um mural público até que esteja cadastrado na rede – e aprove ou desconsidere os posts de terceiros.

Perdeu o charme?

Com todas essas alterações, Peeple deve se tornar menos agressivo em sua jornada pela qualificação das pessoas, mas, ao mesmo tempo, também tende a perder bastante do apelo e do hype que construiu em seus estágios iniciais. Afastando-se mais do perfil de serviço que ficou marcado com o surgimento do Lulu – o polêmico aplicativo de avaliação de homens – e permitindo que mensagens desfavoráveis nunca vejam a luz do dia, as chances são de que o projeto não cause um grande rebuliço em longo prazo.

Na verdade, mesmo que a pessoa tenha um lapso e aprove um comentário negativo, com o fim do anonimato na plataforma dificilmente alguém que trabalhou com um gerente insuportável vai ter a coragem de criticar o chefe, por exemplo – provavelmente por medo de represálias. Mesmo se levarmos em conta o uso ideal do app, que, de acordo com suas criadoras, seria uma consulta fácil e comprovada de quem seu novo colega de trabalho é ou da qualidade de uma nova babá para suas crianças, o novo Peeple aparentemente não dá conta do recado.

Julia e Nicole prometem que sua equipe vai ficar de olho nas atividades do aplicativo para se certificar de que casos de bullying, racismo, sexismo, xingamentos e outros tipos de abusos não se propaguem no serviço. Talvez fosse uma boa ideia que os moderadores – ou regras pré-implementadas dentro do próprio sistema – também se certificassem de cuidar para que perfis com uma avalanche de recomendações negativas reais fossem expostas ou marcadas como não confiáveis de algum modo, dando mais validade ao conceito de referências online.

Por enquanto, Peeple só pode ser baixado em dispositivos da Apple, mas a versão para Android já está bem encaminhada e deve ficar disponível na Google Play muito em breve. Apesar disso, segundo o FAQ no site oficial do app, uma edição web do serviço ainda não faz parte dos planos da desenvolvedora.

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