Imagem de Assassin's Creed: Altair's Chronicles
Imagem de Assassin's Creed: Altair's Chronicles

Assassin's Creed: Altair's Chronicles

Nota do Voxel
64

Os belos gráficos não conseguem obscurecer a jogabilidade ruim e os minigames fora de contexto.

Assassin’s Creed: Altair’s Chronicles chega às telas do DS com duas pretensões principais: fazer uma adaptação decente das desventuras do assassino Altair em uma versão de bolso e oferecer uma introdução minimamente plausível para a história encontrada nos seu irmão maior. Bem, nenhuma delas parece ter sido completamente alcançada, embora não se possa considerar Altair’s Chronicles um total fracasso, já que alguns momentos ainda conseguem ter algum brilho.

As belas cidades pelo menos ainda estão presentes.

Quer dizer, o que importa se Altair se tornou uma espécie de assassino genérico quando se tem como pano de fundo belas cidades como Tyre e Alep (ambas não constavam na versão maior) ou ainda Jerusalém, Acre e Damasco? Bem, talvez importe um pouco.

História — já que, afinal, tem que existir alguma, não?

É claro que existe uma história por trás das aventuras de bolso de Altair. Entretanto, não espere encontrar o mesmo grau de imersão, as mesmas questões éticas e, por fim, os mesmos esquemas bem engendrados das versões para consoles de mesa. Em primeiro lugar, não existe mais aquele ar de ficção científica. Isso porque a perspectiva não estará mais com Desmond Miles, mas apenas com o seu ancestral — que, para quem não sabe, é o próprio Altair.

Sim, existe uma história... A trama se passa em meio à Terceira Cruzada, no ano de 1190 DC. Os cruzados caçam os sarracenos a fim de tomar a Terra Santa, Jerusalém. O início do jogo mostra então um jovem assassino retornando de sua última jornada, quando é contatado pelos seus superiores na Hashshashin a fim de realizar uma missão nobre mas com uma simplicidade a La Tomb Raider ou Indiana Jones.

Altair deve partir em busca de uma relíquia sagrada; um cálice que supostamente seria capaz de unir sob uma única bandeira todas as facções de um determinado lado da guerra — sejam os Sarracenos ou os Cruzados. O objeto colocaria então um fim à Terceira Cruzada. Entretanto, sendo o Cálice uma relíquia perigosa demais para estar nas mãos de homens, as ordens de Altair são para dar fim à relíquia assim que ela cair em suas mãos.

É claro que a versão do Cálice Sagrado de Altair’s Chronicle dá um certo sentido ao jogo. Quer dizer, pelo menos você vai ter um motivo claro para ir constantemente do ponto A até o ponto B, posto que vários diálogos em texto (é claro) devem guiá-lo através de fazes quase completamente lineares — não que alguém realmente estivesse esperando um mundo aberto na versão para DS, é claro.

É isso mesmo, nada de elementos místico detalhados ou questões morais pesadas. Saia correndo (literalmente) atrás de um objeto para completar a sua missão e garantir paz. Simples assim. Isso, de certa forma, acabou tirando um pouco da identidade do protagonista, que aqui pode ser considerado como apenas “mais um” — até porque, você pode encontrar facilmente personagens com um visual exatamente igual ao de Altair.

Um assassino de bolso

Caso você esteja acostumado com outra série famosa da Ubisoft, Prince of Persia, os primeiros momentos da ação de Altair’s Chronicles vão tornar a comparação inevitável. Basicamente, o jogo herda muito do estilo característico de ação em plataformas de Prince of Persia, embora tenham sido acrescentados ações furtivas e um esquema de combate diferenciado.

E, bem, como se trata do DS, você já deveria estar esperando um mapa para ocupar (dar alguma utilidade) à outra tela do console, não? Aliás, várias outras adições foram feitas à jogabilidade original a fim de dar alguma utilidade às características do portátil, como os minigames — que serão comentados mais adiante.

Os ataques diretos são relativamente simples: você terá ataques fortes e fracos além de alguns poucos combos. Também será possível utilizar várias bombas e projéteis. Uma miríade de armas diferentes ainda será disponibilizada durante o jogo, embora — falando francamente? — apenas a boa e velha espada possa dar conta do recado na maior parte das vezes. E, é claro, existe a clássica adaga escondida dentro da manga, que será utilizada para os assassinatos furtivos.

A maior parte do jogo de fato vai consistir em atravessar cenários escapando de lâminas inimigas, lanças que brotam do chão e buracos que significam morte certa. Alguns momentos ainda devem trazer alguns puzzles bem leves, e mesmo algumas ações furtivas serão necessárias.

Entretanto, existe um pequeno problema nisso. Dois, a bem da verdade. Em primeiro lugar, essa ação constante e repetitiva vai acabar, inevitavelmente, se tornando enfadonha depois de algum tempo. Não que alguns momentos não possam ser interessantes — pule sobre o buraco, saia correndo, passe com cuidado sobre uma superfície estreita para em seguida acertar um inimigo desavisado.

Em segundo lugar, sendo Altair’s Chronicles inegavelmente um jogo voltado para a ação em plataformas, seria pelo menos razoável encontrar uma jogabilidade de acordo com esse foco. Infelizmente essa não é a realidade, e você provavelmente vai se ver em uma porção de momentos frustrantes em que será necessário pular para uma plataforma fora de visão ou quando o pulo do protagonista não funcionar exatamente como se esperava.

Entrando em combate

Não obstante a movimentação ruim do protagonista durante o jogo, os combates fluem realmente sem maiores problemas, tornando-se rapidamente um dos pontos mais gratificantes do jogo. Embora a sua espada juntamente com os botões de ataque forte e fraco acabem mesmo fazendo a maior parte do trabalho, vários outros esquema de ataque e defesa serão aprendidos no decorrer do jogo.

Ação em plataformas... agora com um prático mapa.Complementando os ataques básicos, será possível também bloquear e contra-atacar. Algumas cenas particularmente empolgantes do jogo vão envolver batalhas em ambientes cheio s de armadilhas, onde saber utilizar o movimento certo na hora certa realmente pode fazer uma boa diferença.

Entretanto, é claro que a marca registrada de Assassin’s Creed está presente. Em alguns momentos você terá que assassinar um eventual guarda sem chamar a atenção, ou será necessário ainda roubar as chaves de um segundo a fim de abrir o portão e dar continuidade ao jogo.

Em, em primeiro lugar, matar alguém furtivamente acaba às vezes sendo quase cômico. Isso por que o botão utilizado para se matar em surdina é, na realidade, o mesmo botão utilizado para qualquer outra ação contextual: o botão “A”. O problema é que isso nem sempre funciona, e muitas vezes você se verá em uma dança em volta do adversário esperando que o botão finalmente apareça na tela e a seqüência tenha início.

Bem, pelo menos os guardas parecem saber dessa deficiência do jogo, já que muitas vezes vão ignorar completamente a sua dança, esperando pacientemente pela morte certa. Aliás, isso poderá acontecer em diversas ocasiões.

Jogo para DS, elementos de DS

Os minigames provavelmente estariam mais bem colocados em um jogo do Mario. Outro bom exemplo da condescendência dos inimigos acontece quando você deve roubar a bolsa de alguém. A mesma ação contextual será necessária — demandando, ocasionalmente, a mesma dança macabra — para dar início a um dos momentos mais “nonsense” do jogo.

Trata-se de clássico minigame do tipo “dê alguma utilidade a tela sensível do DS”. A tela normal desaparece, e passa a ocupar a tela inteira uma grande mancha preta. Deslizar a stylus de um lado para o outro vai fazer então com que o interior da bolsa da vitima apareça, exibindo todos os objetos do seu interior.

Após encontrar o item dentro da bolsa (normalmente será uma chave), a idéia é deslizar a stylus pela tela em direção à abertura da bolsa, desviando das bordas desta e também dos demais objetos. É claro que existe um tempo para isso, e cada erro vai diminuí-lo consideravelmente.  Enfim, não chega a ser ruim, mas realmente não tem absolutamente nada a ver com o estilo de Assassin’s Creed.

Atacar um inimigo utilizando pontos de pressão também dará início a um minigame muito semelhante. A idéia passa a ser então tocar vários pontos enumerados em um corpo conforme um circulo vermelho vai encolhendo em direção a eles — toque o ponto no lugar certo e no momento em que o círculo estiver bem próximo.

Apesar de tudo, um jogo bonito

Tudo bem, a ação de Altair’s Chronicles é um tanto deficiente, o andamento às vezes se torna um tanto monótono e o minigame provavelmente estaria melhor dentro de um jogo do Mario. Entretanto, o jogo traz sem dúvida ambientes ricos munidos de uma arquitetura bela e variada. Além disso, as texturas — para o padrão do DS — realmente fazem um bom trabalho, bem como a coloração.

E não são apenas os ambientes. Os movimentos de Altair também acontecem de forma fluida e, pelo menos na maior parte das vezes, em perfeita sincronia com o cenário, o que deve ocasionar belas animações. É claro em alguns momentos pode acontecer de uma ou outra falta dar a impressão de o anti-herói estar flutuando no ar. Mas essa é realmente uma parte menor.

O sons de maneira geral também não fazem feio. Andando em meio à “multidão” (de fato não são muitos), você pode ouvir um grande amálgama envolvendo desde puro burburinho até o cantar dos pássaros e mesmo o ronco de um guarda, o que dá realmente a impressão de um ambiente vivo do tipo que só se poderia encontrar em uma grande cidade. Somando-se a isso, existe ainda uma música/tema de estilo árabe que, embora seja meio repetitiva, sem dúvida acrescenta um ar dramático à trama.

Altair's Chronicle: mais um exemplo de uma adaptação um tanto descuidada.
Por fim, pode-se dizer que o problema de Assassin’s Creed: Altair’s Chronicles é o mesmo que se encontra em muitos títulos que saem primeiro para consoles caseiros para, posteriormente, desembarcar nos portáteis. Quer dizer, trata-se de jogos projetados por um time principal de uma desenvolvedora que sabe muito bem o potencial com o qual pode lidar.

Os títulos menores quando lançados são ocasionalmente deixados a cargo de uma segunda desenvolvedora, que acaba tentando tirar “leite de pedra” ou mesmo deixando de polir coisas essenciais. Enfim, algo que normalmente não acontece em um título exclusivo para portátil — pelo menos não desse jeito. Enfim, são títulos que acabam quase que invariavelmente parecendo algo de qualidade “B”.

Apesar disso, controlar um dos assassinos mais famosos do videogame nas telas de um portátil de fato não é uma má idéia. Mesmo apresentando uma jogabilidade um tanto falha, alguns momentos de luta realmente garantem alguma diversão. Isso sem contar os gráficos que realmente estão bons para os padrões do DS. Enfim, caso você seja um fã, talvez valha a pena dar uma olhada. Do contrário, provavelmente existem melhores opções para a maquininha de dinheiro da Nintendo.
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