Imagem de Mirror's Edge
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Mirror's Edge

Nota do Voxel
87

O parkour como instrumento de trabalho - e diversão! - neste jogo inovador em primeira pessoa!

Pula, corre, desvia de balas e cai de alturas impressionantes. Após alguns obstáculos, chega a análise do Baixaki Jogos de Mirror’s Edge, o game em que a protagonista passa por estes mesmos apuros – por vontade própria! Um FPS sem o S, de shooter – embora existam momentos em que você usará armas, eles são mínimos e podem ser evitados completamente – a sua principal arma desta vez é o seu próprio corpo. E não da forma como você imagina.

Isto não conseguimos fazer!

Quem é você?

Em Mirror’s Edge, o jogador assume o papel de Faith. Ela é uma mulher bastante atlética com uma profissão que consideraríamos bastante incomum no mundo de hoje, mas que no cenário do game – em que um regime opressor monitora seus cidadãos de perto – é bastante compreensível: a de transportar mensagens em forma física, já que qualquer meio eletrônico está sob vigilância.

Para isso, ela utiliza-se de sua habilidade na arte do parkour e de um treinamento de combate decente – embora a primeira característica seja mais desenvolvida. A trama do jogo se inicia com a irmã de Faith sendo vítima de uma armação: alguém quer que ela seja considerada responsável pelo assassinato de um dos candidatos à prefeitura da cidade. Como sua irmã faz parte da polícia, nossa heroína tem certeza de que será morta caso colocada na cadeia, e parte atrás dos responsáveis.

Hm... Será que consigo? Como ela faz isso? De uma forma bastante diferente da maioria dos jogos de ação e aventura, especialmente em primeira pessoa. Enquanto neles você geralmente deve enfrentar os inimigos ou neutralizá-los de alguma forma, em Mirror’s Edge a opção mais simples é sempre correr e fugir, evitando ao máximo o contato direto com as forças da lei – já que sua personagem é considerada uma criminosa por ser uma “Runner” (Corredora, em uma tradução livre).

Mas então qual é o foco do game?

Basicamente, a diversão se baseia na capacidade do jogador em superar os obstáculos apresentados pelo cenário através de técnicas de parkour. O que seria isso? Bem, difícil explicar em detalhes, mas se trata de uma atividade que treina a pessoa para se movimentar de um ponto a outro da forma mais simples, rápida e direta possível.

Isto, acoplado à necessidade de evitar a polícia e outros inimigos, faz com que o jogador controle Faith através de telhados de prédios, interiores de construções e outros locais igualmente forrados de empecilhos – os quais ela atravessa com uma graciosidade inigualável. Para tal, a manutenção do embalo da protagonista é essencial, o que torna a ação rápida, constante e intensa.

O que seria esse embalo? Bem, um exemplo demonstra de forma muito mais adequada: imagine que você pula por uma cerca para em seguida escorregar sob um cano, correr até a beira de um prédio, pular para o telhado de outro, arrombar uma porta e então escorregar por um tubo dentro de um poço de elevador até o andar térreo. Só aí você para para respirar, pois foi tudo feito rapidamente, correndo.


Aí reside toda a graça do título – e embora pareça limitado, as possibilidades são variadas o suficiente para tornar a experiência extremamente interessante. Em alguns momentos, as combinações de movimentos necessárias para atingir o local desejado são tão complexas que o jogo torna-se consideravelmente difícil. Isto sem contar o nível Hard de dificuldade, que só pode ser desbloqueado após completar toda a trama uma vez.

Vou ter que decorar dezenas de combinações de comandos?

A resposta é simples: não. A jogabilidade, no que diz respeito aos controles, é bastante intuitiva. O jogador utiliza principalmente os dois analógicos: o esquerdo para movimentar a protagonista e o segundo para “mirar”, definir a direção em que ela está olhando. Familiarizar-se bem com estes dois comandos é essencial.

Os outros botões têm suas funções pesadamente ligadas ao contexto do cenário. O L1 é usado para pular, andar nas paredes, agarrar-se em bordas e segurar-se em canos, entre outras ações. É definitivamente o mais usado. O L2 serve para abaixar, deslizar e deixar-se cair ao estar pendurada em algum lugar, além de rolar ao final de quedas para amortecer o choque. O R1 faz a personagem virar-se 180º e o R2 é o botão que permite socar, chutar, arrombar portas e atirar com as armas.

Na corda bamba! Embora possa parecer um pouco complicado de início, após algumas dezenas de minutos você já estará rapidamente acostumado com este layout, e precisará apenas treinar sua percepção de tempo e de distâncias – esta última é particularmente traiçoeira, pois Faith é capaz de realizar acrobacias realmente impressionantes e pular distâncias incríveis, especialmente se estiver embalada.

O jogo é salvo automaticamente em determinados pontos, aos quais você irá retornar caso “morra”, ao falhar em pulos sobre prédios ou ser alvejado pois mais do que duas ou três balas. Caso raciocínio rápido e reflexos não sejam seu ponto mais forte, você provavelmente necessitará de algumas tentativas para entender alguns dos desafios propostos.

Você pode se perguntar: mas como eu irei saber para onde ir? Isto também possui uma resposta simples, mas não necessariamente fácil de realizar: os objetos com os quais Faith pode interagir de forma especial – e que na maioria dos casos compõem algo parecido com uma trilha de migalhas pelo caminho – estão em vermelho berrante.

O nome desta característica é “Runner’s Vision”, significando que é como uma pessoa que faz o que nossa protagonista faz veria os diversos cenários: visualizando rotas de fuga e possíveis objetos utilizáveis. Isto facilita imensamente na hora que você está correndo a toda e precisa encontrar sua próxima direção.

Caso você não veja um objeto vermelho e não tenha a menor ideia de onde ir – em grande parte das vezes você simplesmente sabe para onde ir, parabéns para os “level designers” – é sempre possível apertar o botão do círculo como último recurso, que irá apontar a câmera na direção de seu próximo objetivo. Como chegar lá, no entanto, é outra história.

Bastante variedade, mas para uma partida

Os níveis apresentam desafios bastante diferentes uns dos outros, levando Faith por túneis subterrâneos onde deve passar de uma plataforma a outra até chegar no topo de uma estrutura ou fazendo-a correr por sob prédios atrás de outro personagem no melhor estilo hollywoodiano de perseguição policial.

Iiiiih, já era...

No entanto, após descobrir como transpor um obstáculo, a graça se esvai – e se você falha mais adiante e deve retornar a um ponto anterior bastante remoto, repetir as mesmas ações pode se tornar chato. Os itens escondidos pelos cenários – que não acrescentam nada à história e servem apenas para prolongar o game – são uma tentativa artificial de aumentar a longevidade do título e poucas pessoas se preocupariam em coletá-los, especialmente se considerarmos que em parkour o objetivo é ir de um local a outro de forma direta. Certamente não consiste em explorar cenários por maletas perdidas.

Um visual intrigante

No que diz respeito a sua apresentação, o game parece apostar na premissa de que “menos é mais”. A interface é completamente inexistente – com a exceção de um pequeno ponto no centro da tela que serve de mira e de guia para que o jogador não se sinta perdido ou tonto durante a constante movimentação que ocorre durante o título.

A “barra de vida” de Faith se resume a alguns poucos golpes ou tiros que ela pode aguentar antes de sucumbir. Já no segundo ou terceiro acerto, a tela ficará cinza e mais algum ferimento irá certamente neutralizá-la. Portanto, todo o cuidado é pouco com inimigos armados – especialmente quando eles estão em grandes números ou com armas de alto poder de fogo.

Os cenários em si possuem o branco como cor predominante, já que o topo de prédios é o que mais se vê. No entanto, este mundo em que nossa heroína vive é adepto de um gosto bastante extravagante na hora da escolha das cores: laranja, verde-limão, roxo, rosa; estas cores berrantes estão por toda parte, podendo inclusive cobrir todo um prédio. Isto além de cores tradicionais em tons extremamente chamativos, como azul, amarelo e o vermelho dos objetos interativos.

Um objeto vermelho, indicando interatividade

Podem ser vistas imperfeições em alguns dos elementos da tela, mas devido à grande agilidade da jogabilidade deste game, elas geralmente passam despercebidas. Além disso, não constatamos queda de frames por segundo nenhuma vez – nem mesmo quando helicópteros estavam deixando vários inimigos no topo dos prédios e voando para o horizonte enquanto olhávamos atentamente para longe. Algo essencial para um game com ação tão acelerada.

A trilha sonora não impressionou muito, com os grunhidos e a respiração da protagonista chamando mais atenção do que qualquer outra coisa – sem contar os impactos na hora de contato com caixas, paredes e o chão. Sirenes e tiros também estão presentes tão frequentemente que a música não se destaca; o que fica a critério de cada um determinar se é bom ou ruim, já que alguns preferem que não interfira com a ação.

A força de Faith está no conjunto

Mais um dia em uma cidade corrupta Considerando todas as variáveis, poderíamos considerar Mirror’s Edge até mesmo como um jogo de plataforma. No entanto, a perspectiva em primeira pessoa muda completamente nossa percepção e a experiência de jogo, transformando tudo em algo muito mais visceral, pessoal e envolvente. Até mesmo outros funcionários aqui do Baixaki tiveram vertigem ao assistir-nos pulando de um prédio a outro sobre uma rua, enquanto a câmera estava virada para baixo.

Um jogo muito bem realizado e polido que traz uma visão completamente nova, aliando jogabilidade intensa com desafios de plataforma e exigindo raciocínio rápido para a resolução dos problemas. Peca um pouco em alguns aspectos – a principal pessoa a testar o game, por exemplo, não apreciou muito os níveis que se passavam dentro de prédios. Locais muito pequenos que requerem movimentos extremamente precisos, algo limitado pelo controle analógico, devem certamente ser bem mais apreciáveis com um mouse.

Certamente um título que possuirá fãs fanáticos e detratores ferrenhos, mas que possui qualidade inegável.

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