Imagem de Brutal Legend
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Brutal Legend

Nota do Voxel
92

Literalmente... Brutal e lendário.

O imbatível humor escrachado de Tim Schafer é hoje quase um sacramento na indústria de games. Afinal, segundo o próprio, foi a abordagem hilária e criativa que permitiu que pedradas como Day of the Tentacle e Grim Fandango entrassem para os anais da história dos games mesmo com as consideráveis limitações técnicas das plataformas do início dos anos 90.

Mas, ei! Agora a sétima geração está a todo o vapor, com gráficos muito mais rápidos e convincentes — para não falar em uma melhoria gritante no que diz respeito a reações físicas. Esse então não seria o ambiente perfeito para que a incontestável maestria de Schafer destilasse uma obra ancorada nas suas influências mais evidentes (games, humor e heavy metal... não necessariamente nessa ordem)?

É claro que é! E é justamente daí que nasce o icônico Brütal Legend, uma homenagem caricata e de muito bom gosto a uma época em que solos de guitarra lentos não eram solos de guitarra; em que se vestir de forma andrógina era apenas uma questão de estilo. Tudo isso devidamente calcado em uma deturpação própria (e um tanto inocente) de uma porção de elementos da mitologia nórdica.


Personificando essa ideia, aparece a singela figura de Eddie Riggs. Riggs é o “roadie” de uma pretensiosa banda que mistura o heavy metal — o “seu” bom e velho heavy metal — com diversas influências e ideias modernas (como funk e dance, por exemplo).

Eddie se queixa e lembra os velhos tempos do heavy metal, além de fazer uma ode aos roadies em geral, como figuras ilustres e absolutamente necessárias, embora sempre de fora dos holofotes — cena impagável na qual se pode encontrar a veia tragicômica de Jack Black em sua melhor forma.

Mas as coisas mudariam em breve. Ao salvar um dos integrantes da banda durante um show, Eddie sofre um acidente; um acidente que vai jogá-lo diretamente na sua concepção bastante particular do que seria o céu: um mundo que transpira heavy metal em cada rodovia, pradaria, em cada cabeleira engraçada, em cada grito estridente.

O quê? A morte?

As muralhas aqui são feitas de milhares de amplificadores empilhados, pode-se encontrar guitarras gigantescas enterradas no chão, e cada vilão ou herói parece ter sido retirado diretamente de um clipe da MTV.

É nesse ambiente que Tim Schafer conta a história de Brütal Legend, uma ode ao metal, um ótimo jogo de ação e, finalmente, um título que vai fazer você pausar constantemente o seu vídeo game para rir do impagável humor de Jack Black — além de outros famosos, como Ozzy Osbourne (o Guardião do Metal), que deixam aqui a sua marca.


Aprovado

Do que nós gostamos


“Aha! Eu sabia! Um demônio grande e feio!”

Como um jogo de Tim Schafer, era até bastante natural esperar que a história fosse um dos pontos altos em Brütal Legend. Mas não entenda mal, a ação é realmente ótima, e dirigir o endiabrado “Deuce” (o seu veículo aqui) através do extenso cenário não poderia ser mais divertido — atropelando uma ou outra cruza de gazela com ser mítico eventualmente.

Entretanto, não se espante se você acabar mais interessado em saber qual é a próxima surpresa reservada pelo jogo do que pelo seu desenvolvimento em si. Que tal um exemplo?

Putz, fedeu!

Logo no início da trama, quando Eddie resolve ajudar a bela Ophelia e o estereotipado Lars — que, para todos o efeitos, poderia muito bem ser uma caricatura do Dave Mustaine —, a missão é resgatar “headbangers” que vem sendo explorados para quebrar pedras em uma mina.

Com um discurso que parece retirado de uma cena perdida de “Tenacious D in the Pick of Destiny”, Eddie convence os pobres e explorados “bangers” de que eles estão sendo explorados; de que deveriam sim bater as cabeças, mas não para quebrar pedras, e sim para agitar ao som do bom e velho heavy metal.

Em um segundo momento, Ophelia jaz moribunda, e apenas um curandeiro conhecido como Kill Master pode fazer alguma coisa. Acontece que o curandeiro não é ninguém senão o inconfundível Lemmy Kilmister, do Motörhead (sim, por isso o trocadilho com Kill Master). Mas, para salvar a pobre Ophelia, Jack precisa sair à cata da teia de uma aranha metálica, o que permitiria ao Kill Master tocar um som ainda mais pesado.

No mais, o humor de Tim Schafer ainda garante coisas como um acidente geográfico conhecido como “Wall of Screaming”, um interminável paredão de amplificadores que faria inveja a Yngwie Malmsteen. Isso sem falar em hilárias combinações de mulheres e demônios, estereótipos e tiradas geniais. Enfim, trata-se do mestre Schafer em sua melhor forma.

Decapitatioooooon!

A ira de um roadie Mas o humor criativo de Tim Schafer não fica apenas na história. A jogabilidade de Brütal Legend também acompanha o clima geral da trama. A começar pelas suas armas aqui: um belo e lustroso machado viking e Clementine, a fiel Gibson Flying V de Eddie.

Embora os ataques com o machado não sejam nada diferentes do que você provavelmente já viu em centenas de “hack ‘n slash”, os ataques utilizando a guitarra não são nada menos do que criativos. Isso porque Eddie descobriu que, no mundo do heavy metal, sua guitarra causa danos reais aos inimigos.

Ela dispara raios, causa estrondos nas cercanias e, enfim, produz diversos efeitos através dos solos. E é nesse ponto que as coisas ficam realmente interessantes: os solos aqui servem tanto para chamar o carro de Eddie — um belo contraponto ao assobio do Zorro — quanto para, pasme, dissolver as cabeças dos inimigos.

Cada solo é ainda um objetivo em si: trata-se de um mini-jogo rítmico, no qual você deve apertar cada uma das notas no tempo certo, para conquistar os efeitos. A propósito, é bom ter bastante prática nisso, já que errar um solo em meio a uma horda de demônios sedentos pode não ser uma opção — embora o pior seja apenas uma volta ao último “checkpoint”.

Um dos pontos altos de Brütal Legend vem das suas perambulações a bordo de Deuce, o estrambólico carro envenenado de Eddie Riggs. Além de ser a melhor maneira de cruzar o amplo cenário do jogo, Deuce ainda pode ser equipado para virar uma verdadeira arma, com metralhadoras e lança chamas — desde que você possa encontrar a “mecânica” mais próxima.

Heavy Metal dos pés à cabeça

O Mundo do Heavy Metal pintado por Tim Schafer só não se parece totalmente com uma caricatura por dois motivos. Em primeiro lugar, pela interpretação convincente e hilária de Jack Black, que consegue dar a cada um dos estereótipos do jogo um ar épico e nobre — a figura do “roadie” nunca antes havia alcançado um patamar tão elevado!

Heavy Metal na veia!

Em segundo lugar, porque Brütal Legend é absolutamente preciosista em retratar cada pormenor, cada comportamento, e cada idiossincrasia associada ao universo do heavy metal. Quer dizer, além daquilo que é obviamente caricato, você tem detalhes da guitarra, belos solos reais e comentários feitos por alguém que nitidamente conhece o cenário do heavy metal bem de perto.

E, para complementar essa ideia, aparece a excelente trilha sonora, que vai do heavy metal mais clássico ao death metal, flertando ainda com o hard rock. Tudo acoplando-se perfeitamente aos detalhes trazidos pela trama e pelo cenário. Enfim, trata-se do jogo que qualquer “metaleiro” escolado espera há muito tempo.
Eddie Riggs: roadie, messias do metal e... Estrategista?

Quando você espera que Brütal Legend finalmente não tenha mais nada a mostrar, surge a surpresa mais improvável do título: as “Stage Battles”. É quando sem mais nem menos o seu jogo de ação acaba virando uma versão hilária de RTS, com as tradicionais bases dando lugar e imensos palcos, e os suprimentos de energia dando lugar a fontes inesgotáveis de fãs — eles literalmente brotam do chão.

Nesse ponto, Eddie Riggs assume a sua faceta estrategista. Ele deve coordenar “headbangers”, “hot-chicks” e afins contra o palco do inimigo, sempre tomando o devido cuidado para manter inteiras as suas lojas de merchandising, que garantem um fluxo contínuo de fãs. Eddie ainda terá diversos solos preparados para desequilibrar as coisas no campo de batalha, seja para auxiliar os fiéis “bangers”, seja para marcar pontos específicos de “spawn” no cenário.

Sim, veículos

Embora também façam parte do modo “single player”, as “Stage Battles” são principalmente o seu modo multiplayer em Brütal Legend. Aliás, é no multiplayer que você poderá escolher entre diversos exércitos, que nada mais são do que tribos distintas dentro do cenário musical — detalhe a temática Death Metal, onde tudo evoca morte, defuntos e um clima lúgubre. Realmente impagável.


Reprovado

O que espantou o BJ... No mau sentido


Missões secundárias

Quando você não está diretamente envolvido em uma missão, sobra apenas vagar pelas pradarias do Mundo do Heavy Metal atrás de missões paralelas, que dão algum dinheiro para gastar em upgrades. Sim, a ideia é boa, além de conferir um quê de “espaço aberto de jogo”. O problema é que essas missões secundárias são incrivelmente repetitivas, e você vai acabar executando-as apenas para conseguir alguns trocados extras.

Impasses multiplayer

Sim, o multiplayer é tremendamente criativo, mostrando uma caricatura bem humorada tanto do heavy metal quanto dos RTS mais clássicos. O problema é que nem tudo aqui funciona às mil maravilhas. Basicamente, quando o campo de batalha estiver transbordando de demônios e “bangers”, será realmente fácil você acabar um pouco perdido. E, embora isso não seja um grande problema no modo “single player”, essa bagunça generalizada pode segurar um pouco o passo nas batalhas multiplayer.


No mais, é impossível deixar de perceber que Brütal Legend apresenta um modo multiplayer mais por uma necessidade ditada pela atual geração. Quer dizer, embora seja uma ótima sacada, fica a pergunta: será que, Tim Schafer lançasse Grim Fandango hoje, ele seria obrigado a colocar um modo em que os jogadores pudessem competir pelas vendas de planos de viagem póstumos? Talvez fosse incluído um timer, então? É mais ou menos por aí.


Avaliação Final

Vale a pena?


Brütal Legend é simplesmente um dos jogos mais criativos e engraçados da atual geração de consoles. Como um resultado da excelente combinação dos talentos de Tim Schafer e Jack Black, tem-se uma ode divertida, tematicamente interessante e totalmente fluída envolvendo o inconfundível universo do Heavy Metal.

Dessa forma, se agudos estridentes, crânios, demônios reluzentes e solos na velocidade da luz representam alguma coisa pra você, boa sorte. O Mundo do Heavy Metal está à sua espera.


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