#MeToo: Leslie Moonves é demitido da CBS após denúncias de abuso

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Depois de 23 anos de atuação em diferentes cargos na CBS, o atual CEO da emissora americana, Leslie Moonves, deixou seu cargo na segunda-feira (10), por conta das acusações de assédio e abuso sexual movidas por mais de uma dúzia de mulheres.

Com fama de durão e considerado um visionário no show-biz, Moonves se consolidou ao longo destas duas décadas como um dos mais importantes homens do ramo, algo que também tem em comum com Harvey Weinstein. Porém, o legado que ele deixa para a CBS é bastante complicado. Quem assume a cadeira interinamente é Joe Laniello, chefe operacional da emissora, cujo conselho vai ganhar seis novos membros, além dos 13 que já existem.

A fusão que aconteceria da CBS com a Viacom não vai mais existir, por exemplo, por pelo menos mais 2 anos, já que a emissora resolveu as disputas jurídicas que possuía com a National Amusements Inc.

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Segundo Shari Redstone, vice-presidente da National Amusements Inc., a CBS conseguiu construir uma organização formada por pessoas talentosas e dedicadas que se tornou uma das mais bem-sucedidas empresas de mídia do mundo todo, e a expectativa é de que isso evolua ainda mais a partir de agora.

"A resolução de hoje vai beneficiar todos os acionistas, nos permitindo focar no negócio de administrar a CBS — e transformá-la para o futuro. Estamos confiantes na capacidade de Joe de atuar como CEO interino e muito satisfeitos em receber nossos novos diretores, que trazem conhecimentos valiosos e diversificados, bem como um forte compromisso com a governança corporativa."

Parte do acordo firmado entre os envolvidos para minimizar o escândalo gerado pelas acusações inclui uma doação conjunta de 20 milhões de dólares ao #MeToo, como forma de dar apoio ao movimento de igualdade de gênero no universo do cinema. Esse valor, segundo a emissora, será deduzido do que a CBS pagaria a Moonves pela rescisão.

"Moonves não receberá nenhum benefício de indenização neste momento (além de certos benefícios e compensações totalmente acumulados e adquiridos); quaisquer pagamentos a serem feitos no futuro dependerão dos resultados da investigação independente e da avaliação subsequente do Conselho", revelou a produtora, em referência a uma investigação independente que vem sendo feita pela própria, por duas empresas particulares.

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Como nega ter cometido qualquer um dos crimes dos quais foi acusado, Moonves emitiu uma declaração no último domingo (9) lamentando a decisão. "Pelos últimos 24 anos, foi um privilégio incrível liderar o renascimento e a transformação da CBS em uma companhia de mídia que é líder global. A melhor parte dessa jornada foi trabalhar junto a pessoas dedicadas e talentosas. Juntos, nós construímos a CBS e a convertemos em um roteiro onde os melhores do negócio vêm para trabalhar e serem bem-sucedidos".

Ele também nega as acusações: "Alegações não verdadeiras de décadas atrás estão sendo feitas agora contra mim e não são consistentes com quem eu sou. Imediatamente não serei mais presidente e CEO da CBS. Estou profundamente chateado por estar deixando a companhia. Eu desejo nada além do melhor para a organização, para o conselho de diretores composto recentemente e para todos os funcionários".

As denúncias de seis mulheres feitas contra ele foram feitas por participantes do movimento Time's Up, a partir de uma reportagem do jornal The New Yorker, somadas a outras seis que já haviam citado o ex-CEO como responsável por situações de abuso sexual e assédio. "Mais seis mulheres fizeram alegações de abuso, assédio e retaliação contra Leslie Moonves. Nós acreditamos nelas. Essas novas alegações são para além das seis mulheres anteriores que já falaram corajosamente sobre o comportamento horrível de Moonves. Dezenove funcionários atuais e antigos da CBS também relataram que o ex-presidente da CBS News, Jeff Fager, tolerou assédio sexual em sua divisão”, disseram representantes do movimento.

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As acusações incluem relatos de toques e beijos não autorizados, e as mulheres revelam não terem se sentido à vontade para denunciar o executivo antes sem acreditar que isso prejudicaria suas carreiras. Os incidentes, que aconteceram entre as décadas de 80 e 2000, envolvem a apresentadora Phyllis Golden-Gottlieb e a atriz Ileana Douglas, bem como Jane Jones, Christine Peters e Dinah Kirgo, além da ex-assistente de Moonves, Jessica Pallingston.

Elas reportam comportamentos absurdos, como serem forçadas a performar sexo oral no executivo e serem ofendidas verbalmente quando recusavam realizar os "favores sexuais". Em sua primeira manifestação após as acusações, o executivo negou ter agido de forma a cometer qualquer abuso de poder contra pessoas que trabalharam com ele; admitiu três dos encontros sexuais mencionados, mas diz que foram consensuais.

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"Ele tirou toda a minha carreira", disse Phyllis. Quando indagada se o relacionamento que teve com ele era consensual, ela respondeu: "De forma nenhuma, se isso é uma piada, e uma ruim", desabafa a ex-apresentadora, que tinha na época duas crianças para sustentar, então precisava do trabalho.

Gloria Allreed, respeitada advogada conhecida por tomar a frente de projetos de assédio sexual nos Estados Unidos, representa algumas das mulheres que encabeçam as ações contra Moonves, entre elas a própria Phyllis, e levanta um alerta sobre as investigações particulares que foram encomendadas pela emissora.

"Muitas pessoas me contataram preocupadas se deveriam falar com a investigação particular; afinal, eles estão sendo pagos pela CBS. Eu considero muito importante o fato de haver duas firmas de advocacia envolvidas, que vão entrevistar o máximo de pessoas que puderem e dar um relatório ao conselho da CBS ", disse a advogada.

Este texto foi escrito por Lu Belin via nexperts.

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