Um Crime para Dois diverte com despretensiosidade (CRÍTICA)

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Na temporada de premiações de 2018 (saudades né, minha filha?), uma comédia romântica chamou a atenção do público e da imprensa devido às suas particularidades. Sobretudo por abordar um divertido e cativante choque de culturas protagonizado pelo ator paquistanês-estadunidense Kumail Nanjiani, que, para além do êxito nas séries, fazia sua verdadeira grande estreia em Hollywood. 

Doentes de Amor ressignificou conceitos do gênero e, merecidamente, recebeu inúmeras indicações a prêmios, além de algumas estatuetas. Se o filme foi tão bom assim, por que não repetir essa fórmula de sucesso? É o que Um Crime para Dois, novo filme da Netflix, buscou fazer.

Embora discorra sobre as complexidades de um relacionamento, o longa expõe o assunto de forma simples e despretensiosa. Gibran e Leilani estão passando por uma crise amorosa até que, inesperadamente, o casal "atropela" um ciclista e acaba se tornando suspeito de um crime. Parece pesado? Nada disso, pois o ocorrido se converte em muita confusão e situações improváveis. A típica trama que evoca a máxima “Deus escreve certo por linhas tortas”, na qual os erros culminam em acertos (ou em mais erros, dependendo do caso…). 

Essa baguncinha gostosa é dirigida por Michael Showalter, o cara de Doentes de Amor. Esperava-se mais dele aqui, mas o novo projeto não necessariamente decepciona e pode ser considerado uma opção de comédia interessante para esquecer o caos que está instaurado no mundo atualmente.

Se o seu objetivo é se fartar de rir, esqueça. O humor de Um Crime para Dois está anexado nas entrelinhas, nos gestos, na química e na subjetividade do filme. Os percalços até apresentam vestes escatológicas, mas sem descambar para a obscenidade, por conter pitadas à la sitcom, stand up e citações às nossas culturas cotidiana e comportamental (como debate sobre o uso de redes sociais, programas de TV e por aí vai). 

E o mais impressionante é que essa mistura singular e equilibrada funciona. Quer dizer, não o tempo todo. Às vezes se desgasta pela leviandade, mas convence no geral. Talvez a cena em que a dupla tenta quebrar um vidro de modo completamente desajeitado possa resumir o sentimento que perdura nele.

Se Deus quiser, vai dar tudo errado Netflix/Reprodução 
Se Deus quiser, vai dar tudo errado.

Prenunciado nos cartazes e trailers, o casal carrega a história nas costas ao melhor estilo à la Os Normais. Nanjiani (Silicon Valley e MIB: Homens de Preto – Internacional) traz seu humor na forma cristalina em bons diálogos e reações engraçadas. Não à toa, é considerado uma das maiores estrelas em ascensão da comédia, já com um lugarzinho garantido em Os Eternos

Do outro lado, Issa Rae, que vem pavimentando sua carreira há pouco tempo pelo protagonismo em Insecure e papéis em outros filmes (como A Chefinha e O Ódio que Você Semeia), faz um excelente contraponto ao seu parceiro. Ela tem energia, presença, sarcasmo e também conquista nas sacadas textuais. É um nome para ficar de olho. O que sobra além deles são presenças dedicadas a contextualizar situações alheias, destacando as participações de Anna Camp (True Blood) e Paul Sparks (House of Cards).

Sem a mesma ambição e inventividade, Um Crime para Dois ressuscita a parceria que deu certo em Doentes de Amor e diverte com uma comédia romântica simples e com roteiro simpático. A título de curiosidade, era para a produção ter dado as caras na SXSW, que foi cancelada por causa da pandemia do novo coronavírus. 

Assim, o filme teve seus direitos de distribuição adquiridos pela gigante do streaming. Talvez a venda tenha sido um acerto, afinal.

Texto escrito por Fabrício Calixto de Oliveira via Nexperts.

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Fontes

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