Imagem de Concrete Genie
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Concrete Genie

Nota do Voxel
80

Concrete Genie é um carismático exercício de criatividade

Em um passado não tão distante, Denska já foi uma cidade portuária borbulhando de vida, com turistas, atrações e uma comunidade que fazia jus à fama desse pequeno cantinho encantador, um lugar que nunca saiu do coração de Ash, protagonista de Concrete Genie, o mais recente exclusivo de PlayStation 4, desenvolvido por um dos estúdios mais jovens dentro da Sony, a PixelOpus. Essa Denska repleta de vida, entretanto, não é nada mais que uma memória nolstágica, já que ela foi abandonada após um acidente com um navio petroleiro resultar em um desastre ambiental que abalou tudo que sustentava a cidade.

No início de Concrete Genie, descobrimos que Ash, no entanto, nunca superou esse acontecimento. Ele retorna a uma Denksa dominada pelo abandono e por um estranho tipo de escuridão, mesmo contra as recomendações de seus pais, e faz o que está dentro do poder de um jovem adolescente para escapar da realidade ao seu redor: desenhar.

Criatividade é seu maior poder

Já no início de Concrete Genie, aprendemos que Ash gosta de se esquivar de problemas através do desenho, sejam esses problemas Denska ou o do bullying que ele sofre por uma gangue que percorre as ruas esquecidas da cidade. Mas os desenhos não impedem que essa gangue rasgue seu caderno e o bote dentro de um bondinho para um suposto farol assombrado que fica isolado do resto do porto. Chegando lá, o que Ash encontra não é um fantasma e sim seu primeiro gênio, um desenho seu que ganhou vida. Nesse momento, somos introduzidos à principal ferramenta que o jogador vai usar, o pincel.

Estruturalmente, Concrete Genie funciona como um jogo de aventura em terceira pessoa, um estilo que sem dúvidas vai ser familiar para muita gente, onde plataformas e pular são elementos essenciais durante o jogo todo. O diferencial aqui, então, fica para como você vai progredir dentro dessa estrutura. Com o pincel em mãos, o jogo vai pedir para você "limpar" Denska, e a forma que isso acontece é através da pintura das ruas, canais, paredes e becos espalhadas pelo mundo à sua disposição. Você vai identificar onde precisa desenhar nesses lugares, divididos em seções no mapa do jogo, por lâmpadas nas paredes e então, usando seu caderno de desenhos e o pincel, Concrete Genie torna um processo artístico em algo simples e acessível.

Usando o sensor de movimento do seu DualShock ou os analógicos, escolha disponível no menu do jogo, você vai poder colorir essas paredes com padrões disponibilizados através do caderno de Ash, todos desbloqueados recuperando as páginas espalhadas pelos ambientes visitados durante a aventura. Com o toque de um botão, um gramado pode aparecer na parede, borboletas podem voar sobre sua pintura, árvores podem ser plantadas e até um arco íris pode nascer. A forma que o sistema funciona, onde um círculo indica onde suas criações vão surgir, é extremamente simples e fácil de se entender, facilitando o processo criativo e empoderando o jogador para brincar com as diversas opções dentro do caderno.

É uma sensação intencional, visto que a PixelOpus queria criar mecânicas acessíveis onde qualquer um sentisse a possibilidade de criar cenas bonitas, e nisso, o sucesso é evidente. Não só Concrete Genie acerta nos visuais, com uma Denska, mesmo em seus piores momentos, gerando momentos de tirar o fôlego e transmitindo a melancolia de um lugar abandonado, como na transformação que acompanha suas pinturas, trazendo mais cor e um certo calor à esse mundo, e também trazendo outro elemento principal do jogo, os gênios.

O Gênio dentro do pincel

Ash traz vida para as ruas da cidade e também para as criaturas de seu caderno. A primeira dessas criaturas foi a suposta assombração do farol, mas conforme o jogo avança, mais tipos de gênio são liberados, que vão ser essenciais para seu progresso. Do lado estético, variações de formato, rabos, apetrechos e coisas como chifres e orelhas são liberadas, mas do lado mecânico que as coisas ficam mais interessantes. Concrete Genie tem 3 estilos desses monstrinhos: fogo, eletricidade e vento. Apertando o L1 no controle, Ash pode chamar seus parceiros de crime, que se movem apenas através das paredes e usar suas habilidades para progredir em áreas inacessíveis, por exemplo, usando o fogo de um gênio para queimar algum tipo de obstáculo, ou o vento para empurrar uma caixa na água, criando um caminho para Ash atravessar, já que ele não sabe nadar.

O uso dos gênios e a forma como o progresso na cidade funciona, onde ela é toda interconectada e semi-aberta, oferecendo uma exploração mais dinâmica por parte do jogador, cria um ritmo que até os atos finais, é sempre divertido e interessante. O uso da super tinta, que os gênios te dão para liberar certas paredes que estão infestadas pela escuridão, as habilidades dos gênios e o estilo de ação e aventura tão clássico em todos nossos corações resulta em uma jornada cativante da vida de um garoto que está aprendendo a lidar com o mundo à sua volta, com o bullying, com a solidão e com uma memória da qual ele não consegue se desprender. É uma pena, então, que nos dois últimos atos dessa jornada charmosa Concrete Genie substitua tudo que citei por um foco repentino em combate e ação.

Desenhar é melhor que lutar

Devido à um certo acontecimento, Ash perde o controle de muitos de seus gênios, e Concrete Genie troca sua principal mecânica de pintar para lutar, o que não funciona tão bem. O combate que gira em torno de desviar de investidas e de usar habilidades de fogo, raio e vento com seu pincel, jogando "ondas" nos inimigos, é desengonçado e a decisão de por escudos e mais desses gênios corrompidos para você enfrentar parece uma tentativa artificial de aumentar a duração do jogo e resulta na parte mais maçante da jornada de Ash. É uma decisão estranha que troca o exercício de criatividade que é o que destaca Concrete Genie por uma ação mediana e esquecível.

Felizmente, essa parte é breve e não tira o brilhantismo de um jogo que tem mecânicas diferenciadas e bem únicas, resultando em um momento a momento que incentiva o jogador a ser criativo e brincar com todas as ferramentas à seu dispor. Concrete Genie pode não ser grandioso ou tão extravagante como outros títulos no portfolio da Sony, mas a história de Ash, mesmo sendo simplista e direto ao ponto, é repleta de coração e uma que deve agradar qualquer fã de um bom jogo de aventura.

Concrete Genie foi gentilmente cedido pela Sony para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Direção de arte impressionante
  • Mecânicas diferenciadas
  • Um mundo charmoso e cativante
Pontos Negativos
  • Combate mediano
  • Um ato final não tão legal