Imagem de Dragon Age: Inquisition
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Dragon Age: Inquisition

Nota do Voxel
93

Uma jornada sagrada que pode consumir meses de sua vida [vídeo]

Terceiro game da série Dragon Age — e primeiro capítulo da série a aparecer no PlayStation 4 e no Xbox One —, Inquisition tem a dura missão de introduzir o universo de Thedas a um público mais vasto. Para isso, a BioWare apostou na criação de um mundo gigantesco que você explora no papel do líder da Inquisição, uma ordem antiga que foi reestabelecida para acabar com uma ameaça misteriosa.

Único capaz de fechar as fendas através das quais demônios entram no plano material, o protagonista do título é visto com desconfiança por aqueles que detêm o poder nos continentes de Farelden e Orlais. Assim, você vai ter que construir aos poucos a reputação de seu grupo, usando tanto a força bruta quanto seu poder de diplomacia e espionagem para atingir seus objetivos.

Na prática, isso significa ter que você vai ter que lutar contra uma quantidade generosa de adversários enquanto cumpre missões com objetivos e consequências variados. Como já se tornou uma tradição nos RPGs da BioWare, o game também apresenta uma grande dose de cenas de história e diálogos, através dos quais você determina o rumo da Inquisição e os personagens que passam ou não a fazer parte de seu grupo.

Aventura personalizada

Assim como acontece em Dragon Age: Origins, Inquisition tem início com a escolha da raça e da biografia que o personagem principal vai ter. Além das já conhecidas opções de ser um humano, elfo ou anão, o título introduz a opção de ser um qunari, raça que se destaca pelo porte forte e pelos chifres generosos.

O título oferece um sistema de personalização de personagens bastante completo, que permite ajustar detalhes mínimos que vão do corte de cabelo de seu personagem até a intensidade e cor de suas tatuagens. Uma novidade nesse sentido é a possibilidade de optar entre duas vozes distintas que vão ser usadas durante os diálogos do título — não há dublagem em português, embora seja possível ativar legendas em nosso idioma.

É possível passar várias horas somente no modo de criação de personagens, tamanha a quantidade e variedade de opções disponibilizadas pela BioWare. Infelizmente, nem mesmo a poderosa engine Frostbite consegue acabar com a impressão artificial deixada pelos cabelos e barbas disponíveis — mesmo que eles sejam um grande avanço em relação ao que foi visto nos Dragon Age anteriores.

O único ponto no qual o sistema de criação de personagens realmente falha é o fato de que suas escolhas não têm muito impacto sobre a maneira como o protagonista é tratado. Contrariando expectativas, um humano com origens nobres é tratado de maneira semelhante ao de um elfo dalishiano ou um qunari Tal-Vasoth.

Embora esse detalhe possa passar batido por quem está entrando no universo do RPG pela primeira vez, ele é uma falha um tanto grande para quem é veterano da série. Depois de dois capítulos mostrando o preconceito existente entre diferentes facções, é estranho que a BioWare não tenha levado isso em conta no primeiro capítulo em que você realmente assume uma posição de poder.

História atribulada

Caso você não tenha jogado os games anteriores da série, não estranhe se os momentos iniciais de Dragon Age: Inquisition parecerem confusos. Após uma explosão gigantesca, em poucos minutos o jogador é colocado em meio a um confronto entre magos e templários sem que maiores explicações sejam dadas em relação ao que está acontecendo.

Aparentemente crente de que os jogadores conhecem o passado da franquia, a BioWare apresenta diversos elementos de forma rápida sem necessariamente contextualizá-los para novos jogadores. Mesmo que o banco de dados presente dentro do RPG seja bastante completo, consultá-lo se prova um processo tedioso, especialmente se você não faz ideia de conceitos básicos relacionados ao “Fade” (traduzido como “Imaterial”) e ao “Chantry” (Chantria), por exemplo.

Até mesmo quem conhece um pouco a série pode ficar perdido em alguns momentos, visto que a trama geral de Inquisition demora certo tempo até começar a se desenvolver. Felizmente, esse começo lento é compensado por uma história que, a partir do momento que ganha ritmo, consegue prender o jogador e o estimula a continuar avançando até os créditos finais.

Caso você não tenha jogado nenhum dos capítulos anteriores — ou tenha feito isso há certo tempo —, é essencial usar a ferramenta Dragon Age Keep. Além de ser o único método pelo qual é possível determinar quais acontecimentos precedem Inquisition, o site permite ver uma pequena animação que retoma a história da série e dá o contexto necessário para você aproveitar o novo game.

Vale notar que, apesar de a história central de Inquisition ser interessante, é no desenvolvimento de seus personagens que o jogo se destaca. Assim como acontece em Mass Effect, a BioWare criou aqui uma série de companheiros interessantes, cuja interação revela não somente mais detalhes de suas personalidades como abre algumas missões secundárias importantes — conteúdo totalmente opcional, mas que merece ser investigado por todos aqueles que adquirirem o título.

Combate dinâmico

Evoluindo os conceitos apresentados em Dragon Age 2 e retomando elementos de Origins, Dragon Age: Inquisition apresenta o sistema de combate mais dinâmico já visto na série. A maior parte dos embates acontece em tempo real com o jogador controlando um personagem enquanto as ações dos três outros membros de sua equipe são definidas por um sistema de comportamentos pré-definidos.

Em qualquer momento da ação, você pode “pausar” temporariamente o jogo, que mostra os combatentes em um ângulo de visão mais distante. Esse modo permite que você dê instruções mais específicas a cada um de seus companheiros, permitindo que eles preparem armadilhas ou respondam de maneira mais efetiva aos ataques inimigos.

Apesar de útil, o sistema tático não funciona tão bem quanto o promovido pela BioWare durante a divulgação do game. Além de nem sempre exibir o campo de batalha de forma apropriada, o ângulo de câmera adotado não funciona tão bem em espaços apertados, o que pode resultar em bugs bizarros. Felizmente, ao menos na dificuldade normal, a opção não se mostra essencial para chegar ao final da aventura, embora se mostre útil em diversos momentos.

Já durante os momentos em que a ação ocorre em tempo real, você pode apertar um único botão para trocar imediatamente o personagem que está sendo controlado. Essa opção se mostra especialmente importante como forma de contornar as limitações da inteligência artificial do título — magos, por exemplo, nem sempre são inteligentes o suficiente para se afastar por conta própria de uma região mais apropriada para guerreiros fortes fisicamente.

Infelizmente, não são somente seus aliados que dão certa dor de cabeça durante os combates. O sistema de mira do jogo nem sempre funciona conforme o desejado, o que pode ser especialmente problemático caso você decida atacar à distância. Além disso, a maneira como os cenários são construídos nem sempre torna fácil atacar de maneira apropriada, já que muitas vezes inimigos aparecem em locais um tanto inacessíveis.

Apesar de constantes, os problemas que o jogo apresenta em nenhum momento se provam especialmente frustrantes ou distraem você do lado bom dos combates. Mesmo após dezenas de horas de aventura, você ainda vai se divertir a cada batalha — que são beneficiadas pela presença de diversos efeitos de iluminação atraente e pelo fato de a maneira delas apresentar uma duração bastante curta.

Crie personagens à sua maneira

Assim como acontece em capítulos anteriores, Dragon Age: Inquisition possibilita que você configure por conta própria as habilidades que seus companheiros vão utilizar durante os combates. A tela de evolução é semelhante àquela presente em Dragon Age 2, apresentando uma série de poderes principais que podem ser aprimorados com sub-habilidades.

A principal mudança do novo RPG é o fato de ele dispensar completamente a distribuição manual de pontos de atributos. Agora, esse processo está atrelado tanto ao aumento do nível dos personagens quanto aos poderes que você desbloqueia para cada um deles — algo que funciona bem, mas pode desagradar a alguns veteranos.

Para completar, o game traz de volta a possibilidade de mudar livremente os equipamentos usados por qualquer um dos membros de sua equipe. Combinada a um sistema de criação de itens bastante abrangente, isso faz com que você tenha um controle muito vasto sobre a maneira como as situações de batalha são administradas — além de isso servir como um belo estímulo para você coletar os recursos espalhados pelos mapas do jogo.

Um mundo gigantesco

Caso você esteja disposto a explorar todo o universo de Inquisition, é melhor reservar alguns meses em sua agenda. Embora não seja exatamente um game de mundo aberto, o título oferece diversas áreas com dimensões gigantescas repletas de missões secundárias para você realizar. A variedade é tanto que é possível gastar algumas horas andando somente pela área inicial do título e, mesmo assim, não ficar com a sensação de que a aventura estagnou.

Para facilitar a exploração desses ambientes, a BioWare apresenta um sistema de navegação rápida que permite se teletransportar entre pontos-chave do mapa. Além disso, vários marcadores espalhados de forma automática pelo cenário indicam o caminho a seguir para completar várias das missões que surgem pelo caminho. O único ponto negativo fica pelo fato de que, a cada viagem rápida que você realiza, é preciso lidar com carregamentos um pouco generosos.

Andar por novos cenários e cumprir uma grande variedade de tarefas é importante para adquirir um recurso conhecido como Poder, necessário para abrir novas missões e avançar a trama do jogo. Através do Mapa da Inquisição, você escolhe o caminho a seguir e pode enviar alguns de seus conselheiros para cumprir tarefas secundárias, sendo que algumas delas exigem uma espera em tempo real para serem completadas.

Apesar de o sistema em certos momentos lembrar a mecânica típica a produtos free-to-play, ela em nenhum momento chega a ser intrusiva ou impedir seu avanço. Como o contador continua correndo mesmo quando você está longe do game, essa mecânica acaba passando a sensação de que a Inquisição é uma entidade viva e que continua funcionando mesmo quando o jogador não está agindo de forma ativa.

O único problema nesse sentido é que muitas das missões disponíveis se mostram um tanto repetitivas e parecem estar lá somente para ocupar espaço — especialmente aquelas oferecidas por NPCs aleatórios. Em meio a uma batalha para impedir o fim do mundo, não faz muito sentido que o líder da inquisição tenha que perder tempo encontrando a ovelha perdida por um camponês.

Multiplayer dispensável

Dragon Age Inquisition apresenta um modo multiplayer em que o jogador se une a outras três pessoas para enfrentar diversas ondas de inimigos, sem que as ações realizadas afetem a história principal. A cada missão cumprida, você ganha pontos de experiência e novos itens para equipar seu personagem — sendo que muitos equipamentos podem ser adquiridos mediante o uso de dinheiro real.

Embora esse aspecto do título claramente tenha sido feito com a intenção de aumentar seu potencial de monetização, isso não surge de maneira tão intrusiva ou limitante quanto em outros títulos publicados pela Electronic Arts. Infelizmente, durante nosso período de testes que antecederam o lançamento final do game, os servidores da BioWare estavam quase sempre simplesmente vazios, o que impediu testar essa opção de maneira apropriada.

Vale a pena?

Com um mundo enorme repleto de conteúdos, Dragon Age Inquisition é sem dúvida o melhor capítulo da série da BioWare. Mesmo com alguns pequenos problemas de execução e uma história que demora um pouco a ganhar ritmo, o game conquista os jogadores pela combinação de uma trama interessante e um sistema de combate envolvente.

Aproveitando o poder da nova geração de consoles, a BioWare construiu um jogo capaz de consumir centenas de horas de seu tempo. Responsável por fechar as pontas soltas dos capítulos anteriores, o game mostra que o universo de Thedas é interessante e vasto o suficiente para permitir a criação de diversas sequências futuras.

Como dissemos anteriormente nesta análise, o mundo apresentado é simplesmente gigantesco e revela segredos suficientes para exigir meses de dedicação. Mesmo com um modo multiplayer descartável, o game é um sério concorrente a jogo do ano e merece figurar entre os RPGs que você deve jogar em 2014.

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Pontos Positivos
  • Trama envolvente
  • Personagens interessantes
  • Sistema de combate dinâmico
  • Um mundo gigantesco e repleto de missões
Pontos Negativos
  • Pequenos bugs acontecem com certa frequência
  • Câmera tática não funciona muito bem
  • Modo multiplayer totalmente dispensável