Uma proposta irrecusável

Empire Bay é vasta, cheia de carros lustrosos e beberrões, calçadas limpas e transeuntes que são verdadeiros exemplos de refinamento e bons modos. Seria a cidade perfeita, a concretização do “Sonho Americano”... Não fosse toda uma subindustria regada a sangue, armas, sexo e drogas, mantenedora da sua própria noção pervertida de moral.

Não, nós não estamos falando dos heróis anêmicos de nenhuma série vampiresca, mas sim da máfia, um modo de vida calcado em pilares como honra, vingança e território — estes mantidos em acordos tão estáveis quanto uma “banheira” da década de 40 voando a mais de 150 quilômetros por hora. Um universo já extensivamente retratado no cinema, quadrinhos e na mídia de forma geral; mas que nem por isso deixa de ter algo novo para contar em Mafia II, recém-lançado pela produtora 2K.

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Mafia II se ocupa de retratar um estilo de vida dos mais arriscados, insalubres e idealizados da primeira metade do século XX. Entretanto, o jogo jamais cai no erro bastante comum de julgar abertamente o caráter do protagonista, Vito Scalleta, nem para glorificar e muito menos para reprovar. Em outras palavras, você foi muito bem informado sobre os riscos que envolvem o seu “ganha pão”; viva por sua própria conta e risco.

De fato, a leitura do universo mafioso em Mafia II é tanto mais adulta quanto menos clichê. Um grande salto aqui, não haja dúvida, já que boa parte dos títulos de mundo aberto normalmente se apoiam em realidades tremendamente estereotipadas; realidades sustentadas por um sem número de lugares-comuns cujo apelo mais consistente parte da interatividade da experiência — caso contrário, provavelmente seria um típico filme B.

Img_originalMas, independentemente da moral subvertida, Mafia II também tem sua carga considerável de pecados a expiar. Em primeiro lugar, uma falta em relação a própria Empire Bay, uma cidade enorme, cheia de detalhes e tremendamente orgânica que, entretanto, em momento algum se torna o centro da experiência. Entre as missões conduzidas ao longo de uma trama consideravelmente linear, a bela Nova Iorque de época será bastante coadjuvante — mero espaço a ser percorrido entre o ponto A e o ponto B.

Mas isso, é claro, não tira completamente a beleza de um posto de gasolina da época, de uma lanchonete cujos pratos são anteriores à recente geração saúde, de damas vestindo longos enquanto fumam seus cigarros com longas piteiras — havia apenas alguns poucos alarmes no rádio em relação aos males do tabagismo, de maneira que fumar ainda tinha seu charme.

Enfim, conforme mencionado na prévia pelo TecMundo Games à partir da demonstração liberada pouco tempo antes do lançamento do jogo, Mafia II é uma verdadeira viagem no tempo. Uma viagem cheia de detalhes e embalada por uma história às vezes perturbadora, às vezes engraçadas, mas sempre envolvente. Vamos aos detalhes.

O primeiro Mafia teve lá suas críticas, é verdade — boa parte delas relacionada aos ports não tão felizes para consoles. Entretanto, boas histórias eram inegavelmente o forte. Impressionantemente, Mafia II não apenas consegue elevar esse patamar de qualidade, como ainda consegue evitar os clichês que normalmente permeiam o estilo.

Em outras palavras, a história de Mafia II não é um amontoado de estereótipos que busca justificativa na interatividade. A história é interessante por si só, com personagens bem compostos e uma trama cheia de altos e baixos. Além disso, a postura da 2K ao contar a sua história de mafiosos não poderia ser mais bem-vinda: ela não glorifica, mas também não condena a moral controvertida da subindustria tocada por imigrantes egressos da mais completa pobreza.

Dessa forma, caso a ideia de acompanhar uma bela e rica história interativa pareça uma boa, Mafia II é o seu jogo. No mais, embora Empire Bay acabe um tanto desprezada pela jogabilidade consideravelmente linear do título, todos os elementos que fazem um bom sandbox estão presentes aqui: liberdade de ir e vir, ambiente interativo e muita violência gratuita. Enfim, como diria Vito Corleone, “uma proposta irrecusável”.

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