Imagem de Monster Hunter Generations
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Monster Hunter Generations

Nota do Voxel
96

Mesmo com falhas e deslizes, Generations é a melhor experiência da série

Monster Hunter tem vindo de pouquinho em pouquinho conquistando cada vez mais seguidores no Ocidente. Com passos lentos, ele tem deixado de ser exclusivo de um nicho do mundo dos games e cada vez mais se torna uma sensação global. Monster Hunter 4 Ultimate trouxe a melhor iteração da franquia até agora, mas será que Generations supre as expectativas?

Conhecida como o MMO offline da Capcom, a série é única e criou o próprio gênero dentro do universo gamer. Desde 2004, a IP já teve conteúdo de sobra e atingiu diversos consoles, como o PlayStation 2, o PSP, o Nintendo Wii, o 3DS, o Wii U e até mesmo algumas outras plataformas exclusivas para a série online Frontier.

A grande sacada de Generations é que não se trata de uma sequência propriamente dita – tanto é que não há numeração na nomenclatura –, mas sim de um aprimoramento da seleção de conteúdo mais marcante da franquia até hoje. Juntando tudo isso, ainda temos misturadas uma pitada de novidades e uma nova e sensacional camada de gameplay que agrada às velhas e novas gerações. Confira a análise completa

Sequência? Generations assume mais o papel de um compilado

Assim como o próprio nome diz, Monster Hunter: Generations assume mais o papel de uma homenagem ao passado e presente da franquia do que uma sequência numerada. Cada grande iteração sempre apresentou novos cenários, monstros, armas, mecânicas e vilas que a caracterizam como uma nova “temporada”.

Desta vez, a Capcom focou em trazer o que a franquia tem de melhor, explorando todas as gerações (desde a era do PlayStation 2). Portanto, você não deve notar grandes diferenças em relação ao 4 Ultimate, por exemplo – pelo menos não em termos gerais, mas chegaremos em breve na jogabilidade.

Logo, esqueça qualquer novidade no quesito de armas ou mapas. O seu antecessor apresentou a Charge Blade e o Insect Glaive e um combate mais vertical. Generations não traz nada revolucionário em relação a estes aspectos, apenas alguns monstros e refinamentos no gameplay de batalha. Mais uma vez, as luvas de combate, as tonfas e os demais equipamentos da série Frontier não apareceram no game, assim como qualquer conteúdo original.

No total há quatro vilas – mantendo a novidade do antecessor – mas agora cada uma delas pertence a uma geração distinta, como a do primeiro título (Kokoto Village) e a de Freedom Unite (Pokke Village). Elas têm um propósito mais de nostalgia do que realmente de utilidade, visto que você pode fazer as mesmas coisas em cada uma delas, com exceção das quests específicas encontradas com alguns NPCs. Em suma, trata-se de um grande aglomerado de tudo – sim, tudo! Desde mapas até os monstros – do que Monster Hunter teve de melhor, mas com algumas pitadas de novidades.

O melhor de toda a série

Conforme supracitado, não há grandes conteúdos originais em relação ao que já vimos até agora. Porém, isso não quer dizer que Generations não seja uma experiência melhor e aprimorada do que já conhecemos. Sem sombra de dúvidas, o novo jogo da franquia é o melhor e é fácil entender o porquê: a seleção de todos os elementos pelos quais os fãs têm mais apreço.

Por conta disso, temos a seleção de monstros com o maior destaque da série, com o retorno de grandes nomes como Nargacuga e Plesioth, dos mais antigos, e Amatsu e Alatreon, dos mais novos. Trata-se da melhor triagem de inimigos que já conhecemos até o momento, mas com alguns desfalques na categoria de “bichos grandes”, como os icônicos Diablos, Monoblos e alguns Elder Dragons que apresentavam batalhas diferentes, como Dag’ren Mohran, Fatalis e Dalamadur.

Além do mais, muitas subspecies, rare e unique monsters tiveram o seu número diminuído, como as variantes do Tigrex e até mesmo os famosos Azure Rathalos e Pink Rathian. Contudo, uma nova categoria entra em cena: os monstros Deviants. Em suma, são animais contra os quais já batalhamos no passado, mas que sobreviveram e se adaptaram de uma forma única.

A Dreadqueen Rathian, por exemplo, deixa de usar bolas de fogo e ataques mais diretos para focar no veneno. Quem é fã da franquia deve se lembrar dos mortais do wyvern, que causavam o status de “poison”. De uma maneira resumida, trata-se de um exemplar único e redesenhado, com muitos padrões remodelados e ataques novos. Cada um dos monstros Deviants possui um design diferenciado e pode ser caçado para criar sets de armaduras exclusivos e que contêm habilidades únicas.

Novidades são sempre bem-vindas e elas com certeza adicionam à experiência, assim como os novos wyverns de propaganda do game que, desta vez, são quatro ao mesmo tempo: Glavenus, Astalos, Mizutsune e Gamoth, todos incrivelmente bem-feitos e únicos, se destacando na vastidão de criaturas já existentes. Além disso, temos alguns novos participantes, tais como Malfestio e o lendário Nakarkos. O design dos animais e as novas armaduras estão ainda mais impecáveis e oferecem um conteúdo fresco entre o mar de conteúdo reaproveitado.

Hunter Arts e Hunting Styles: a nova e bem-vinda camada de jogabilidade

Nas duas ou três últimas entradas da franquia, Monster Hunter trouxe mais novidades no quesito de conteúdo, como armas, armaduras e monstros. O Tri e o 3 Ultimate incluíram o combate aquático (que saiu de Generations) e o 4 Ultimate ofereceu a verticalidade. Se o Generations não traz muitos elementos originais, o que realmente há de novo? A resposta é: Hunter Arts e Hunting Styles.

Por mais incrível que pareça, elas são mecânicas que jamais imaginaríamos na série, mas que acrescentaram uma camada extra de jogabilidade que pode mudar drasticamente a fórmula de combates. Os títulos da franquia sempre foram segmentados em classes que, de uma forma ou de outra, acabavam assumindo papéis distintos em uma batalha. Hunting Horns eram mais utilizados como suporte, assim como Bowguns e outras armas de longo alcance tinham funções mais específicas. Com as Hunter Arts e Hunting Styles, Monster Hunter ganha uma tática muito mais parecida com as divisões impostas em outros jogos.

Em resumo, Hunting Styles são quatro categorias-mães que alteram a jogabilidade do caçador: Guild Style (movimentos e ataques semelhantes aos títulos passados), Stryker Style (um estilo mais ofensivo e que conta com mais slots para habilidades especiais), Aerial Style (o jogador pode realizar pulos de meia altura e atacar mais verticalmente, semelhante ao moveset da Insect Glaive, de MH 4) e Adept Style (um modo no qual as esquivas e os contra-ataques são o foco).

Já as Hunter Arts são golpes e habilidades especiais além dos já presentes nas armas, como superesquivas, stamina infinita por um certo tempo, golpes poderosíssimos com a Great Sword, aumento do dano crítico da Gunlance, buffs de atributo, cura acentuada e por aí vai. Cada “classe” oferece suporte para até três dessas skills, sendo que há algumas gerais e outras que são exclusivas de cada armamento, como o Ground Slash, um golpe que gera ondas de choque com uma GS.

É um pouco difícil explicar, então vamos dar um exemplo bem prático. Considere a Long Sword como a espada de escolha (que é uma queridinha dos fãs): se você tiver o Guild Style, o gameplay permanece idêntico ao que sempre foi; com o Stryker Style, as barras especiais carregam mais rapidamente; já no Aerial Style, você ganha o movimento de pulo em qualquer momento, mas perde os ataques com o botão R no solo, sendo possível apenas utilizá-los durante os pulos ou imediatamente após um ataque vertical; por fim, no Adept Style, ganhamos esquivas especiais quando realizadas de última hora, contra-ataques e também temos os ataques com o botão R, mas não há como realizar o último golpe (aquele que muda a cor da LS).

As combinações são imensas e trazem muita variedade à jogabilidade. Resumidamente, são mecânicas que podem se assemelhar com o estilo clássico, com o estilo novo (de MH 4) e ainda trazer mais dinâmica às caças, algo extremamente positivo para uma franquia que sempre foi segmentada por personalização e diversidade de combate. Para desbloquear cada uma delas, basta completar as missões da vila ou as do Hunter’s Hub (online), uma progressão similar à de um RPG.

A grande vantagem de categorizar e dividir ainda mais as tarefas é que muitas pessoas podem assumir papéis ainda mais distintos do clássico “bater, bater, bater, esquivar, bater, bater...”. Há inúmeras Hunter Arts que focam em funções específicas, tais como a cura, os buffs e o combate à distância, trazendo um sistema de luta ainda mais refinado, diversificado e profundo que os anteriores – que também é o maior ponto positivo do game.

Pequenas comodidades finalmente chegaram à franquia

Para os jogadores de longa data, há elementos da franquia que sempre careciam de melhorias e estavam datados demais para os padrões atuais. A Capcom parece finalmente ter escutado as preces dos fãs e melhorou muitos padrões antiquados do game. O carving (o ato de coletar itens no chão ou de monstros) pode ser automatizado ao segurar o botão A, por exemplo, cancelando o tempo de animação desnecessário de levantar, agachar e coletar novamente.

As refeições que dão bônus ao caçador apresentam informações mais claras, eliminando grande parte da sequência de tentativa e erro para conseguir buffs específicos. A parte online está mais robusta do que nunca e você não precisa se preocupar em derrubar os seus colegas caçadores que estão montados em algum wyvern: agora, a barra de exaustão do animal aparece para todos.

A personalização está mais diversificada e os palicos (os “gatinhos” da série) contam com muito mais opções de equipamentos e até mesmo um modo próprio, chamado de Prowler Mode. Aqui, você assume o papel de um felino da sua party para encarar qualquer missão ou se aventurar em quests exclusivas dele. O modo não é algo que vai agradar muita gente, mas traz ainda mais variedade e pode ser atrativo para novatos da série, já que os animais não usam stamina, não precisam de itens nem têm mecânicas mais avançadas.

Particularmente, o que ainda me incomoda é a remoção da Pokke Farm, uma mecânica muito utilizada em Freedom Unite, Portable 3rd e 3 Ultimate. Para conseguir recursos extras (a maioria deles mais “bobos”), você precisa enviar os seus gatinhos em missões que custam “Wycademies Points”, que são trocados por itens especiais de quests ou até mesmo materiais de certos monstros. mas que são mais raros de aparecerem. O grande ponto negativo desse método é que você consegue quantidades bem menores e aleatórias de itens.

Negativo ou positivo? Level design refeito

Para se adaptar ao longo histórico da franquia e agradar a gregos e troianos, a Capcom trouxe quase todos os antigos mapas de volta, mas com grandes alterações. Nos mais clássicos, há pontos de pulo para explorar a verticalidade, enquanto nos mais novos (MH 4) acontece o contrário, ou seja, a redução de desníveis para que o combate seja agradável para jogadores que não têm habilidades de salto.

A grande sacada é que a desenvolvedora quer mais do que nunca atender a todos os públicos da franquia. Com Monster Hunter Ultimate 4, muitos jogadores oldschool torceram o nariz para as “piruletas” e perfumarias adicionais. Generations dá um passo para trás e contempla o grande repertório que a série tem a oferecer, portanto funciona como o playground de caça ideal para os caçadores da nova e da velha geração. Tudo aqui gira em torno de adaptação e modernização.

Nessa remodelagem de cenários, há uma mudança particularmente polêmica: a remoção das batalhas aquáticas. Eu nunca fui um fã adepto desse estilo de missão, já que a perseguição submarina resultava muitas vezes em uma partida cansativa, tediosa e bem menos atrativa que as do restante do game. Contudo, é inegável que ela trazia uma certa diversidade à fórmula. Em outras palavras, trata-se de um ponto negativo que não atrapalha a experiência geral – ou a nota –, mas que está presente e pode chatear alguns fãs que curtiam a batalha diferenciada.

O provável motivo talvez seja a desvinculação total com os consoles de mesa, já que há duas gerações a franquia não chega ao Wii U. A mudança deve agradar principalmente aos jogadores que não contam com um New 3DS ou um Circle Pad Pro e precisavam se desdobrar para controlar a câmera. Falando nisso, o controle de visão está muito mais otimizado e o lock-on em monstros funciona de maneira mais eficiente, sendo mais atrativo para quem não tem um analógico extra no aparelho.

Um passo para trás? Cadê a introdução aos novatos?

Um dos pontos positivos mais fantásticos de Monster Hunter 4 Ultimate era a acessibilidade para os novatos da série. Contudo, parece que a Capcom se esqueceu das lições do passado e mais uma vez inseriu o jogador em um ambiente complexo e cheio de informações. Se já é difícil assimilar tanta coisa de uma só vez, as Hunter Arts e os Hunting Styles podem confundir ainda mais a cabeça do usuário.

Se você olhar de uma maneira diferente, é possível encarar o novo Prowler Mode como uma introdução à série, mas de um modo supérfluo demais e que não levanta os principais pontos do game da mesma forma que 4 Ultimate fazia.

O ritmo de progressão do título também sofreu alterações e mais uma vez é demorado para engrenar. Em seu antecessor, em pouco tempo o jogador já tinha contato com criaturas de peso, como o Gore Magala – mesmo que fosse uma versão mais simples e fácil. Agora, é preciso pelo menos uma dezena de horas para começar a enfrentar wyverns maiores, algo similar ao estilo datado dos primeiros Monster Hunters.

A história novamente sai de foco e temos uma experiência bastante rasa. O enredo nunca foi o ponto forte do game; porém, com a alavancada realizada no 4 Ultimate, era esperado que a Capcom cuidasse um pouco mais da narrativa e até mesmo de maneiras mais criativas para ensinar e apresentar o mundo rico da franquia aos usuários, coisa que não ocorre por aqui. Em termos gerais, parece uma expansão do quarto título da série.

Gráficos ainda mais fantásticos, mas com perda de desempenho

Se você jogou extensivamente os títulos anteriores, com certeza notou que, pouco a pouco, o game foi se modernizando graficamente e adquirindo efeitos visuais mais bacanas. Monster Hunter Generations continua com essa evolução e traz ainda mais efeitos de partículas e cenários mais belos que seu antecessor. Contudo, tudo tem um preço.

Monster Hunter 4 Ultimate contava com uma taxa de atualização de 60 frames por segundo destravada, ou seja, que variava para baixo constantemente. Desta vez, a Capcom optou por travar o fps na casa dos 30, diminuindo significativamente o desempenho. Além disso, o 3DS convencional tende a ter quedas de performance durante o multiplayer, diferente do New 3DS. Mesmo com bons efeitos, a idade do portátil da Nintendo já dá sinais de obsolescência com a baixa resolução e o serrilhado acentuado.

O que se mantém impecável como sempre é a trilha sonora, que, ao longo dos anos, tem se tornado cada vez mais refinada e perfeita para o título. No geral, toda a sonoplastia está ótima, contando com efeitos sonoros para quase todas as ações do game.

Vale a pena?

Monster Hunter Generations é, sem a menor sombra de dúvida, o melhor game da franquia que a Capcom já fez, mas há grandes ressalvas. Em um panorama geral, o título é espetacular e conta com algumas novidades muito interessantes, como os Hunting Styles e as Hunter Arts, que mudam bastante o combate e adicionam uma camada extra que oferece muito mais profundidade, variedade e diversão para a fórmula levemente repetitiva do jogo.

Muitos pequenos detalhes ganharam ainda mais atenção e conteúdo, como as facilidades de carving, o modo solo dos palicos e a customização ainda mais avançada. Entretanto, em muitos momentos, o sentimento é de que se trata de um Monster Hunter 4 Ultimate “Plus”, ou seja, uma continuação direta para os jogadores que experienciaram o último título, e não uma nova entrada para a franquia.

Desde os tutoriais mais rasos até a ausência de uma narrativa mais robusta, Generations parece em muitos aspectos uma extensão do que já existe. Portanto, se você começou a jogar o título passado recentemente, avalie com cuidado se as novas mecânicas de combate são suficientes para que você largue o seu progresso e parta para uma nova aventura, pois há poucas novidades se comparado com o salto entre o 3 e o 4, digamos – não há armas novas, por exemplo.

Apesar de ter pequenos pontos negativos, Monster Hunter Generations é quase tudo o que os fãs queriam em um só game: diversão extremamente prolongada com muito mais conteúdo, monstros e jogabilidade de confrontos aprimorada. Ainda não foi desta vez que ganhamos um compilado de absolutamente tudo que a franquia tem – cadê o Fatalis e os outros wyverns lendários? –, mas certamente é o melhor que existe da série até hoje.

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Pontos Positivos
  • Mesmo com desfalques, trata-se da melhor seleção de monstros da série
  • Hunting Styles e Hunter Arts foram as melhores adições da série em anos
  • Todos os principais mapas e monstros da franquia são reunidos em uma sessão nostalgia
  • Apesar de escassas, todas as novidades são espetaculares
  • Finalmente os pequenos detalhes datados, como o carving, tiveram mais atenção
  • O combate está muito mais estratégico e categorizado do que antes
  • Efeitos de partículas e demais elementos visuais foram refinados
  • Trilha sonora continua soberba
Pontos Negativos
  • Frame rate travado em 30 fps e com quedas de desempenho em alguns momentos
  • O combate aquático foi totalmente removido do game
  • A Pokke Farm ainda faz falta
  • Ritmo de progressão lento e história muito mais rasa que a do antecessor