Hands Across America: entenda o evento e como ele foi parar no filme Nós

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Cuidado: o texto a seguir contém spoilers do filme Nós

O cineasta Jordan Peele está brilhando nos cinemas com o filme de terror Nós (Us,no título original), que, além de ser sucesso em bilheteria, está ganhando uma legião de fãs com seus diversos easter eggs. Uma das principais referências para a história, porém, pode acabar passando despercebida por muitos brasileiros: Hands Across America.

Se você já viu o filme e não entendeu muito bem todo o lance de os “vilões" ficarem de mãos dadas em uma linha, confira o que foi e como o evento de arrecadação — que realmente aconteceu — se tornou um ponto importante para a trama de Peele.

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O que foi o Hands Across America?

https://tm.ibxk.com.br/2019/03/29/29112050582491.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/03/29/29112050582491.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Hands Across America sendo realizado na Filadélfia (EUA) em 1986 | Imagem: Wikipedia

Em 1986, o governo dos Estados Unidos realizou uma campanha para ajudar instituições de caridade e arrecadar cerca de US$ 50 milhões: o objetivo era organizar, no dia 25 de maio, uma grande fila com pessoas de mãos dadas. Quem tivesse interesse em participar precisava pagar uma quantia simbólica de US$ 10 para garantir seu lugar na linha, que também contou com a presença de políticos, celebridades e até personagens da cultura pop.

O governo investiu pesado e queria superar a campanha do bem-sucedido single "[url=https://www.youtube.cohttps://tm.ibxk.com.br/embed/Zi0RpNSELas]We are the world[/url]", lançado no ano anterior. A organização até fez uma música-tema para o Hands Across America, com a participação de grandes nomes dos anos 1980 em um vídeo, incluindo a banda Toto e personalidades como Barbra Streisand, Oprah Winfrey e o robô C-3PO, personagem de Star Wars.

Apesar de todo o esforço, a iniciativa foi considerada um imenso fracasso: o investimento em divulgação fez o Hands Across America custar entre US$ 14 e US$ 16 milhões, e a arrecadação ficou na casa dos US$ 30 milhões. Com isso, as instituições beneficiadas pelo movimento só receberam US$ 15 milhões, longe da meta inicial de US$ 50 milhões.

Como o evento foi parar no filme?

Além de ter sido um pesadelo para o governo dos Estados Unidos, o Hands Across America tirou o sono das crianças dos anos 1980 com alguns de seus comerciais bizarros, o que serviu de inspiração para o diretor. Falando ao site Uproxx, Peele revelou que assistiu a uma propaganda do evento na MTV, com imagens assustadoras de milhares de olhos e dedos para representar 6,5 milhões de pessoas que participariam da corrente.

A estética sinistra daquela produção foi suficiente para fazer o diretor colocar um vídeo da iniciativa logo na abertura de seu filme, enquanto a jovem personagem Red (antes de trocar de lugar com Adelaide) assiste à televisão. O contato da protagonista com o Hands Across America fez com que ela levasse o mantra do evento para o subterrâneo após ser capturada por sua doppelgänger.

Devido a essa relação da salvadora dos clones com o evento, a realização de uma corrente humana acaba se tornando o principal objetivo dos “acorrentados” ao subirem para a superfície. É interessante notar que durante todo o filme vemos referências ao Hands Across America, e não apenas no começo e no fim do longa. Enquanto o caos toma conta dos Estados Unidos, sempre é possível ver os doppelgängers tomando seu lugar na fila para realizar o cordão humano.

https://tm.ibxk.com.br/2019/03/29/29111425683486.jpg" alt="" data-mce-src="https://tm.ibxk.com.br/2019/03/29/29111425683486.jpg" style="height:auto;vertical-align:middle;Por que esse cara sinistro está parado no meio da praia? Ele é um dos primeiros a garantir seu lugar no Hands Across America | Imagem: Universal Pictures

Antes de Nós ser lançado nos cinemas, Peele chegou a twittar que a obra se trata de um filme de horror, talvez fazendo menção ao fato de ter colocado nele dois dos principais medos que o assombravam na infância: doppelgängers e a sinistra e desastrosa campanha do Hands Across America.

Nós está em cartaz nos cinemas brasileiros e, assim como Corra!, vale a pena conferir o filme mais de uma vez nas telonas, principalmente após conhecer todo seu universo e a atmosfera por trás do longa.

Você curtiu a segunda produção cinematográfica de Jordan Peele? Tem alguma teoria sobre a trama? Deixe sua opinião nos comentários!

Este texto foi escrito por Mateus Mognon via nexperts.

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