Filme “Nerve” aborda perigos da tecnologia, do mundo virtual e do anonimato

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Nesta quinta-feira, 25, a Paris Filmes lança no Brasil “Nerve – Um jogo sem Regras”, estrelado por Emma Roberts e Dave Franco.

A premissa básica do longa-metragem trata do jogo virtual Nerve, que pretende levar a proposta do “Verdade ou Desafio” ao extremo, onde só é possível aceitar desafios.

Neste game, os jovens podem decidir se querem ser jogadores ou espectadores. Quem opta por jogar deve cumprir determinados desafios que são votados pelos observadores. A cada desafio ganho, o jogador recebe uma quantia em dinheiro em sua conta bancária.

Acontece que o jogo tem algumas regras, e a brincadeira pode não ser tão tranquila como muitos imaginam. Além disso, é importante notar que todos que usam o Nerve estão proibidos de comentar sobre o jogo com pessoas que estão fora dele — principalmente com a polícia — e há penalidades para quem desobedecer esta regra.

A trama do filme aborda o envolvimento de jovens em joguinhos similares, em que tudo parece apenas uma brincadeira, mas leva as situações ao limite máximo para mostrar os perigos do mundo virtual. Neste artigo, vamos falar um pouco das tecnologias abordadas no filme e como isso tem conexão com a nossa realidade.

Um jogo que pode existir de verdade

Como funciona o jogo? O filme não dá detalhes sobre as tecnologias de Nerve, mas é claro que não é difícil identificar os conceitos para o funcionamento do game. Ele tem duas pontas: os desafios (para jogadores) e os streamings (para observadores).

Quem é jogador precisa de um celular para acessar a interface principal. Ainda que não possamos ver detalhes do sistema de Nerve, dá para entender que o jogo usa a câmera do celular (para capturar vídeos dos desafios em tempo real), a rede de celular com acesso à internet (para enviar os dados) e o GPS (para identificar a posição de cada jogador).

O conceito parece familiar? Pois é, Nerve é um game que usa realidade aumentada para levar os jogadores para uma nova realidade, tal qual você já deve conhecer em Pokémon Go. A diferença aqui é que você não interage muito com a tela, mas apenas aceita os desafios e faz streamings, como se fosse um gameplay da vida real transmitido para o Twitch.

Quem é observador utiliza outra interface, na qual não é possível enviar vídeos, mas apenas assistir aos streamings disponíveis. Apesar disso, os espectadores contam com sistemas de comentários e de votação, podendo assim decidir as tarefas dos jogadores. A interação para este grupo pode ser feita via celular ou computador.

Nerve mistura streaming e realidade aumentada, como se fosse um gameplay da vida real

Como tudo isso é conectado? Conforme o filme explica, o game Nerve não está instalado em um servidor, de forma que ele se propaga via P2P (peer to peer) ou talvez via Magnet Link. É o mesmo conceito do antigo compartilhamento de músicas, em que cada usuário é um servidor e também um cliente.

Os perigos do jogo

Nerve é um game que se mostra bastante simples. Basicamente, os jogadores apenas precisam realizar desafios — como beijar um desconhecido ou experimentar um vestido caríssimo em uma loja de grife — para receber uma boa grana em troca. É tentador, e não é por acaso que muitos jovens topam entrar na brincadeira.

O roteiro do filme insiste em diferentes tipos de desafios, entrelaçando vários jogadores, que acabam alterando as provas uns dos outros. Essa interação se mostra bastante interessante, ainda mais porque os observadores é que estão por trás de todas as decisões.

Acontece que o jogo pode tomar proporções exageradas. Os desafios podem envolver ações ilegais, violência e até chegar a situações em que os jogadores colocam a vida em risco. Não há exatamente situações paralelas nos jogos similares do mundo real, mas o filme debate justamente as questões de descuido, inocência e empolgação dos envolvidos nos joguinhos.

É curioso notar que, assim como temos casos similares no mundo real, o jogo Nerve cria uma relação entre estrelas (os jogadores) e fãs (os observadores). Todavia, o grande diferencial aqui é que há fãs que tomam decisões para encurralar alguns famosos, seja apenas para ver a desgraça alheia ou simplesmente para que seu ídolo saia na frente.

O anonimato faz suas vítimas

Obviamente, com todos esses argumentos no roteiro, o filme vai além e aborda a comunidade online. Falando da nossa realidade, a gente sabe que o mundo virtual é uma loucura, algo ainda mais saliente em sites que não exigem qualquer tipo de documento comprovando a identidade dos internautas, ou seja, estamos falando aqui de quase toda a web mesmo.

Nerve mostra o perigo do anonimato, já que os espectadores podem decidir os desafios dos jogadores

Qualquer pessoa pode criar uma conta (ou dezenas delas) em redes sociais, serviços, joguinhos, e tudo é de graça. Tirando lojas e sites que mexem com finanças, o único tipo de registro que a maioria dos sites usa é o endereço IP, que em geral apenas identifica a localização de um acesso, mas não necessariamente a pessoa que está atrás da máquina.

É possível que você conheça vários casos de famosos que não souberam lidar com a fama, com a pressão, com os comentários maldosos, com os bisbilhoteiros. A vida de quem decide viver na web vira de cabeça para baixo, e o anonimato acaba só piorando as coisas. O bullying não tem limites no mundo virtual e isso pode levar a consequências trágicas.

Em “Nerve – Um Jogo sem Regras”, toda essa questão do anonimato se mostra ainda pior, já que os espectadores podem decidir os desafios dos jogadores. O filme mostra como as intrigas, os xingamentos ou um simples clicar num botão pode levar uma pessoa a situações perigosas.

Nesse debate latente, fica evidente que cada jogador aceitou participar do jogo por livre e espontânea vontade (ou seria uma pressão da sociedade?), mas também é ressaltado que cada observador também está pagando por um show que pode ter um resultado bem inesperado. Afinal, até que ponto o anonimato é benéfico? Será que somos reféns das novas tecnologias? Até que ponto isso pode chegar?

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