País do Carnaval: 7 séries sobre a identidade do Brasil

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Ah, o carnaval! Maior festa popular do Brasil, tempo em que as nossas queridas séries de TV e streaming costumam ficar de lado para dar lugar a fantasias, confetes e serpentina. Mas nós aqui do Minha Série não paramos, e trazemos uma lista especial de séries que abordam a identidade brasileira.

Isso porque o carnaval, além de ser uma festa, é também uma das mais vibrantes expressões da nossa identidade, tão costurada na nossa cultura que boa parte do mundo, quando pensa no Brasil, pensa em carnaval.

José Luiz Fiorin, professor da Universidade de São Paulo e um dos maiores linguistas do Brasil, afirma que "a identidade autodescrita do brasileiro é sempre a que é criada pelo princípio da participação, da mistura", e que é por isso que "se descreve o brasileiro como alguém aberto, acolhedor, cordial, agradável, sempre pronto a dar um jeitinho". Nessa lista, reunimos então 7 séries que mostram essas características da nossa identidade.

O Guarani

Transmitida originalmente em 1991 na extinta TV Manchete (diga-se de passagem, TV que tinha a maior tradição de cobertura midiática do carnaval brasileiro antes da Globo), O Guarani é uma adaptação do clássico livro homônimo de José de Alencar, escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Marcos Schechtman.

A série, apresentada em 21 episódios e aclamada pela crítica, faz juz à obra escrita que acompanha o arco dramático da personagem protagonista Peri (Leonardo Brício), um índio que é a síntese do início da miscigenação e aculturação que ocorria no Brasil do século XVII. O par romântico de Peri foi interpretado por Angélica — Cecília de Mariz —, quando tentava projetar sua carreira de atriz em gênero dramático e se afastar um pouco do público infanto-juvenil que a acompanhava devido ao seu programa infantil, rival de Xuxa e Mara Maravilha.

Casa Grande & Senzala

A minissérie de 4 episódios é até hoje a única adaptação para o audiovisual do livro que é considerado o principal estudo social da identidade brasileira — "Casa Grande & Senzala", do sociólogo Gilberto Freyre (e vale a pena ver também o filme Raízes do Brasil, adaptação de outro clássico sobre identidade escrito por Sérgio Buarque de Holanda, pai de Chico Buarque).

Transmitida pelo canal GNT, a série de caráter documental sobre o autor do livro e seu processo de escrita, repleta de entrevistas com assumidades da área e encenações que trazem Fernando de Mello Freyre no papel de seu avô.

Dona Flor e Seus Dois Maridos

Do livro de Jorge Amado, a TV Globo apresentou a série em 20 episódios nos idos de 1998, uma das tantas adaptações que a obra ganhou desde que foi escrita contando a história de uma mulher que sintetiza algumas das contradições presentes na nossa identidade como sonho e realidade, prazer e dever, irresponsabilidade e trabalho pesado.

No elenco dessa versão de Dona Flor e Seus Dois Maridos, Giulia Gam era a Dona Flor, Edson Celulari viveu Vadinho (reprisando o par romântico vivido pelos atores na novela Fera Ferida, de 1994), e Marco Nanini interpretou o Dr. Teodoro.

A Vida Como Ela É

A Globo também reuniu elenco de peso — José Mayer, Maitê Proença, Tony Ramos, Malu Mader, Marcos Palmeira, Débora Bloch, Tarcísio Meira, Nívea Maria, Yoná Magalhães, entre outros — para reconstruir os contos de Nelson Rodrigues, considerado o maior cronista da vida cotidiana do Brasil.

Apresentada em episódios semanais, transmitidos dentro do programa fantástico, a série A Vida Como Ela É foi dirigida por Daniel Filho e tratava de temáticas muito presentes no imaginário da identidade brasileira como sexo e traição em contraste com o espírito de religiosidade, e as questões existenciais da emergente classe média dos centros urbanos do país.

Terrores Urbanos

Parte fundamental da identidade do Brasil é a capacidade do brasileiro de criar lendas urbanas. O Brasil é o país do carnaval, mas também é o país do Chupa-Cabra. Foi usando esse gancho que Maristela Mattos e Thaís Falcão criaram Terrores Urbanos para a TV Record. Com 5 episódios, a série retrata, em cada um deles, uma dessas lendas conhecidas.

Entre as histórias retratadas, com boa dose de suspense, estão a da Loira do Banheiro, que apareceria assustadoramente no espelho de escolas; da Gangue dos Palhaços, um grupo de criminosos formado por homens que se juntaram para conseguir dinheiro após serem demitidos de seus trabalhos; e do Homem do Saco, um dos serial killers mais conhecidos no imaginário popular infantil brasileiro, que capturaria crianças na rua, desacompanhadas dos pais (quem de nós nunca foi ameaçado pela mãe com essa história, não é mesmo?)

Cidades Invisíveis

Atualmente em produção, Cidades Invisíveis é a nova aposta da Netflix no mercado nacional de séries, e traz o brasileiro Carlos Saldanha no comando, premiado diretor dos longas de animação A Era do Gelo e Touro Ferdinando.

A ser apresentada em 8 episódios, a série contará a história de Eric, detetive que durante a investigação de um crime acaba se envolvendo num submundo de mistérios que envolvem grandes personagens do folclore brasileiro como o Saci Pererê e Curupira.

Filhos do Carnaval

Apresentada pela HBO Brasil, a série Filhos do Carnaval retrata o universo das escolas de samba do Rio de Janeiro através da história de desavenças familiares do dono de uma das agremiações, chefe de jogo do bicho, e pai de 4 filhos, um deles suicida. Muito mais do que glorificar as belezas do carnaval midiático, a série mostra como funciona a relação intrínseca entre contravenção e o carnaval do Rio (o que embora tenha sido retratado em 2006, é verdade até os dias de hoje).

A série foi aclamada com indicação ao prêmio Emmy Internacional na categoria de Melhor Minissérie de TV e foi premiada com o Grande Prêmio da Crítica pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Este texto foi escrito por André Kano, COO do Grupo NZN, em colaboração com o site Minha Série.

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