Imagem de Borderlands: The Pre-Sequel
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Borderlands: The Pre-Sequel

Nota do Voxel
80

Os mesmos desafios e tiroteios, só que dessa vez no espaço

Borderlands: The Pre-Sequel segue uma tendência bem estabelecida durante a última geração de consoles. Enquanto um estúdio está ocupado trabalhando na “verdadeira sequência” de uma série consagrada, uma empresa secundária entra em cena para criar um produto capaz de saciar a atenção dos fãs durante algum tempo — exemplos desse tipo de filosofia resultaram em títulos como Batman: Arkham Origins e Assassin’s Creed: Revelations.

Assim, é difícil não encarar o jogo como um produto secundário feito principalmente para os fãs da franquia criada pela Gearbox — o que age tanto para o bem quanto para o mal. Situado em um período entre o primeiro e o segundo games, The Pre-Sequel nos dá a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o passado do vilão Handsome Jack e de alguns de seus comparsas, ao mesmo tempo em que oferece um cenário inédito para explorar.

Aventura espacial

Ao contrário do que acontece nos demais jogos da série, Pandora não é o palco da ação do novo Borderlands — embora seja possível vê-la constantemente. Graças a uma situação um tanto confusa, os jogadores se veem presos à lua que rodeia o planeta, o que garante a principal novidade em matéria de jogabilidade apresentada pelo título.

Devido à baixa gravidade do satélite, seu personagem pode pular a alturas consideráveis, assim como planar no ar durante alguns instantes. Essa maior mobilidade permitiu à 2K Australia construir cenários que exploram muito bem o conceito de verticalidade, o que garante formas mais diversas de lidar com os desafios que surgem pela frente.

O contraponto à nova mecânica é a inclusão de um medidor de oxigênio, que diminui constantemente caso você esteja em áreas que não possuem sistemas de sobrevivência — em resumo, as áreas nas quais o jogador mais vai passar seu tempo. No entanto, dificilmente isso vai se tornar uma preocupação, graças à quantidade generosa de refis deixados pelos inimigos e pela boa distribuição de áreas que restauram rapidamente esse elemento.

Além de mudar um pouco a dinâmica dos combates, a baixa gravidade também resulta na nova habilidade de seu personagem, que pode usar uma espécie de “pisão” para causar dano a inimigos nas proximidades — golpe que muitos adversários vão usar contra você. Dominar essa técnica se mostra algo fácil e um tanto quanto essencial caso você não queira ter muita dificuldade na hora de enfrentar grupos muito numerosos.

Por fim, a outra novidade introduzida pela 2K Australia fica por conta das novas armas que atiram lasers — adição interessante, mas que não chega a se provar revolucionária ou mudar de forma substancial a dinâmica do título. Também há quatro novas classes de personagens à sua escolha, embora a única que realmente pareça original seja o robô Claptrap — que traz como contraponto o fato de você ter que aguentá-lo falando durante uma quantidade generosa de horas.

Uma expansão glorificada

Nos últimos quatro parágrafos, você pôde conferir a lista quase completa das novidades exclusivas a Borderlands: The Pre-Sequel — com exceção das Moonstones, descritas mais à frente nesta análise. Em todos os demais elementos, o jogo se mantém exatamente a mesma experiência vista em um passado recente, o que faz com que ele se pareça muito mais com uma expansão de Borderlands 2 do que com um título realmente inédito — o que não é necessariamente ruim, apesar de isso resultar em alguns problemas.

Tal qual acontece com seus antecessores, o game aposta em uma fórmula bem definida: receba uma missão, vá até o local determinado no mapa e enfrente alguns inimigos. Em seguida, você geralmente tem que repetir a mesma ação em outro canto do cenário ou voltar ao ponto inicial para receber sua recompensa — com direito à coleta de muito “loot” nesse meio tempo.

Embora existam algumas pequenas variações nessa fórmula em certas ocasiões — como se ver forçado a colar panfletos em determinado local dentro de certo limite de tempo, por exemplo —, essa é a fórmula básica que você vai seguir durante toda a aventura. Até mesmo o design de inimigos se mantém conservador: em vez de apresentar adversários inéditos, a 2K Australia aposta nos mesmos desafios de antes com nomes e visuais ligeiramente diferentes.

Assim, Borderlands: The Pre-Sequel continua focando na coleta de itens aleatórios como sua principal força-motora, algo que continua a funcionar muito bem — ainda que a fórmula já esteja mostrando certo desgaste. Talvez ciente disso, o estúdio responsável apostou em alguns elementos que tornam ligeiramente mais fácil obter recompensas valiosas.

O primeiro deles são as citadas Moonstones, uma espécie de “dinheiro secundário” que pode ser usado tanto para aprimorar características de seu personagem (como aumentar a quantidade de munição que ele pode carregar) quanto para abrir alguns baús com itens valiosos. Também foi criado um dispositivo conhecido como “The Grinder”, que permite trocar três armas de raridade semelhante por outra com um nível maior.

Embora tais adições sejam interessantes, elas parecem ter resultado em uma diminuição na aparição de itens raros deixados pelos inimigos que você vence. Assim, é difícil não se ver obrigado a recorrer constantemente às novas soluções criadas pela empresa, o que pode se tornar um tanto quanto frustrante — especialmente quando, devido à baixa gravidade dos cenários, armamentos raros surgidos de maneira natural são perdidos porque o sistema físico do jogo decidiu que eles deveriam sair voando em direção ao infinito ou a algum precipício mortal, o que acontece muitas vezes.

O mesmo Borderlands de sempre

Infelizmente, ao mesmo tempo em que a teimosia de Borderlands: The Pre-Sequel em se manter preso à fórmula que consagrou a série age em seu benefício, isso também se prova um problema. Alguns pormenores que incomodavam no passado voltam aqui com força total, o que não deve deixar feliz nenhum jogador que já se estressou com eles.

Como o jogo usa exatamente a mesma engine de seus antecessores, continua comum ter que esperar alguns segundos pelo carregamento de texturas quando um novo cenário é acessado — algo comum mesmo na versão de PC. Da mesma forma, o mapa continua não ajudando muito, indicando vários objetivos de maneira incerta e falhando em guiar o jogador quando uma instrução mais precisa é necessária.

Também permanece o desagradável fato de o título adotar um ritmobastante lento em sua introdução, restringindo a escolha de determinadas opções e habilidades até o momento em que o jogador passar por certo ponto da história. Assim, como não é possível conferir a árvore de habilidades de um personagem antes de escolhê-lo, não raras vezes você gastará horas investindo em uma classe somente para descobrir que ela não se adapta muito bem a seu estilo de jogar.

Outro fator que se mantém familiar é o tom da história, que continua apostando em personagens excêntricos com diferentes níveis de estranheza — isso resulta em diversas situações e falas engraçadas. Embora esse possa ser considerado um ponto forte do jogo, o roteiro às vezes falha por tentar mudar a percepção que temos de personagens conhecidos, o que contribui para enfraquecê-los um pouco — Handsome Jack, por exemplo, se torna uma figura menos carismática quando somos apresentados a motivos que nos levam a considerá-lo menos odiável.

Infelizmente, tal qual acontece com Arkham Origins, a história de The Pre-Sequel desnecessária, pouco contribuindo para enriquecer o conceito geral da série. Apesar de ser interessante rever algumas figuras conhecidas sob diferentes pontos de vista, é difícil não sentir que o jogo existe muito mais como um fruto do “fanservice” gratuito do que como um trabalho que realmente se preocupa em oferecer um ingrediente novo a uma fórmula bem estabelecida.

Vale a pena?

Mesmo que a maior parte desta análise tenha sido dedica a apontar os pontos negativos de Borderlands: The Pre-Sequel, o fato é que o jogo não pode ser considerado como um produto mal concebido ou que tem problemas graves de execução. No entanto, apesar de todas as qualidades do excepcional Borderlands 2 se manterem inalteradas no novo título, ele peca justamente por isso — a experiência oferecida é simplesmente semelhante demais ao que já foi visto no passado.

Assim, o título é recomendado principalmente para quem está se iniciando na série e para veteranos que simplesmente querem mais uma dose da experiência criada pela Gearbox. Infelizmente, não há elementos novos o suficiente para considerar essa uma verdadeira sequência para a série — que já possui uma quantidade generosa de DLCs em seu histórico, o que torna difícil esconder o gosto de “expansão” presente no novo produto.

Borderlands: The Pre-Sequel é um jogo divertido, porém não exatamente obrigatório. Caso você ainda não tenha cansado da fórmula básica da série, vale a pena gastar algumas horas em seu ambiente de baixa gravidade. Caso contrário, pode ser uma boa ideia tirar “um ano de folga” para conseguir encarar de forma mais arejada aquilo que a Gearbox está preparando para ser o verdadeiro futuro da franquia.

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Pontos Positivos
  • Ambientes mais verticais permitem explorar táticas de combate diferentes
  • A fórmula da série continua se provando divertida
  • Roteiro continua surpreendente pelo bom humor
Pontos Negativos
  • Aposta em poucas novidades
  • Trama adiciona elementos desnecessários ao universo do game
  • Pouco contribui para enriquecer a série